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20 março 2009

SAPOS, PERERECAS E RÃS PREFEREM FLORESTAS ALTERADAS

Pesquisadores da UFAC sugerem que a alteração de ambientes naturais são importantes para a conservação da anurofauna

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Os pesquisadores Vanessa de Souza, Moisés de Souza e Elder Morato, do Departamento de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Acre-UFAC realizaram um estudo para verificar a abundância, riqueza e a composição da anurofauna (sapos, rãs e pererecas) em uma área florestal em vários estágios de regeneração e área alterada do entorno, e chegaram à conclusão que ambientes com níveis intermediários de perturbação são importantes para a conservação desse grupo de animais.

O estudo foi realizado na Fazenda Experimental Catuaba, uma reserva florestal da UFAC destinada a atividades de pesquisa e extensão localizada no km 23 da BR-364, sentido Rio Branco-Porto Velho. A Fazenda possui uma área com cerca de 850 hectares cobertas por florestas primitivas e alteradas em vários estágios de regeneração e o seu entorno é dominado por áreas abertas, em sua maioria campos de pastagens. A Fazenda e seu entorno se constituem em um gradiente ambiental extremamente interessante para a realização de estudos ecológicos.

O trabalho, realizado entre agosto de 2005 e abril de 2006, consistiu no levantamento da diversidade e abundância de anuros em doze parcelas localizadas em três pontos diferentes da Fazenda e do entorno. Em cada ponto foram instaladas quatro parcelas em ambientes de floresta primária, floresta secundária do tipo capoeira, na área alterada do entorno e floresta secundária em estágio mais recente de sucessão. O entorno era constituído por áreas desmatadas, em geral fora do perímetro da reserva, e ocupadas por fazendas que possuem pastagens, plantações, habitações humanas, bordas de floresta e corpos d'água de tamanhos variáveis.

O resultado do estudo mostrou a presença de 27 espécies de anuros. A maior abundância de animais foi verificada em uma das áreas do entorno, onde o nível de alteração ambiental era o mais elevado, e em uma floresta secundária do tipo capoeira. A menor abundância foi verificada em área de floresta em estágio de regeneração mais recente, que havia sido desmatada em 2001. A maior diversidade de espécies foi encontrada em uma das áreas do entorno, onde também foi verificado um maior número de espécies exclusivas.

A maior riqueza da anurofauna em ambientes de capoeiras e nas áreas do entorno pode ser explicada, em grande parte, pela existência nesses locais de poças d'água, maior heterogeneidade estrutural da floresta e por se constituir em estágios intermediários de perturbação. Esses estágios têm sido apontados como fatores que promovem e mantêm níveis elevados de biodiversidade.

As conclusões do estudo, embora inatacáveis sob o ponto de vista científico, sugerem que sapos, pererecas e rãs dependem de áreas alteradas para crescer populacionalmente e se diversificar. Exatamente o oposto de outros grupos de animais, como os mamíferos, que dependem de grandes extensões de florestas primárias para sobreviver.

Clique aqui para ler, no blog Biodiversidade Acreana, a íntegra do artigo 'Efeitos da sucessão florestal sobre a anurofauna (Amphibia: Anura) da Reserva Catuaba e seu entorno, Acre, Amazônia sul-ocidental', publicado na Revista Brasileira de Zoologia.

Ilustração: Litoria infrafrenata, Wikipedia