ESCOLARIDADE E SAÚDE BUCAL
Existe associação entre fatores socioeconômicos e a auto-avaliação da saúde bucal, segundo pesquisa feita na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. O estudo constatou que indivíduos com maior escolaridade e renda têm uma melhor percepção de sua saúde bucal
Maior escolaridade está associada a melhor auto-avaliação da saúde bucal
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
Existe associação entre fatores socioeconômicos e a auto-avaliação da saúde bucal, segundo pesquisa feita na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. O estudo, na forma de dissertação de mestrado, constatou, por exemplo, que indivíduos com maior escolaridade e renda têm uma melhor percepção de sua saúde bucal. O trabalho analisou dados relativos a mais de 1,8 mil adultos de quatro municípios do Estado do Rio de Janeiro.
A autora da dissertação, a dentista Hérika Chaves de Mendonça, tinha como objetivo identificar os principais fatores que influenciam a auto-avaliação, ou seja, a percepção subjetiva das pessoas em relação a sua saúde bucal. Foram analisadas variáveis relacionadas à saúde bucal, tais como freqüência de visita ao dentista e relato de perda de dentes e uso de prótese, e variáveis sócio-demográficas: sexo, idade, escolaridade, cor da pele e renda domiciliar per capita. Foi investigada também a cobertura de domicílios de baixa renda (até R$ 400) pelo Programa Saúde da Família (PSF). Os dados analisados por Hérika foram retirados da Pesquisa Mundial de Saúde – Atenção Básica (PMS – AB).
Os resultados mostram que as pessoas, em sua maioria, avaliam positivamente sua saúde bucal: mais de 60% dos entrevistados consideraram-na boa ou excelente, contra apenas menos de 10% que a classificaram como ruim ou péssima. Os pesquisadores também constataram a influência da escolaridade. Entre os indivíduos com ensino fundamental completo, 68% consideraram sua saúde bucal boa ou excelente, enquanto esse percentual não ultrapassou os 50% entre aqueles com ensino fundamental incompleto.
Outra constatação da pesquisa é que os jovens, de modo geral, avaliam melhor sua saúde bucal – a pior auto-avaliação é feita na faixa etária de 45 a 59 anos. Além disso, Hérika também verificou que os idosos vão ao dentista com menor freqüência, sendo que a consulta odontológica regular foi associada a uma melhor auto-avaliação da saúde bucal. “Autores afirmam que visitas regulares ao dentista conduzem a uma melhor percepção de saúde bucal por duas razões principais: os efeitos positivos produzidos por uma maior oportunidade de receber ações preventivas e a ocorrência de um bem-estar psicológico associado ao cuidado com a saúde”, diz.
Contudo, considerando-se todos os participantes desta pesquisa, apenas 35,4% relataram visita odontológica pelo menos uma vez por ano e 56,9% mencionaram só procurar o dentista quando tinham algum problema. “Estima-se que 30 milhões de brasileiros jamais visitaram um consultório odontológico”, afirma Hérika, que contou com a orientação da pesquisadora Celia Landmann Szwarcwald, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz.
Também chamam a atenção os dados relativos à auto-avaliação da saúde bucal e à perda dentária em indivíduos com 60 anos ou mais. “Entre os idosos, neste estudo, grandes percentuais de perda de dentes foram observados e a maioria relatou não usar prótese odontológica. Contraditoriamente, mais de 60% destas pessoas avaliaram bem sua saúde bucal”, diz a pesquisadora. Segundo ela, os idosos aceitam a perda de dentes como um processo natural e inevitável do envelhecimento – o que é um engano – e, devido aos repetidos problemas com seus dentes, consideram a substituição deles por próteses como uma melhora de sua saúde bucal. “Contudo, estudos mostram que as próteses conferem apenas 25% da capacidade de mastigação quamdo comparadas aos dentes naturais. Além disso, há evidências de que um maior número de dentes perdidos representa maiores impactos negativos na qualidade de vida”, argumenta.
Conforme demonstram os resultados obtidos por Hérika, parece haver diferenças entre as condições clínicas (objetivas) e a percepção subjetiva que as pessoas têm de sua saúde bucal. De acordo com a dentista, conhecer a percepção subjetiva do indivíduo é importante, mas esta variável não deve ser analisada isoladamente. “Entre coortes mais jovens, deve-se considerar comportamentos relacionados à saúde bucal. Já entre idosos, deve-se avaliar tais comportamentos e a presença de tratamento reabilitador (uso de prótese). Além disso, vários autores mencionam a influência da percepção do indivíduo nos comportamentos relacionados à saúde e na aceitação de medidas de promoção de saúde”, diz Hérika.
Como considerações finais, a pesquisadora destaca a grande desigualdade social associada à saúde bucal e a importância das ações de promoção de saúde, objetivando mudanças de hábitos e a incorporação de comportamentos preventivos. Como forma de alcançar esta promoção de saúde, ela ressalta a efetiva atuação do PSF, articulando ações curativas e preventivas e considerando os valores e percepções dos indivíduos.
Maior escolaridade está associada a melhor auto-avaliação da saúde bucal
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
Existe associação entre fatores socioeconômicos e a auto-avaliação da saúde bucal, segundo pesquisa feita na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. O estudo, na forma de dissertação de mestrado, constatou, por exemplo, que indivíduos com maior escolaridade e renda têm uma melhor percepção de sua saúde bucal. O trabalho analisou dados relativos a mais de 1,8 mil adultos de quatro municípios do Estado do Rio de Janeiro.
A autora da dissertação, a dentista Hérika Chaves de Mendonça, tinha como objetivo identificar os principais fatores que influenciam a auto-avaliação, ou seja, a percepção subjetiva das pessoas em relação a sua saúde bucal. Foram analisadas variáveis relacionadas à saúde bucal, tais como freqüência de visita ao dentista e relato de perda de dentes e uso de prótese, e variáveis sócio-demográficas: sexo, idade, escolaridade, cor da pele e renda domiciliar per capita. Foi investigada também a cobertura de domicílios de baixa renda (até R$ 400) pelo Programa Saúde da Família (PSF). Os dados analisados por Hérika foram retirados da Pesquisa Mundial de Saúde – Atenção Básica (PMS – AB).
Os resultados mostram que as pessoas, em sua maioria, avaliam positivamente sua saúde bucal: mais de 60% dos entrevistados consideraram-na boa ou excelente, contra apenas menos de 10% que a classificaram como ruim ou péssima. Os pesquisadores também constataram a influência da escolaridade. Entre os indivíduos com ensino fundamental completo, 68% consideraram sua saúde bucal boa ou excelente, enquanto esse percentual não ultrapassou os 50% entre aqueles com ensino fundamental incompleto.
Outra constatação da pesquisa é que os jovens, de modo geral, avaliam melhor sua saúde bucal – a pior auto-avaliação é feita na faixa etária de 45 a 59 anos. Além disso, Hérika também verificou que os idosos vão ao dentista com menor freqüência, sendo que a consulta odontológica regular foi associada a uma melhor auto-avaliação da saúde bucal. “Autores afirmam que visitas regulares ao dentista conduzem a uma melhor percepção de saúde bucal por duas razões principais: os efeitos positivos produzidos por uma maior oportunidade de receber ações preventivas e a ocorrência de um bem-estar psicológico associado ao cuidado com a saúde”, diz.
Contudo, considerando-se todos os participantes desta pesquisa, apenas 35,4% relataram visita odontológica pelo menos uma vez por ano e 56,9% mencionaram só procurar o dentista quando tinham algum problema. “Estima-se que 30 milhões de brasileiros jamais visitaram um consultório odontológico”, afirma Hérika, que contou com a orientação da pesquisadora Celia Landmann Szwarcwald, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz.
Também chamam a atenção os dados relativos à auto-avaliação da saúde bucal e à perda dentária em indivíduos com 60 anos ou mais. “Entre os idosos, neste estudo, grandes percentuais de perda de dentes foram observados e a maioria relatou não usar prótese odontológica. Contraditoriamente, mais de 60% destas pessoas avaliaram bem sua saúde bucal”, diz a pesquisadora. Segundo ela, os idosos aceitam a perda de dentes como um processo natural e inevitável do envelhecimento – o que é um engano – e, devido aos repetidos problemas com seus dentes, consideram a substituição deles por próteses como uma melhora de sua saúde bucal. “Contudo, estudos mostram que as próteses conferem apenas 25% da capacidade de mastigação quamdo comparadas aos dentes naturais. Além disso, há evidências de que um maior número de dentes perdidos representa maiores impactos negativos na qualidade de vida”, argumenta.
Conforme demonstram os resultados obtidos por Hérika, parece haver diferenças entre as condições clínicas (objetivas) e a percepção subjetiva que as pessoas têm de sua saúde bucal. De acordo com a dentista, conhecer a percepção subjetiva do indivíduo é importante, mas esta variável não deve ser analisada isoladamente. “Entre coortes mais jovens, deve-se considerar comportamentos relacionados à saúde bucal. Já entre idosos, deve-se avaliar tais comportamentos e a presença de tratamento reabilitador (uso de prótese). Além disso, vários autores mencionam a influência da percepção do indivíduo nos comportamentos relacionados à saúde e na aceitação de medidas de promoção de saúde”, diz Hérika.
Como considerações finais, a pesquisadora destaca a grande desigualdade social associada à saúde bucal e a importância das ações de promoção de saúde, objetivando mudanças de hábitos e a incorporação de comportamentos preventivos. Como forma de alcançar esta promoção de saúde, ela ressalta a efetiva atuação do PSF, articulando ações curativas e preventivas e considerando os valores e percepções dos indivíduos.
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