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21 maio 2008

ALTA INCIDÊNCIA DE 'HEPATITE B' ENTRE GESTANTES ACREANAS

Percentual de gestantes infectadas ainda é muito alto. Estudo encontrou antígenos no sangue de 2,1% das pesquisadas e em 16% dos filhos recém nascidos

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Estudo realizado em uma maternidade de Rio Branco por pesquisadores da Universidade Federal do Acre e da Universidade Federal da Bahia aponta que o nível de infecção de gestantes e respectivos neonatos (filhos) com o vírus da hepatite B ainda é muito elevado, quando comparada com outras regiões do país.


A prevalência de mães infectadas pelo vírus da hepatite B foi de 2,1% e dos neonatos 16%. A infecção não se associou ao uso de drogas endovenosas, transfusão sanguínea, realização de sorologia contra a hepatite B no pré-natal e história vacinal contra o vírus da hepatite B. O mais surpreendente foi que 83% das mães portadoras do VHB não sabiam ser portadoras.

Um estudo realizado no interior do estado do Amazonas encontrou uma prevalência ainda maior, com 3,2% de gestantes infectadas (Kiesslich e outros, 2003) para HbsAg, e de 38,3% para anti-HBc. Estes autores afirmam que na Amazônia Ocidental, particularmente nas regiões dos rios Juruá e Purus, a presença de antigenemia tenha sido detectada em 4 a 8% das gestantes pesquisadas.

Em outras regiões do país o índice de infecção é muito mais baixo. Ele ficou entre 0,4 a 1,0% de antígenos em gestantes no Estado de São Paulo, e 1,7% na Bahia.

A Hepatite B é uma doença que causa uma grande variedade de sintomas, que vão desde um leve quadro intestinal e sintomas inespecíficos, até formas ictéricas clássicas. A principal complicação da doença se relaciona com a não eliminação viral após o quadro agudo, tornando o paciente um portador crônico do vírus e potencial transmissor, que muitas vezes evolui com hepatite crônica, cirrose hepática e hepatocarcinoma.

A probabilidade de uma criança de mãe portadora crônica de Hepatite B nascer com o vírus alcança os 90%. Estima-se que, caso a infecção ocorra por transmissão vertical, a chance de cronificação é de cerca de 70 a 90%. Cerca de 20 a 25% dos casos crônicos com replicação viral evoluem para doença hepática avançada, a cirrose.

O estudo acreano foi realizado entre outubro e dezembro de 2003 e incluiu 283 gestantes e seus recém-nascidos. As amostras foram coletadas dos vasos da placenta, por punção direta das artérias e veia. Foram pesquisados o AgHBs e anti-HBs em todos os pacientes.

Os autores do estudo concluem que a prevalência de mães portadoras de vírus da hepatite B é elevada, mesmo após o pré-natal e a presença de antígenos do vírus da hepatite B no sangue da artéria umbilical, demonstra o importante papel da transmissão vertical intra-uterina (AU).

É esta forma de transmissão vertical, ou seja, a transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto, a responsável por 35 a 40% dos casos novos de hepatite B. Ela também é a mais importante forma de transmissão nas áreas de elevada prevalência, pois é por meio dela que o vírus é mantido na população e expõe as pessoas aos quadros crônicos mais graves.

O artigo 'Prevalência de infecção pelo VHB em gestantes atendidas em uma maternidade da região Amazônica brasileira' foi publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (5(1):1-6, jan.-fev. 2007) e tem como autores os pesquisadores Flávia C. F Santos, Ludmila Vitvitski, Raymundo Paraná, José Tavares-Neto, Kátia Acuna e Rinauro Santos Júnior.