FAZENDO VASSOURA DE PIAÇAVA NO RIO TEJO, ALTO JURUÁ
Uma atividade extrativista e artesanal marcada para desaparecer em alguns anos em razão da exploração predatória e da abertura da BR364
A palmeira
Ao lado uma foto da piaçava, uma palmeira nativa do alto juruá, cientificamente conhecida como Aphandra natalia e, mais surpreendente: prima-irmã da nossa conhecida jarina!
Você duvida?
No dia em que tiver a oportunidade de ficar embaixo de uma planta feminina de piaçava, procure pelas sementes e depois me diga se tem diferença para as sementes da jarina.
Você deve saber que a jarina também tem esse 'sistema' de planta macho e planta fêmea. Outra palmeira acreana que não é parente da piaçava e da jarina, mas que apresenta essa característica é nosso conhecido 'buriti'.
Tirando a fibra na floresta
Ao lado temos fotos da Nazaré e seu irmão retirando as fibras manualmente, e, mais importante, sem derrubar a palmeira.
No juruá o 'massacre' das piaçavas tem levado à destruição de milhares, talvez milhões, de palmeiras que poderiam produzir por anos caso os extrativistas não derrubassem as mesmas para retirar suas fibras.
A prova do crime?
Tentem encontrar piaçava nas cercanias da boca do rio Grajaú, um afluente do juruá! Agora, como dizem os moradores locais, piaçava 'só lá para as cabeceiras'!
Fibras retiradas e armazenadas
Depois de retiradas e 'penteadas' com os dedos e um pente do tipo 'flamengo' comum ou de pregos, as fibras são transportadas para a residência dos extrativistas, onde ficam abrigadas da chuva e do sol. Quando ele resolve fazer vassouras, deixa as fibras de molho para amolecerem, facilitando a dobra das mesmas e sem risco de quebras.
Fazendo a vassoura
Nazaré está concentrada, mas não para de falar um minuto, fazendo as vassouras. É um trabalho que leva menos de 30 minutos para ser concluído. Toma mais tempo se o artesão resolver caprichar na confecção da 'cabeça' da vassoura, feita de cipó timbó ou titica. Quem sofre são as mãos e, alguns anos depois, as costas dos artesãos.
Venda no mercado de Cruzeiro do Sul
A maioria dos compradores das vassouras no alto juruá são regatões ou comerciantes tradicionais que muitas vezes trocam vassouras por produtos industrializados como roupas, produtos de higiene, sal, açúcar, óleo.
Chegando no porto de Cruzeiro, alguns 'olheiros', sabedores dos possíveis interessados no mercado barranco acima, correm para oferecer o que não é deles aos potenciais compradores. Voltam com propostas de preços e algumas vezes fecham negócio ganhando um percentual, além do valor pago pelo carregamento do produto.
Ao receber as vassouras, os comerciantes do mercado ainda dão um 'retoque final', aparando as pontas para que fiquem mais atraentes aos consumidores. Depois é expor ao lado de outras vassouras concorrentes e produzidas localmente com cipó de titica ou timbó.
O preço? varia com a época do ano. Pode ir de R$ 3-5 a unidade.
Ficou curioso? É bom ir ver tudo isso antes que acabe!
E quando vai acabar? Quando o asfaltamento da BR$364 ficar pronto. Ai algum esperto de Rio Branco vai encher um caminhão de vassoura de piaçava feita aqui na capital ou importada e vender por preços imbatíveis em Cruzeiro do Sul. Pena que a fibra de piaçava usada nessas vassouras industriais seja importada do Amazonas e da Bahia.
Porque não usar a fibra da piaçava acreana? Quem souber a resposta me informe.
O mesmo vai acontecer com as 15 variedades de feijão a venda no mercado de lá.Em alguns anos os cruzeirenses vão poder comprar apenas feijão carioquinha, rosinha ou preto produzidos em Irecê, na Bahia. Um consolo é que a maior parte dele ainda é empacotado aqui em Rio Branco. Leiam os rótulos dos feijões vendidos nos supermercados de Rio Branco.
Com meus modestos conhecimentos sobre palmeiras, posso dizer que de palmeira eu entendo e estou dispostos a ajudar na preservação da piaçava acreana e no desenvolvimento de uma cadeia produtiva que garanta a sua inserção no mercado. Se alguém do governo, empresa ou outra instituição tiver interesse em minha colaboração, favor entrar em contato.
A palmeira
Ao lado uma foto da piaçava, uma palmeira nativa do alto juruá, cientificamente conhecida como Aphandra natalia e, mais surpreendente: prima-irmã da nossa conhecida jarina!
Você duvida?
No dia em que tiver a oportunidade de ficar embaixo de uma planta feminina de piaçava, procure pelas sementes e depois me diga se tem diferença para as sementes da jarina.
Você deve saber que a jarina também tem esse 'sistema' de planta macho e planta fêmea. Outra palmeira acreana que não é parente da piaçava e da jarina, mas que apresenta essa característica é nosso conhecido 'buriti'.
Tirando a fibra na floresta
Ao lado temos fotos da Nazaré e seu irmão retirando as fibras manualmente, e, mais importante, sem derrubar a palmeira.
No juruá o 'massacre' das piaçavas tem levado à destruição de milhares, talvez milhões, de palmeiras que poderiam produzir por anos caso os extrativistas não derrubassem as mesmas para retirar suas fibras.
A prova do crime?
Tentem encontrar piaçava nas cercanias da boca do rio Grajaú, um afluente do juruá! Agora, como dizem os moradores locais, piaçava 'só lá para as cabeceiras'!
Fibras retiradas e armazenadas
Depois de retiradas e 'penteadas' com os dedos e um pente do tipo 'flamengo' comum ou de pregos, as fibras são transportadas para a residência dos extrativistas, onde ficam abrigadas da chuva e do sol. Quando ele resolve fazer vassouras, deixa as fibras de molho para amolecerem, facilitando a dobra das mesmas e sem risco de quebras.
Fazendo a vassoura
Nazaré está concentrada, mas não para de falar um minuto, fazendo as vassouras. É um trabalho que leva menos de 30 minutos para ser concluído. Toma mais tempo se o artesão resolver caprichar na confecção da 'cabeça' da vassoura, feita de cipó timbó ou titica. Quem sofre são as mãos e, alguns anos depois, as costas dos artesãos.
Venda no mercado de Cruzeiro do Sul
A maioria dos compradores das vassouras no alto juruá são regatões ou comerciantes tradicionais que muitas vezes trocam vassouras por produtos industrializados como roupas, produtos de higiene, sal, açúcar, óleo.
Chegando no porto de Cruzeiro, alguns 'olheiros', sabedores dos possíveis interessados no mercado barranco acima, correm para oferecer o que não é deles aos potenciais compradores. Voltam com propostas de preços e algumas vezes fecham negócio ganhando um percentual, além do valor pago pelo carregamento do produto.
Ao receber as vassouras, os comerciantes do mercado ainda dão um 'retoque final', aparando as pontas para que fiquem mais atraentes aos consumidores. Depois é expor ao lado de outras vassouras concorrentes e produzidas localmente com cipó de titica ou timbó.
O preço? varia com a época do ano. Pode ir de R$ 3-5 a unidade.
Ficou curioso? É bom ir ver tudo isso antes que acabe!
E quando vai acabar? Quando o asfaltamento da BR$364 ficar pronto. Ai algum esperto de Rio Branco vai encher um caminhão de vassoura de piaçava feita aqui na capital ou importada e vender por preços imbatíveis em Cruzeiro do Sul. Pena que a fibra de piaçava usada nessas vassouras industriais seja importada do Amazonas e da Bahia.
Porque não usar a fibra da piaçava acreana? Quem souber a resposta me informe.
O mesmo vai acontecer com as 15 variedades de feijão a venda no mercado de lá.Em alguns anos os cruzeirenses vão poder comprar apenas feijão carioquinha, rosinha ou preto produzidos em Irecê, na Bahia. Um consolo é que a maior parte dele ainda é empacotado aqui em Rio Branco. Leiam os rótulos dos feijões vendidos nos supermercados de Rio Branco.
Com meus modestos conhecimentos sobre palmeiras, posso dizer que de palmeira eu entendo e estou dispostos a ajudar na preservação da piaçava acreana e no desenvolvimento de uma cadeia produtiva que garanta a sua inserção no mercado. Se alguém do governo, empresa ou outra instituição tiver interesse em minha colaboração, favor entrar em contato.
3 Comments:
SOU VENDEDOR DAS DUAS FIBRAS DA BAHIANA E DA AMAZONIA E SE VOCE CONSEGUIR QUANTIDADE EU VOU ATE AI E VAMOS VENDER PARA TODO BRASIL .
ola bom dia onde consigo semente de piaçava 10 tonelada
Prezado Brezilyali,
Se entendi bem, voce tem interesse em adquirir de cara 10 toneladas.
Confesso que nuca vi ninguém comprar tal quantidade de sementes considerando que ela não é oleaginosa ou usada para a confecção de artesanatos.
Obviamente você deve ter muito capital de giro para investir na aquisição de 10 toneladas - se for para revender sementes visando a produção de mudas.
Adianto que estimo que cada kg de sementes deverá sair para você por no mínimo R$ 4 - a maior parte referente ao frete. Adianto ainda que será quase impossível você conseguir garantia de germinação mínima das sementes adquiridas.
Evandro
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