TIÃO VIANA E A PROSPECÇÃO MINERAL NO ACRE
Senador pretende convidar o Ministério de Minas e Energia a colaborar para a elaboração do mapa geológico do Estado. Objetivo é encontrar minérios de valor econômico
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Atualizado às 13:44h, 29/04/2008
O Senador Tião Viana (PT-AC) resolveu convidar o Ministério das Minas e Energia para ajudar na elaboração de um mapa geológico do Acre para saber se existem minérios de valor econômico no nosso subsolo.
É uma tentativa que merece algum crédito pois não resta dúvida de que devemos pelo menos ter uma idéia do que o nosso subsolo guarda de valioso.
Entretanto, é bom que fiquemos alertas pois a exploração mineral causa danos graves ao meio ambiente se não for feita observando rigorosamente a legislação ambiental.
Até hoje nem as 'pesquisas ilegais' encontraram vestígios de minérios
Em busca de amostras de plantas, já tive a oportunidade de andar por quase todo o Acre, exceto o alto rio Purus, na parte central do Estado, e o alto rio Tarauacá e Envira, no vale do Juruá. Raramente ví sinais de minérios ou pedras. Para não dizer que nunca vi pedras, já testemunhei seringueiros tirando lascas de pedra de amolar em leitos secos de rios. Nosso Estado é basicamente uma 'bacia formada por sedimentos' erodidos das partes mais altas dos Andes.
Cerca de dois anos atrás tive uma longa conversa com uma pessoa, na época funcionário da madeireira Ouro Branco, que fica localizada em Capixaba, e que foi aluno de um curso de identificação prática de plantas, no qual eu era o instrutor.
Aparentando bem mais que 50 anos, ele falou que era natural de Minas Gerais, mas que já havia 'rodado' a Amazônia de sul a norte e de leste a oeste. Citou lugares no Acre que eu nunca tive a oportunidade de ir. Mostrou conhecimento sobre mineralogia quando me explicou os 'meus parcos achados minerais' durante minhas andanças.
Perguntei o ele que andou fazendo nas matas do Acre e explicou que fazia parte de um pequeno grupo de prospecção de minérios. Faziam pesquisas discretas observando o terreno e o solo em busca de indicações de ocorrência de minérios valiosos, incluindo a bauxita e o caulim. Andaram especialmente nas áreas das cabeceiras de alguns dos nossos rios mais importantes.
Quem bancava? Ele disse que eram empreiteiros a serviço de empresas do 'sul do país' e do Pará.
E as licenças obrigatórias do Ministério das Minas e Energia? Ele disse que o que fazima era coisa 'na surdina', relatórios preliminares de potencial de ocorrência de determinados tipos de minérios. Se eles, os 'pesquisadores ilegais', dissessem que valia a pena qualquer pesquisa mais séria, as empresas mineradoras correriam no Ministério das Minas e Energia para tentar licença formal para estimar o potencial real da região.
E os resultados? Ele disse que no Acre, nos lugares onde andou, não tinha nada de interessante.
E disse mais. Se houvesse jazida importante de algum minério valioso, com certeza ela já teria sido 'descoberta' há muito tempo.
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Atualizado às 13:44h, 29/04/2008
O Senador Tião Viana (PT-AC) resolveu convidar o Ministério das Minas e Energia para ajudar na elaboração de um mapa geológico do Acre para saber se existem minérios de valor econômico no nosso subsolo.
É uma tentativa que merece algum crédito pois não resta dúvida de que devemos pelo menos ter uma idéia do que o nosso subsolo guarda de valioso.
Entretanto, é bom que fiquemos alertas pois a exploração mineral causa danos graves ao meio ambiente se não for feita observando rigorosamente a legislação ambiental.
Até hoje nem as 'pesquisas ilegais' encontraram vestígios de minérios
Em busca de amostras de plantas, já tive a oportunidade de andar por quase todo o Acre, exceto o alto rio Purus, na parte central do Estado, e o alto rio Tarauacá e Envira, no vale do Juruá. Raramente ví sinais de minérios ou pedras. Para não dizer que nunca vi pedras, já testemunhei seringueiros tirando lascas de pedra de amolar em leitos secos de rios. Nosso Estado é basicamente uma 'bacia formada por sedimentos' erodidos das partes mais altas dos Andes.
Cerca de dois anos atrás tive uma longa conversa com uma pessoa, na época funcionário da madeireira Ouro Branco, que fica localizada em Capixaba, e que foi aluno de um curso de identificação prática de plantas, no qual eu era o instrutor.
Aparentando bem mais que 50 anos, ele falou que era natural de Minas Gerais, mas que já havia 'rodado' a Amazônia de sul a norte e de leste a oeste. Citou lugares no Acre que eu nunca tive a oportunidade de ir. Mostrou conhecimento sobre mineralogia quando me explicou os 'meus parcos achados minerais' durante minhas andanças.
Perguntei o ele que andou fazendo nas matas do Acre e explicou que fazia parte de um pequeno grupo de prospecção de minérios. Faziam pesquisas discretas observando o terreno e o solo em busca de indicações de ocorrência de minérios valiosos, incluindo a bauxita e o caulim. Andaram especialmente nas áreas das cabeceiras de alguns dos nossos rios mais importantes.
Quem bancava? Ele disse que eram empreiteiros a serviço de empresas do 'sul do país' e do Pará.
E as licenças obrigatórias do Ministério das Minas e Energia? Ele disse que o que fazima era coisa 'na surdina', relatórios preliminares de potencial de ocorrência de determinados tipos de minérios. Se eles, os 'pesquisadores ilegais', dissessem que valia a pena qualquer pesquisa mais séria, as empresas mineradoras correriam no Ministério das Minas e Energia para tentar licença formal para estimar o potencial real da região.
E os resultados? Ele disse que no Acre, nos lugares onde andou, não tinha nada de interessante.
E disse mais. Se houvesse jazida importante de algum minério valioso, com certeza ela já teria sido 'descoberta' há muito tempo.
3 Comments:
Caro Evandro,
Estou outra vez preocupado, só que agora com maior visão dos fatos, em relação a prospecção de petróleo e gás natural no Estado do Acre, projeto patrocinado em boa parte pelo Senador Tião Viana - digo em boa parte porque ele foi quem soube capitaniar para si e se promover com isso, ou não.
Está muito claro que um político com ambição de poder precisa contar com grupos ambiciosos que o apoiem. Assim, uma vez no poder, a conta é apresentada. Como estamos falando de empreiteiras e empresas ligadas ao ramo da madeira, petróleo e outros, é natural que comecem a aparecer as contas a serem pagas.
Agora vem a história de pesquisas para detectarem a existência de minerais no Estado do Acre. É bom que lembremos que o petróleo é mineral e que corre a todo vapor no congresso o projeto que prevê a exploração mineral em terras indígenas além de outros projetos danosos ao meio ambiente.
Se só estávamos sentindo a cobiça do poder agora estamos sentindo o poder da cobiça. Há até quem fale da existência de grande jazida de diamente em Xapuri mas, os cobiçadores dizem que os minérios existentes no Acre são predominantemente de orígem fóssil.
Reuniões com o Departamento Nacional de Produção Mineral, reuniões com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e, claro, reuniões com a Agência Nacional de Petróleo. Essa é a senha dada aos cobiçadores e aos que apoiam estes e aqueles.
Já visitaram o paraiso na terra de Coari agora está na hora de uma visitinha à Serra de Carajás, lá vale, se vale!!! e como aquelele povo é feliz!! quantos empregos gerados!! Só que são empregos também multinacionais, transnacionais.
Na verdade tudo isso faz parte de um grande bloco de cobranças por parte dos cobiçadores àqueles que cobiçaram o poder e conseguiram. É a conta a ser paga. Só que quem pagará a conta somos todos nós e ninguém, ou quase ninguém, tem coragem de questionar isso.
Se pensarmos na perspectiva dos cobiçadores poderemos entender melhor, por exemplo, a declaração do "verdão" do Juruá de total apoio ao projeto de exploração de petróleo e gás no Estado. Quem são os inocentes? inocentes de outrora carrascos de agora. Carrascos de outrora inocentes de agora todos porém com a barra de suas roupas suja de sangue.
Bom trabalho
Lindomar Padilha
Evandro:
Durante o Governo Kalume, a convite do governador, esteve no Acre o geologo Giacomo Liberatore pesquisando ametistas na serra do Moa.
Um abraço,
Alceu
Se por acaso, for achado algo de valor no subsolo acreano, anotem isso, tenho certeza de que os pseudo-defentores da floresta, do manejo sustentável, dentro em breve serão defesores da mineração, que é o maior causador mundial de degradação do meio ambiente.
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