BALSEIROS: RELÍQUIAS DO PASSADO
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
O repórter Leonildo Rosas, em sua coluna Poronga no jornal Página 20, mostra uma impressionante imagem dos balseiros de antigamente, quando se acumulavam em grande quantidade nas pilastras da ponte Juscelino Kubistchek.
Quem nasceu até meados da década de 70, ainda teve a chance de testemunhar os eventos anuais dos balseiros acumulados nas pilastras da velha ponte metálica.
Algumas vezes os bombeiros tinham de recorrer a tratores de esteira para liberar a ponte da ameaça de derrubada que os balseiros traziam. É bom que se diga que a queda da ponte se deu mais em função da erosão que aconteceu no segundo distrito.
Para que os que não são acreanos ou os acreanos mais jovens, não familiarizados com o termo balseiro, esta palavra que imagino ser tipicamente acreana é usado para designar troncos de árvores que descem os rios da região no período das cheias. Às vezes são tantos que formam verdadeiras balsas. Esses troncos são arrastados pelas águas que erodem as margens dos rios ocupadas por florestas.
Balseiros para fazer lenha e carvão
Pouca gente sabe dessa história, mas o famoso cientista brasileiro Warwick Kerr, quando visitou o Acre no final dos anos 70 a convite do governador Geraldo Mesquista, ficou impressionado com a quantidade de troncos de árvores que desciam o rio Acre no período das cheias.
Tanto que ele chegou a recrutar um servidor do antigo núcleo de pesquisa do INPA no Acre para monitorar a quantidade de troncos e estimar o potencial de uso dos mesmos para a produção de lenha e carvão. Na visão dele, não fazia sentido os empresários locais gastarem o que não tinham para buscar lenha em ramais e estradas intrafegáveis. Bastava que ficassem nas margens do rio Acre durante o período das cheias e literalmente 'pescar' a matéria-prima.
Bosco, o servidor que fez o levantamento durante algum tempo, subia na antiga torre de controle existente no prédio do antigo aeroporto, onde o INPA tinha a sua sede local, e ficava o dia todo com um binóculo contabilizando a quantidade e estimando o tamanho dos troncos. Eu não sei o que o Dr. Kerr fez com os dados, mas sua idéia fazia um pouco de sentido.
Falta de balseiros indica que o rio Acre está doente
Leonildo Rosas conclui sua nota sobre os balseiros dizendo que "no passado, as árvores trazidas pelas águas se amontoavam na ponte, chegando a derrubá-la. Veja como era e torça para nunca mais acontecer".
Realmente, hoje os balseiros não impressionam a mais ninguém pois não existem mais. Da mesma forma a quantidade de troncos descendo o rio Acre na época da cheia é irrisória, se compararmos com o que víamos no passado. Hoje, o que desce o rio Acre são gravetos, restos de embaúba, algodoeiro e outras árvores de capoeiras. Troncos gigantes de samaúma, cumaru-ferro, aroeira e outras árvores de grande porte são coisas raras de se observar.
Tudo porque a destruição da mata ciliar ao longo do rio Acre já se completou desde a época que os balseiros deixaram de ser um evento, uma atração anual na cidade. A falta deles é um indicador do descontrole ambiental que atingiu o rio Acre.
A nova geração de acreanos, portanto, só vai conhecer os balseiros pelas fotos. E a foto postada pelo Leonildo Rosas, além de impressionante, é extremamente didática.
Blog Ambiente Acreano
O repórter Leonildo Rosas, em sua coluna Poronga no jornal Página 20, mostra uma impressionante imagem dos balseiros de antigamente, quando se acumulavam em grande quantidade nas pilastras da ponte Juscelino Kubistchek.
Quem nasceu até meados da década de 70, ainda teve a chance de testemunhar os eventos anuais dos balseiros acumulados nas pilastras da velha ponte metálica.
Algumas vezes os bombeiros tinham de recorrer a tratores de esteira para liberar a ponte da ameaça de derrubada que os balseiros traziam. É bom que se diga que a queda da ponte se deu mais em função da erosão que aconteceu no segundo distrito.
Para que os que não são acreanos ou os acreanos mais jovens, não familiarizados com o termo balseiro, esta palavra que imagino ser tipicamente acreana é usado para designar troncos de árvores que descem os rios da região no período das cheias. Às vezes são tantos que formam verdadeiras balsas. Esses troncos são arrastados pelas águas que erodem as margens dos rios ocupadas por florestas.
Balseiros para fazer lenha e carvão
Pouca gente sabe dessa história, mas o famoso cientista brasileiro Warwick Kerr, quando visitou o Acre no final dos anos 70 a convite do governador Geraldo Mesquista, ficou impressionado com a quantidade de troncos de árvores que desciam o rio Acre no período das cheias.
Tanto que ele chegou a recrutar um servidor do antigo núcleo de pesquisa do INPA no Acre para monitorar a quantidade de troncos e estimar o potencial de uso dos mesmos para a produção de lenha e carvão. Na visão dele, não fazia sentido os empresários locais gastarem o que não tinham para buscar lenha em ramais e estradas intrafegáveis. Bastava que ficassem nas margens do rio Acre durante o período das cheias e literalmente 'pescar' a matéria-prima.
Bosco, o servidor que fez o levantamento durante algum tempo, subia na antiga torre de controle existente no prédio do antigo aeroporto, onde o INPA tinha a sua sede local, e ficava o dia todo com um binóculo contabilizando a quantidade e estimando o tamanho dos troncos. Eu não sei o que o Dr. Kerr fez com os dados, mas sua idéia fazia um pouco de sentido.
Falta de balseiros indica que o rio Acre está doente
Leonildo Rosas conclui sua nota sobre os balseiros dizendo que "no passado, as árvores trazidas pelas águas se amontoavam na ponte, chegando a derrubá-la. Veja como era e torça para nunca mais acontecer".
Realmente, hoje os balseiros não impressionam a mais ninguém pois não existem mais. Da mesma forma a quantidade de troncos descendo o rio Acre na época da cheia é irrisória, se compararmos com o que víamos no passado. Hoje, o que desce o rio Acre são gravetos, restos de embaúba, algodoeiro e outras árvores de capoeiras. Troncos gigantes de samaúma, cumaru-ferro, aroeira e outras árvores de grande porte são coisas raras de se observar.
Tudo porque a destruição da mata ciliar ao longo do rio Acre já se completou desde a época que os balseiros deixaram de ser um evento, uma atração anual na cidade. A falta deles é um indicador do descontrole ambiental que atingiu o rio Acre.
A nova geração de acreanos, portanto, só vai conhecer os balseiros pelas fotos. E a foto postada pelo Leonildo Rosas, além de impressionante, é extremamente didática.
2 Comments:
Ola Evandro!
Com o intuito de contribuir, lembro que tambem chamamos de balseiro aquele amontoado de arvores e arbustos no meio da floresta dentro de um varadouro ou de um ramal.
Luz e paz!
Thiago, muito boa a sua observação. agora a definição da palavra balseiro está ainda mais completa.
Evandro
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