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02 maio 2008

MOISÉS DINIZ E A MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO DO ACRE

Deputado comunista defende uma causa que claramente beneficiará, por larga margem, os patrões. Se as promessas de benefícios que ele fez aos trabalhadores não se concretizarem, esperamos que ele abandone a carreira política ou, caso não pretenda fazer isso, renuncie a sua condição de comunista

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O artigo do economista Mário Lima, publicado hoje no Blog Ambiente Acreano, contradiz de forma categórica muito do que o Deputado Moisés Diniz (PC do B) argumentou em favor da mudança. Ele deixa claro que a idéia de que o trabalhador acreano já acorda cedo, portanto, deixem mudar o fuso, é uma posição 'debochada' porque faz vista grossa para a condição do trabalhador e a sua submissão a regras pesadas que não respeitam o seu direito ao descanso. E quando o fuso horário fere essa regra, está desprezando as vitórias que a classe trabalhadora obteve em séculos de lutas.

O debate sobre a mudança do fuso feita à revelia do povo e dos trabalhadores acreanos continua.

Confesso que ainda estou surpreso que o Deputado, eleito para defender causas verdadeiramente populares, tenha resolvido apoiar essa mudança que, por larga margem, é muito mais benéfica para os patrões do que para os trabalhadores. Ainda estou me perguntando:

- O deputado Moisés está mesmo do lado dos trabalhadores ou não?

Confesso também que ainda estou em 'estado de choque' com a falta de defesa ou justificativa democraticamente aceitável para a opção do Deputado pela não realização de consulta popular, impedindo que os trabalhadores acreanos pudessem decidir, no voto, se queriam ou não a mudança. Agindo assim, ele atentou contra os princípios básicos de nossa democracia que prega, em alto e bom som, que 'todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido'. Angustia-me ficar com uma pergunta que não quer calar:

- Será que o Deputado Moisés, cujo mandato foi conferido pelo voto popular, exerce o mesmo em nome do povo e dos trabalhadores?

Até agora as atitudes do Deputado Moisés demonstram claramente uma negação à sua formação ideológica e contradição com as diretrizes que norteiam a relação entre o partido ao qual ele é filiado e os trabalhadores.

Posso estar sendo injusto, mas confesso que também vi um pouco de demagogia quando ele insiste, sistematicamente, em afirmar que a mudança do fuso horário do Acre vai beneficiar os pobres.

Apesar de todas essas dúvidas e decepções, tenho a dizer ao Deputado que ainda dá tempo para ele se redimir perante seus eleitores e toda a sociedade acreana.

Sabemos que agora não é mais possível realizar um plebiscito porque a lei do fuso já foi aprovada e sancionada. Entretanto existe a alternativa da realização de um referendo, um tipo de consulta popular similar ao plebiscito que pode ser proposta por qualquer um dos parlamentares federais acreanos.

O referendo será a oportunidade para que o povo acreano diga se quer ou não que a lei que mudou nosso fuso horário continue a vigorar. Antes tarde do que nunca. Na qualidade de líder do Governo na Assembléia, é certo que o Deputado Moisés tem bom trânsito junto à bancada federal do Acre e por isso não deve ser difícil para ele conseguir um patrocinador para a consulta.

Fazendo isso ele vai resgatar a sua coerência pois em passado recente já havia demonstrado ser favorável à consulta popular. Em entrevista concedida em 2005 ao Diário Vermelho, porta-voz do PC do B no Brasil, ele respondeu da seguinte forma à pergunta sobre o caminho para mudar o fuso horário do Acre:

- Em primeiro lugar, perguntar ao povo acreano se ele quer, verdadeiramente, romper com quase um século de discriminação e de transtornos em relação ao restante do país.

Se insistir na implementação da lei que mudou nosso fuso horário sem dar chance para que os trabalhadores expressem sua concordância ou não com a manutenção da mesma, ele seguramente sabe dos riscos que está assumindo e do alto preço que pagará caso a mudança não aconteça como ele está prevendo.

Para não esquecer, lembro que o Deputado afirmou que o povo não vai sofrer com a mudança e tudo vai ser uma questão de adaptação à nova situação. Disse ainda que todos ganharão qualidade de vida e economizarão na conta luz.

Se isso não se concretizar e o povo passar a reclamar, seguramente o Deputado comunista corre sérios riscos de ficar com sua reputação manchada pois a impressão que vai ficar é de que ele agiu como um falso líder dos trabalhadores, atuando, neste caso específico, de forma dissimulada em favor dos patrões.

Para um comunista com o histórico do Deputado Moisés, não poderia existir situação mais vergonhosa e constrangedora. Só espero que se isso se confirmar ele abandone a carreira política ou, caso não pretenda fazer isso, renuncie a sua condição de comunista.