Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

26 fevereiro 2009

ACESSO LIVRE A ARTIGOS CIENTÍFICOS

Estudo mostra que artigos científicos publicados sem restrições são mais citados em outros trabalhos

Acesso livre, impacto global

[Logotipo que simboliza 'livre acesso' criado pela Biblioteca Pública de Ciência - PLoS, na sigla em inglês]

O acesso livre a artigos científicos pode favorecer de modo significativo a produção de conhecimento no mundo. Um estudo norte-americano mostra que artigos disponíveis na internet sem qualquer tipo de restrição ou necessidade de pagamento são mais citados em outros trabalhos – principalmente de autores de países em desenvolvimento –, o que evidencia seu maior impacto na comunidade científica.

O estudo foi realizado pelo sociólogo James Evans, do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, e pelo neurobiólogo Jacob Reimer, do Comitê de Estudos Conceituais e Históricos da Ciência, da mesma universidade. Os resultados da pesquisa foram publicados na última edição da revista Science – contraditoriamente, uma publicação restrita apenas a assinantes.

Os pesquisadores trabalharam com uma extensa base de dados, que continha os 8.253 periódicos mais citados desde 1945. Segundo eles, essa é a primeira vez que uma quantidade tão grande de citações é analisada nesse tipo de estudo. “Usamos uma base de dados maior em relação a pesquisas anteriores para mostrar a real influência do acesso livre na atenção que um estudo recebe”, dizem no artigo.

“Pesquisas anteriores afirmavam que artigos com acesso aberto são duas vezes mais citados, mas esses estudos se limitaram a uma única publicação”, comparam. Por outro lado, os autores lembram que outros estudos recentes alegavam que o acesso livre não tem qualquer impacto ou mesmo um efeito negativo sobre a repercussão do artigo.

Entre os artigos científicos analisados no estudo norte-americano, aqueles publicados de forma livre receberam em média 8% mais citações do que os restritos. Em países em desenvolvimento, como Brasil, Argentina, Rússia, Turquia e África do Sul, esse percentual é maior: pode chegar a 25%. Para os autores, esses números revelam que, além de promover maior impacto na comunidade científica, o acesso livre pode resultar em uma maior participação de países periféricos na produção científica mundial.

Iniciativa brasileira

No Brasil, uma iniciativa importante em relação ao acesso livre foi desenvolvida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O Portal de Periódicos atende 194 universidades públicas e privadas, centros de pesquisa e órgãos governamentais e permite acesso gratuito a cerca de 13 mil publicações e 126 bancos de dados, sendo seis deles bases mundiais de patentes.

O portal pode ser acessado a partir de computadores ligados a essas instituições. Hoje a página recebe 165 mil acessos diários. Em 2008 foram quase 21 milhões de textos completos baixados e 38 milhões de acessos a bases de dados.

Segundo o presidente da Capes, Jorge Guimarães, o impacto da liberdade de acesso na produtividade da comunidade científica brasileira é significativo. “Antes do portal, o Brasil já vinha em um bom momento em relação à produção científica, quebrando sempre seu próprio recorde a cada ano”, comenta. “Depois que ele foi lançado, a curva do gráfico que mostra a produção ficou ainda mais acentuada.”

Guimarães acrescenta que, a exemplo do que é feito em outros países, todos os artigos brasileiros presentes no portal da Capes podem ser acessados por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, e não apenas por membros das instituições que fazem parte da rede. “A iniciativa ajudou o país a se destacar no cenário mundial”, avalia.

Igor Waltz
Ciência Hoje On-line
25/02/2009