ATLAS LINGUÍSTICO DO ACRE E O FALAR ACREANO
Pesquisa linguística constata: homens acreanos apresentam maior número de alterações fonológicas em relação às mulheres. Dentre as alterações verificadas durante a pesquisa destacam-se: igarapé-garapé, árvore-árve, unha-zunha, três-trêis, melhorar-amelhorar e degrau-dregau
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Integrantes do Departamento de Letras da UFAC estão construindo um Atlas Lingüístico do Acre que envolve a transcrição da fala de seringueiros acreanos e a observação, durante a transcrição, de aspectos como a pronúncia, a variação lexical e fonética, a escolha vocabular, os mecanismos articulatórios, assim como algumas alterações fonéticas como os metaplasmos e outros fenômenos fonéticos como a despalatalização, o consonantismo, o rotacismo, a realização das africadas e das palatais, entre outros.
O Atlas acreano é uma contribuição aos estudos dialectológicos e geolingüísticos do Brasil e apresenta a descrição fonética da língua portuguesa falada, particularmente, no Estado do Acre.
Uma amostra da riqueza do falar acreano foi levantada pela estudante Jacqueline Goes da Silva e pela professora Márcia Verônica Ramos de Macedo Sousa, do Departamento de Letras da UFAC, no acervo do Centro de Estudos Dialectológicos do Acre - CEDAC.
Elas usaram inquéritos feitos no Vale do Acre, nas zonas de pesquisa de Rio Branco, Plácido de Castro e Xapuri e o questionário específico transcrito contém 1.235 questões que abordam os campos semânticos natureza, homem e atividade. Os informantes, em número de doze, eram formados por dois homens e duas mulheres em cada localidade, na faixa-etária de 36 a 80 anos.
Entre os fenômenos fonéticos detectados, citam-se: despalatalização, o consonantismo, o rotacismo, a realização das africadas e das palatais, entre outros. Com base nos dados, pôde-se observar, também, que os falantes do sexo masculino apresentam um número maior de alterações fonológicas com 75% dos casos em relação aos informantes do sexo feminino como 50% dos fenômenos.
Detectaram-se ainda alguns fenômenos de Metaplasmos: 1. Supressão com presença de 80% dos casos como: iguarapé > garapé; mosquiteiro > mosquitêro, árvore > árve; trabalhando > trabaiano. 2. Adição com 60% dos fenômenos como em: unha > zunha, três > trêis; gavião >gaivião melhorar > amelhorar. 3. Troca com 30% das ocorrências: turvo > truvu; degrau > dregau; dormir > drumi.
Os responsáveis pelo estudo concluíram que as alterações fonéticas na fala do seringueiro acreano representam não somente a realidade lingüística de um ser isolado nos seringais amazônicos, mas que está presente na fala de muitos brasileiros, sobretudo naqueles que têm um menor grau de escolaridade. A descrição das variações no interior da língua contribuirá para estudos das variantes da fala acreana, bem como com a língua brasileira.
Ilustração: Agência de Notícias do Acre
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Integrantes do Departamento de Letras da UFAC estão construindo um Atlas Lingüístico do Acre que envolve a transcrição da fala de seringueiros acreanos e a observação, durante a transcrição, de aspectos como a pronúncia, a variação lexical e fonética, a escolha vocabular, os mecanismos articulatórios, assim como algumas alterações fonéticas como os metaplasmos e outros fenômenos fonéticos como a despalatalização, o consonantismo, o rotacismo, a realização das africadas e das palatais, entre outros.
O Atlas acreano é uma contribuição aos estudos dialectológicos e geolingüísticos do Brasil e apresenta a descrição fonética da língua portuguesa falada, particularmente, no Estado do Acre.
Uma amostra da riqueza do falar acreano foi levantada pela estudante Jacqueline Goes da Silva e pela professora Márcia Verônica Ramos de Macedo Sousa, do Departamento de Letras da UFAC, no acervo do Centro de Estudos Dialectológicos do Acre - CEDAC.
Elas usaram inquéritos feitos no Vale do Acre, nas zonas de pesquisa de Rio Branco, Plácido de Castro e Xapuri e o questionário específico transcrito contém 1.235 questões que abordam os campos semânticos natureza, homem e atividade. Os informantes, em número de doze, eram formados por dois homens e duas mulheres em cada localidade, na faixa-etária de 36 a 80 anos.
Entre os fenômenos fonéticos detectados, citam-se: despalatalização, o consonantismo, o rotacismo, a realização das africadas e das palatais, entre outros. Com base nos dados, pôde-se observar, também, que os falantes do sexo masculino apresentam um número maior de alterações fonológicas com 75% dos casos em relação aos informantes do sexo feminino como 50% dos fenômenos.
Detectaram-se ainda alguns fenômenos de Metaplasmos: 1. Supressão com presença de 80% dos casos como: iguarapé > garapé; mosquiteiro > mosquitêro, árvore > árve; trabalhando > trabaiano. 2. Adição com 60% dos fenômenos como em: unha > zunha, três > trêis; gavião >gaivião melhorar > amelhorar. 3. Troca com 30% das ocorrências: turvo > truvu; degrau > dregau; dormir > drumi.
Os responsáveis pelo estudo concluíram que as alterações fonéticas na fala do seringueiro acreano representam não somente a realidade lingüística de um ser isolado nos seringais amazônicos, mas que está presente na fala de muitos brasileiros, sobretudo naqueles que têm um menor grau de escolaridade. A descrição das variações no interior da língua contribuirá para estudos das variantes da fala acreana, bem como com a língua brasileira.
Ilustração: Agência de Notícias do Acre
3 Comments:
Caro Evandro,
Sempre que posso venho a seu blog, pois é sempre uma fonte de credibilidade.
Um forte abraço e bom trabalho!
Prezado Isaac, obrigado pela visita frequente. Também sempre dou uma espiada em seu blog.
Saudações cordiais,
Evandro
Prezado Evandro,
Lamentavelmente essas informações contidas no seu blog, sobre o Atlas Etnolinguìstico do Acre não são de autoria das pessoas aí mencionadas. Este trabalho é um projeto meu de Doutorado, no ano de 1988 e, desde então, venho trabalhando nessa empreitada, onde já publiquei dezenas de artigos, palestras, conferências. Estou citada em todos os compêndios da Dialectologia Brasileira.
É bom repor a verdade.
Agradeço.
Profª. Drª. Luísa Galvão Lessa
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