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14 outubro 2008

CRIANÇAS: ALTO RISCO DE ACIDENTES COM MOEDAS, SEMENTES, GRÃOS E OUTROS OBJETOS PEQUENOS

As moedas são os principais agentes envolvidos em acidentes por corpo estranho entre menores de 15 anos. Grãos e sementes, bolinhas, botões e tampas de medicamentos e produtos de limpeza e peças de brinquedos são outros exemplos de objetos envolvidos nesses acidentes. Em 94% dos casos, os acidentes foram provocados pela penetração de corpo estranho no olho, nariz ou ouvidos

Moedas, botões e brinquedos podem ser menos inofensivos do que se imagina

Fernanda Marques, Agência Fiocruz de Notícias

O adulto chega em casa e esvazia os bolsos, deixando as moedas sobre um móvel. A cena – comum em muitos lares – parece inofensiva, mas não é: as moedas são os principais agentes envolvidos em acidentes por corpo estranho entre menores de 15 anos. Este é um dos resultados de uma pesquisa feita em Londrina que analisou os 434 acidentes por corpo estranho nessa faixa etária registrados no município ao longo de um ano. As moedas foram responsáveis por 11,5% dos casos, seguidas pelos grãos e sementes (7,4%), pelas bolinhas, botões e tampas de medicamentos e produtos de limpeza (7,4%), e pelas peças de brinquedos (6,9%). Bijuterias, alimentos, esponjas, cola, parafusos, cotonetes, palitos e canetas são outros exemplos de objetos envolvidos nesses acidentes, segundo artigo recém-publicado na revista Cadernos de Saúde Púbica da Fiocruz.


Vários objetos do cotidiano passam despercebidos pelo adulto, mas são atrativos para as crianças

Assinado pelas pesquisadoras Christine Martins e Selma de Andrade, da Universidade Estadual de Londrina, o trabalho também ressalta que os registros sobre os acidentes precisam ser aperfeiçoados, pois uma quantidade considerável desses apontamentos não especificava o agente envolvido na ocorrência. “Conhecer os agentes responsáveis pelos acidentes com corpo estranho permite agir diretamente sobre eles, retirando-os do ambiente da criança e evitando, assim, ferimentos e lesões desnecessárias”, dizem as autoras no artigo. Elas destacam, ainda, que a pesquisa se refere apenas às ocorrências formalmente registradas, ou seja, o problema é maior do que se imagina, pois muitas crianças que se acidentam recebem cuidados caseiros e não são levadas a um serviço de emergência.

Outro resultado do estudo mostra que 94% dos acidentes foram provocados pela penetração de corpo estranho no olho, nariz ou ouvidos. A grande maioria das vítimas (95,6%) foi atendida exclusivamente em pronto-socorro e 3,7% dos casos necessitaram de internação. “Diante da alta proporção de atendimento de pronto-socorro, é importante ressaltar que grande parte dos atendimentos neste nível de atenção poderia ser evitada por meio da adoção de medidas preventivas efetivas, reduzindo os gastos hospitalares com esses eventos e as situações de estresse vividas pela criança e sua família”, afirmam as pesquisadoras.

A faixa etária de 1 a 3 anos concentrou o maior número de ocorrências (46,3%), o que pode estar relacionado às características do desenvolvimento neuropsicomotor das crianças nessa idade. Tais características, segundo as autoras, incluem a imaturidade, a inexperiência, a incapacidade de prever e evitar situações de perigo e, é claro, a curiosidade. “Vários objetos do cotidiano passam despercebidos pelo adulto, mas são atrativos para as crianças. Na fase de exploração e descoberta do corpo, a criança introduz esses objetos no nariz, nos ouvidos e na boca”, explicam.

No estudo de Londrina, as meninas se acidentaram menos do que os meninos, resultado que poderia ser justificado por uma tendência cultural de maior vigilância sobre o sexo feminino. Contudo, as autoras lembram que a simples presença de um adulto não impede que os acidentes infantis ocorram. Outros pesquisadores já verificaram que mais da metade das crianças se acidentava na presença dos pais ou da professora. Por isso, recomenda-se não só que os adultos acompanhem as crianças com mais atenção, mas também que eles recebam informação sobre os riscos existentes no ambiente doméstico e sobre as etapas do desenvolvimento infantil.