DINOSSAUROS: EXTINÇÃO DERIVOU DE ERUPÇÕES MASSIVAS
Pesquisadores descobrem na China registros de que erupções vulcânicas teriam causado extinção em massa há 260 milhões de anos e fortalece teoria que dinossauros não teriam desaparecido por queda de asteróide
Erupções provocaram extinção
FAPESP – Em abril, um estudo publicado no Journal of the Geological Society apontou que a queda do asteroide há 65 milhões de anos que formou a cratera de Chicxulub, no México, não levou à extinção em massa no fim do Cretáceo, quando desapareceu uma enorme quantidade de espécies de plantas e animais, entre os quais os dinossauros.
Os autores sugeriram que a extinção poderia ter sido causada por erupções vulcânicas massivas ocorridas na atual Índia. Podem estar certos. Uma nova pesquisa, publicada na nova edição da revista Science, indica que erupções vulcânicas até então desconhecidas provocaram a extinção em massa ocorrida há 260 milhões de anos.
O trabalho, feito por cientistas britânicos e chineses, identificou registros do evento na província de Emeishan, no sudoeste da China. As erupções teriam liberado em torno de meio milhão de quilômetros cúbicos de lava, cobrindo uma área duas vezes maior do que a do Estado do Rio de Janeiro.
O grupo foi capaz de descobrir quando exatamente as erupções ocorreram e relacioná-las diretamente com a extinção. Encontrar tais registros é algo completamente inusitado, devido às transformações físicas ocorridas no planeta em tão longo período.
O motivo da descoberta é que as erupções em Emeishan ocorreram próximas a mar raso, o que fez com que a lava se mostrasse hoje como uma camada distinta de rochas ígneas ensanduichada entre camadas de rochas sedimentares que contêm fósseis marinhos.
A camada de rocha fossilizada diretamente após a erupção mostra a extinção em massa de diferentes formas de vida, ligando a emissão vulcânica com a catástrofe ambiental.
O efeito global da erupção, de acordo com os pesquisadores, deveu-se à proximidade do vulcão com o mar raso. A colisão da lava com a água teria provocado uma explosão violenta no início das erupções, arremessando enormes quantidades de dióxido de enxofre na estratosfera.
“É como jogar água em uma frigideira quente. Houve uma explosão espetacular que produziu nuvens de vapor gigantescas”, disse Paul Wignall, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, principal autor estudo.
A injeção de dióxido de enxofre na atmosfera teria levado à formação de grandes nuvens que se espalharam pelo mundo, esfriando a temperatura global e promovendo chuva ácida. A análise dos registros fósseis indicou que o desastre ambiental teria começado logo após a primeira erupção.
“A extinção abrupta da vida que pudemos constatar no registro fóssil liga fortemente as erupções vulcânicas com a catástrofe ambiental global, uma relação que sempre foi considerada controversa”, afirmou Wignall.
O artigo Volcanism, mass extinction, and carbon isotope fluctuations in the Middle Permian of China, de Paul Wignall e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
(Foto: divulgação)
Erupções provocaram extinção
FAPESP – Em abril, um estudo publicado no Journal of the Geological Society apontou que a queda do asteroide há 65 milhões de anos que formou a cratera de Chicxulub, no México, não levou à extinção em massa no fim do Cretáceo, quando desapareceu uma enorme quantidade de espécies de plantas e animais, entre os quais os dinossauros.
Os autores sugeriram que a extinção poderia ter sido causada por erupções vulcânicas massivas ocorridas na atual Índia. Podem estar certos. Uma nova pesquisa, publicada na nova edição da revista Science, indica que erupções vulcânicas até então desconhecidas provocaram a extinção em massa ocorrida há 260 milhões de anos.
O trabalho, feito por cientistas britânicos e chineses, identificou registros do evento na província de Emeishan, no sudoeste da China. As erupções teriam liberado em torno de meio milhão de quilômetros cúbicos de lava, cobrindo uma área duas vezes maior do que a do Estado do Rio de Janeiro.
O grupo foi capaz de descobrir quando exatamente as erupções ocorreram e relacioná-las diretamente com a extinção. Encontrar tais registros é algo completamente inusitado, devido às transformações físicas ocorridas no planeta em tão longo período.
O motivo da descoberta é que as erupções em Emeishan ocorreram próximas a mar raso, o que fez com que a lava se mostrasse hoje como uma camada distinta de rochas ígneas ensanduichada entre camadas de rochas sedimentares que contêm fósseis marinhos.
A camada de rocha fossilizada diretamente após a erupção mostra a extinção em massa de diferentes formas de vida, ligando a emissão vulcânica com a catástrofe ambiental.
O efeito global da erupção, de acordo com os pesquisadores, deveu-se à proximidade do vulcão com o mar raso. A colisão da lava com a água teria provocado uma explosão violenta no início das erupções, arremessando enormes quantidades de dióxido de enxofre na estratosfera.
“É como jogar água em uma frigideira quente. Houve uma explosão espetacular que produziu nuvens de vapor gigantescas”, disse Paul Wignall, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, principal autor estudo.
A injeção de dióxido de enxofre na atmosfera teria levado à formação de grandes nuvens que se espalharam pelo mundo, esfriando a temperatura global e promovendo chuva ácida. A análise dos registros fósseis indicou que o desastre ambiental teria começado logo após a primeira erupção.
“A extinção abrupta da vida que pudemos constatar no registro fóssil liga fortemente as erupções vulcânicas com a catástrofe ambiental global, uma relação que sempre foi considerada controversa”, afirmou Wignall.
O artigo Volcanism, mass extinction, and carbon isotope fluctuations in the Middle Permian of China, de Paul Wignall e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
(Foto: divulgação)
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