POBREZA E MOTIVAÇÃO PARA CUIDAR DA SAÚDE BUCAL
Experiências de dor e tentativas de evitar estigmas e discriminação são as principais motivações para mães de crianças desnutridas, no Nordeste brasileiro, cuidarem dos dentes decíduos (de leite) de seus filhos
Renata Moehlecke
Agência Fiocruz de Notícias
Essa é a conclusão de um estudo antropológico feito por pesquisadores das universidades de Fortaleza e Estadual do Ceará e da Escola Médica da Universidade de Harvard. A pesquisa analisou a produção simbólica dessas mães sobre a dentição de suas crianças, descrevendo práticas populares de cuidados em saúde bucal.
Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, editada pela Fiocruz, os pesquisadores afirmam que, apesar da baixa escolaridade, do alto analfabetismo e das condições precárias de vida encontradas, as mães consideram muito importante a primeira dentição dos filhos. “Elas reconhecem que os dentes de leite têm uma ligação direta com os dentes permanentes”, explicam. “Para evitar que as crianças sejam rotuladas como banguela, elas realizam sacrifícios pessoais – mesmo em condições miseráveis – para melhorar a aparência destas”.
Para a pesquisa, foram feitas, durante o primeiro semestre de 2004, entrevistas com 27 mães participantes de um programa de combate à doença de seus filhos em uma instituição pública de Fortaleza, o Centro de Tratamento a Desnutrição. “As mães do Nordeste têm a vontade mas não o meio de tratar dos dentes de seus filhos”, afirmam os estudiosos. “Dificuldades de acesso a serviços dentários na cidade de Fortaleza, recusa de alguns dentistas de cuidar de crianças pequenas, falta de infra-estrutura, de instrumentos dentários e materiais em clínicas públicas, ausência de uma educação em saúde bucal, de programas de tratamento com flúor nas escolas são alguns fatores que nossas informantes reportaram como obstáculos para o acesso a cuidados de qualidade”.
Apesar da baixa escolaridade apresentada, os estudiosos apontam que as mães entrevistadas afirmaram que a higiene bucal de ser iniciada antes mesmo do aparecimento dos dentes. “Desde o momento que o bebê nasce, a mãe deve limpar a sua boca”, relata uma das participantes do estudo. Elas também mostraram reconhecer diversos sinais e sintomas de doenças dentárias e de uma boca não saudável.
A perda da primeira dentição é um problema preocupante para a saúde pública de crianças brasileiras que vivem na pobreza. A alta prevalência de cáries e a perda de dentes (em média mais de um antes do primeiro ano e três até os 5 de idade) é associada a altas taxas de desnutrição – 6,6% no Nordeste, sendo o padrão internacional 2,5%. No Ceará, de acordo com a Secretaria de Saúde, 84,4% das crianças entre 1 e 2 anos sofrem de desnutrição.
Renata Moehlecke
Agência Fiocruz de Notícias
Essa é a conclusão de um estudo antropológico feito por pesquisadores das universidades de Fortaleza e Estadual do Ceará e da Escola Médica da Universidade de Harvard. A pesquisa analisou a produção simbólica dessas mães sobre a dentição de suas crianças, descrevendo práticas populares de cuidados em saúde bucal.
Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, editada pela Fiocruz, os pesquisadores afirmam que, apesar da baixa escolaridade, do alto analfabetismo e das condições precárias de vida encontradas, as mães consideram muito importante a primeira dentição dos filhos. “Elas reconhecem que os dentes de leite têm uma ligação direta com os dentes permanentes”, explicam. “Para evitar que as crianças sejam rotuladas como banguela, elas realizam sacrifícios pessoais – mesmo em condições miseráveis – para melhorar a aparência destas”.
Para a pesquisa, foram feitas, durante o primeiro semestre de 2004, entrevistas com 27 mães participantes de um programa de combate à doença de seus filhos em uma instituição pública de Fortaleza, o Centro de Tratamento a Desnutrição. “As mães do Nordeste têm a vontade mas não o meio de tratar dos dentes de seus filhos”, afirmam os estudiosos. “Dificuldades de acesso a serviços dentários na cidade de Fortaleza, recusa de alguns dentistas de cuidar de crianças pequenas, falta de infra-estrutura, de instrumentos dentários e materiais em clínicas públicas, ausência de uma educação em saúde bucal, de programas de tratamento com flúor nas escolas são alguns fatores que nossas informantes reportaram como obstáculos para o acesso a cuidados de qualidade”.
Apesar da baixa escolaridade apresentada, os estudiosos apontam que as mães entrevistadas afirmaram que a higiene bucal de ser iniciada antes mesmo do aparecimento dos dentes. “Desde o momento que o bebê nasce, a mãe deve limpar a sua boca”, relata uma das participantes do estudo. Elas também mostraram reconhecer diversos sinais e sintomas de doenças dentárias e de uma boca não saudável.
A perda da primeira dentição é um problema preocupante para a saúde pública de crianças brasileiras que vivem na pobreza. A alta prevalência de cáries e a perda de dentes (em média mais de um antes do primeiro ano e três até os 5 de idade) é associada a altas taxas de desnutrição – 6,6% no Nordeste, sendo o padrão internacional 2,5%. No Ceará, de acordo com a Secretaria de Saúde, 84,4% das crianças entre 1 e 2 anos sofrem de desnutrição.
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