A FLORESTA É ALGO MAIS QUE ÁGUA E ÁRVORES
Escrito por Moisés Diniz*
Quanto texto, conferência, dissertação, opinião, tinta, tipografia, hemorragia de letras e quanto verbo acerca da necessidade de manter preservada a floresta. Só a quantidade de celulose utilizada em bilhões de páginas de papel, escritas sobre o assunto, reporia 2% da floresta devastada do planeta. E ninguém sugere que olhemos para as nossas origens na floresta, após a nossa longa, fria e tenebrosa passagem pelas águas.
Temos um medo abissal de olhar para as extremidades de nossos dedos e descobrir que, durante quase um século de milhões de anos, resistimos nas árvores. Nossas garras, que depois se transformaram em mãos, guardaram as marcas digitalizadas das cascas das árvores. Quando vamos retirar a nossa carteira de identidade, o nosso polegar denuncia a nossa origem animal e as marcas indeléveis que ficaram do tempo inestimável de nossa vida braquiadora na floresta.
Viemos de uma resistência biológica e ecológica de milhões de anos. Nossos antepassados, esgotado o período de especiação, estão na floresta a nos lembrar que a única coisa que nos separa dos mamíferos inferiores é a palavra e o raciocínio lógico. Isso já basta para entendermos que entre nós e os mamíferos inferiores deve existir uma cumplicidade que não deixa de ser gratidão
Além de termos vindo de lá, a partir da evolução das espécies, nos alimentamos de sua carne e de seus frutos. Mesmo os animais domesticados um dia viveram na floresta. A partir das florestas ocupamos as planícies, as cavernas. De lá retiramos as nossas primeiras ferramentas, nossos nomes e vestimentas.
À exceção do sal, o que consumimos que não tenha vindo da floresta? Até os combustíveis fósseis são resultados de trilhões de árvores envelhecidas, apodrecidas e soterradas no quase intocável subsolo do planeta.
Tudo o que temos de mais forte e mais precioso em nossa carga biológica, genética e humana foi adquirido e aperfeiçoado na floresta. Nossas mãos retráteis nasceram do contato rústico e dolorido com as cascas das árvores. Nosso esqueleto de alta resistência e formidável elasticidade óssea foi construído entre os galhos, em nosso deslocamento arbóreo. Nossa visão estereoscópica é fruto da vivência entre as folhagens da copa das árvores.
Adquiridas essas ferramentas biológicas e esgotado o alimento em nosso nicho ecológico arbóreo, como uma espécie fugindo da extinção, descendo ao solo das imensas florestas, antes de nos aventurarmos nas planícies. Nas florestas demarcamos os nossos territórios, organizamos as nossas hordas e famílias e iniciamos o manuseio primitivo das primeiras ferramentas.
Antes de nossa espécie ter realizado a curva pré-histórica de supremacia ‘espiritual’ entre si e os animais inferiores, a alma não era exclusividade do homo sapiens. Os animais da floresta, especialmente os mais fortes e os mais inteligentes, eram dotados de espírito, que orientavam ou puniam o homo erectus. O espírito do búfalo, do urso, do leopardo, da águia, da serpente.
No longo período de transição entre o primata e o homem, nós vivíamos numa relação desigual com o meio ambiente e seus recursos naturais poderosos. Sofremos intempéries mortais do tempo glacial, da chuva ácida, do sol escaldante, dos vulcões, das torrentes e das tempestades. As feras da floresta nos dizimavam como formigas e nosso tempo era curto em cada território e caverna.
Então, decidimos nos vingar, nos transformamos numa força geológica. Entre 1500 e 1800 foi eliminada uma espécie em cada 10 anos. Entre 1800 e 1900 foi eliminada uma espécie a cada ano. Em 2000 desapareceram 10 espécies por dia. Atualmente, cerca de uma espécie está desaparecendo por hora. Entre 1970 e 2000 desapareceram aproximadamente 20% de todas as espécies de vida.
A partir de 1900 perdeu-se a quinta parte da superfície cultivável e das florestas tropicais. De 1970 a 1990 o desmatamento foi de 20 milhões de hectares. Atualmente, cerca de 10 milhões de hectares são desmatados ou degradados por ano, o que representa uma área do tamanho de um campo de futebol a cada dois segundos.
Mais de 70% das florestas originais já foram destruídas e somente 20% das florestas nativas permanecem intactas. Uma árvore é plantada para cada dez que são derrubadas. Nesse ritmo, a floresta tropical restante estará destruída até 2050. O planeta já perdeu metade de sua extensão florestal original, principalmente nos últimos 150 anos.
Alguns estudiosos afirmam que esta é a maior onda de extinções desde o desaparecimento dos dinossauros há 60 milhões de anos. Mais de 20% dos mamíferos, mais de 10% dos pássaros e cerca de 15% das plantas enfrentam essa ameaça, em grande parte devido à destruição do seu habitat. Somente no Brasil, mais de 80 culturas humanas foram perdidas e, nos próximos 20 anos, o mundo verá a perda de milhares de espécies de plantas e de animais.
A cada ano perdem-se 20 milhões de toneladas de húmus por causa da erosão, salinização e desertificação e, devido à degradação do solo, o planeta perde por ano mais de seis milhões de hectares de terras cultiváveis.
Na última metade do século passado o mundo perdeu 60% de suas reservas de água potável. A quantidade de água potável que está acessível – seja em lagos, rios ou represas – representa menos de 0,25% do total de água doce. Em 1990, 25% da população da América Latina e do Caribe não tinham acesso à água potável.
Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não tenham acesso à água potável e mais de 4 milhões (um número dez vezes maior que o de mortos em guerras em todo o mundo), crianças na maioria, morram, a cada ano, de doenças causadas por água contaminada que provoca milhões de enfermidades.
A cada ano 500 milhões de toneladas de lixo perigoso são produzidas no mundo. Apenas os Estados Unidos da América são responsáveis por 50% desse lixo. A biodiversidade dos ecossistemas de água doce diminuiu mais de 40% de 1970 até 1990.
Já o ecossistema marinho perdeu cerca de 30% de sua biodiversidade nestes mesmos 20 anos. O consumo de fertilizantes aumentou de maneira brutal e inaceitável, saindo de 10 para 60 milhões de toneladas por ano no intervalo de 20 anos.
Desde o ano de 1960 cerca de 500.000 espécies têm desaparecido e cerca de 40.000 estão ameaçadas. O aumento da extinção pode ser agravado pelo altíssimo e desenfreado consumo humano, pela poluição dos recursos naturais, através do aquecimento global e pela elevação do nível do mar.
A nossa vingança se voltou contra nós mesmos e estamos a destruir as últimas reservas de água, floresta e toda a acumulação primitiva de recursos naturais. Estamos matando a nossa galinha dos ovos de ouro e sequer a maioria da população tem acesso aos ovos.
"Uma minoria consome os recursos naturais, que se tornam bens sofisticados, enquanto a maioria da população do planeta não sabe o que é beber água potável e alimentar-se três vezes ao dia. Apesar disso, o planeta está se exaurindo e deixando órfãs de seus recursos naturais as gerações do futuro".
No decorrer dos séculos, com o avanço da tecnologia, perdemos a cumplicidade entre o ser humano e o espaço verde que nos criou e nos alimenta. Os homens que dirigem o planeta são os antigos mamíferos que se tornaram lobos do semelhante. Eles cuidam de sua alcatéia, de sua minoria, a controlar e consumir os recursos naturais com cérebro de lobo e estômago de lagarta.
Talvez uma maldição biológica explique a nossa vingança. Nossos genes são quase iguais aos genes dos ratos. Quanto aos macacos somos mais semelhantes, além dos genes, da herança do esqueleto, da fisiologia, da fisionomia e das digitais. Somos descendentes próximos dos macacos e parentes distantes dos anjos. E ainda temos a ousadia de afirmar que somos filhos de Deus.
Durante setenta milhões de anos vivemos nas florestas. Quanto à vida humana nas cidades ainda não completou meio milhão de anos. E por que tanto desamor aos recursos naturais? Por que tanta indiferença às formas de vida indefesa das florestas e das águas?
Dentre os animais nós somos os únicos capazes de envenenar a própria água que bebemos, de matar um ser vivo sem ter a necessidade de comê-lo para saciar a fome, de escravizar o semelhante, de torturá-lo. Contraditoriamente, somos os únicos que têm alma e, se não bastasse, somos os únicos seres vivos que riem.
A verdade é que toda a nossa ferocidade ancestral e os nossos instintos mais primitivos foram organizados em leis, em códigos canônicos e em sociais convenções. O presídio de hoje é a árvore oposta que abrigava a família de símios que queria roubar os meus frutos. A civilização é uma pele humana que cobre a nossa animalidade ancestral.
Talvez, por isso, não consigamos olhar com fraternidade para as formas de vida que não riem, não torturam, não matam a si mesmas, não rezam, não escravizam. Felizmente, nossos somos a única espécie que perdoa.
Por isso a nossa aposta na espécie humana, na sua capacidade de transformar lixo em arte, de recuperar os rios, de reciclar sua urina, de fazer de um grito uma música, de transformar o desejo mais simples em utopia e de, finalmente, perceber a dimensão da dor nas formas de vida que não fazem parte da civilização.
Somente uma nova ordem humana e ecológica e uma nova filosofia de produção e de consumo serão capazes de deter a barbárie da civilização. Que os antigos espíritos dos animais da terra e das águas nos orientem no rumo ontológico de nossas origens e de nossas utopias coletivas, embebidas no orvalho amazônico da fraternidade e na cura das enfermidades da alma humana, reconstruindo o pacto sócio-ecológico entre o homem e a floresta.
* Moisés Diniz é escritor e Deputado Estadual pelo PC do B (Acre)
Quanto texto, conferência, dissertação, opinião, tinta, tipografia, hemorragia de letras e quanto verbo acerca da necessidade de manter preservada a floresta. Só a quantidade de celulose utilizada em bilhões de páginas de papel, escritas sobre o assunto, reporia 2% da floresta devastada do planeta. E ninguém sugere que olhemos para as nossas origens na floresta, após a nossa longa, fria e tenebrosa passagem pelas águas.
Temos um medo abissal de olhar para as extremidades de nossos dedos e descobrir que, durante quase um século de milhões de anos, resistimos nas árvores. Nossas garras, que depois se transformaram em mãos, guardaram as marcas digitalizadas das cascas das árvores. Quando vamos retirar a nossa carteira de identidade, o nosso polegar denuncia a nossa origem animal e as marcas indeléveis que ficaram do tempo inestimável de nossa vida braquiadora na floresta.
Viemos de uma resistência biológica e ecológica de milhões de anos. Nossos antepassados, esgotado o período de especiação, estão na floresta a nos lembrar que a única coisa que nos separa dos mamíferos inferiores é a palavra e o raciocínio lógico. Isso já basta para entendermos que entre nós e os mamíferos inferiores deve existir uma cumplicidade que não deixa de ser gratidão
Além de termos vindo de lá, a partir da evolução das espécies, nos alimentamos de sua carne e de seus frutos. Mesmo os animais domesticados um dia viveram na floresta. A partir das florestas ocupamos as planícies, as cavernas. De lá retiramos as nossas primeiras ferramentas, nossos nomes e vestimentas.
À exceção do sal, o que consumimos que não tenha vindo da floresta? Até os combustíveis fósseis são resultados de trilhões de árvores envelhecidas, apodrecidas e soterradas no quase intocável subsolo do planeta.
Tudo o que temos de mais forte e mais precioso em nossa carga biológica, genética e humana foi adquirido e aperfeiçoado na floresta. Nossas mãos retráteis nasceram do contato rústico e dolorido com as cascas das árvores. Nosso esqueleto de alta resistência e formidável elasticidade óssea foi construído entre os galhos, em nosso deslocamento arbóreo. Nossa visão estereoscópica é fruto da vivência entre as folhagens da copa das árvores.
Adquiridas essas ferramentas biológicas e esgotado o alimento em nosso nicho ecológico arbóreo, como uma espécie fugindo da extinção, descendo ao solo das imensas florestas, antes de nos aventurarmos nas planícies. Nas florestas demarcamos os nossos territórios, organizamos as nossas hordas e famílias e iniciamos o manuseio primitivo das primeiras ferramentas.
Antes de nossa espécie ter realizado a curva pré-histórica de supremacia ‘espiritual’ entre si e os animais inferiores, a alma não era exclusividade do homo sapiens. Os animais da floresta, especialmente os mais fortes e os mais inteligentes, eram dotados de espírito, que orientavam ou puniam o homo erectus. O espírito do búfalo, do urso, do leopardo, da águia, da serpente.
No longo período de transição entre o primata e o homem, nós vivíamos numa relação desigual com o meio ambiente e seus recursos naturais poderosos. Sofremos intempéries mortais do tempo glacial, da chuva ácida, do sol escaldante, dos vulcões, das torrentes e das tempestades. As feras da floresta nos dizimavam como formigas e nosso tempo era curto em cada território e caverna.
Então, decidimos nos vingar, nos transformamos numa força geológica. Entre 1500 e 1800 foi eliminada uma espécie em cada 10 anos. Entre 1800 e 1900 foi eliminada uma espécie a cada ano. Em 2000 desapareceram 10 espécies por dia. Atualmente, cerca de uma espécie está desaparecendo por hora. Entre 1970 e 2000 desapareceram aproximadamente 20% de todas as espécies de vida.
A partir de 1900 perdeu-se a quinta parte da superfície cultivável e das florestas tropicais. De 1970 a 1990 o desmatamento foi de 20 milhões de hectares. Atualmente, cerca de 10 milhões de hectares são desmatados ou degradados por ano, o que representa uma área do tamanho de um campo de futebol a cada dois segundos.
Mais de 70% das florestas originais já foram destruídas e somente 20% das florestas nativas permanecem intactas. Uma árvore é plantada para cada dez que são derrubadas. Nesse ritmo, a floresta tropical restante estará destruída até 2050. O planeta já perdeu metade de sua extensão florestal original, principalmente nos últimos 150 anos.
Alguns estudiosos afirmam que esta é a maior onda de extinções desde o desaparecimento dos dinossauros há 60 milhões de anos. Mais de 20% dos mamíferos, mais de 10% dos pássaros e cerca de 15% das plantas enfrentam essa ameaça, em grande parte devido à destruição do seu habitat. Somente no Brasil, mais de 80 culturas humanas foram perdidas e, nos próximos 20 anos, o mundo verá a perda de milhares de espécies de plantas e de animais.
A cada ano perdem-se 20 milhões de toneladas de húmus por causa da erosão, salinização e desertificação e, devido à degradação do solo, o planeta perde por ano mais de seis milhões de hectares de terras cultiváveis.
Na última metade do século passado o mundo perdeu 60% de suas reservas de água potável. A quantidade de água potável que está acessível – seja em lagos, rios ou represas – representa menos de 0,25% do total de água doce. Em 1990, 25% da população da América Latina e do Caribe não tinham acesso à água potável.
Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não tenham acesso à água potável e mais de 4 milhões (um número dez vezes maior que o de mortos em guerras em todo o mundo), crianças na maioria, morram, a cada ano, de doenças causadas por água contaminada que provoca milhões de enfermidades.
A cada ano 500 milhões de toneladas de lixo perigoso são produzidas no mundo. Apenas os Estados Unidos da América são responsáveis por 50% desse lixo. A biodiversidade dos ecossistemas de água doce diminuiu mais de 40% de 1970 até 1990.
Já o ecossistema marinho perdeu cerca de 30% de sua biodiversidade nestes mesmos 20 anos. O consumo de fertilizantes aumentou de maneira brutal e inaceitável, saindo de 10 para 60 milhões de toneladas por ano no intervalo de 20 anos.
Desde o ano de 1960 cerca de 500.000 espécies têm desaparecido e cerca de 40.000 estão ameaçadas. O aumento da extinção pode ser agravado pelo altíssimo e desenfreado consumo humano, pela poluição dos recursos naturais, através do aquecimento global e pela elevação do nível do mar.
A nossa vingança se voltou contra nós mesmos e estamos a destruir as últimas reservas de água, floresta e toda a acumulação primitiva de recursos naturais. Estamos matando a nossa galinha dos ovos de ouro e sequer a maioria da população tem acesso aos ovos.
"Uma minoria consome os recursos naturais, que se tornam bens sofisticados, enquanto a maioria da população do planeta não sabe o que é beber água potável e alimentar-se três vezes ao dia. Apesar disso, o planeta está se exaurindo e deixando órfãs de seus recursos naturais as gerações do futuro".
No decorrer dos séculos, com o avanço da tecnologia, perdemos a cumplicidade entre o ser humano e o espaço verde que nos criou e nos alimenta. Os homens que dirigem o planeta são os antigos mamíferos que se tornaram lobos do semelhante. Eles cuidam de sua alcatéia, de sua minoria, a controlar e consumir os recursos naturais com cérebro de lobo e estômago de lagarta.
Talvez uma maldição biológica explique a nossa vingança. Nossos genes são quase iguais aos genes dos ratos. Quanto aos macacos somos mais semelhantes, além dos genes, da herança do esqueleto, da fisiologia, da fisionomia e das digitais. Somos descendentes próximos dos macacos e parentes distantes dos anjos. E ainda temos a ousadia de afirmar que somos filhos de Deus.
Durante setenta milhões de anos vivemos nas florestas. Quanto à vida humana nas cidades ainda não completou meio milhão de anos. E por que tanto desamor aos recursos naturais? Por que tanta indiferença às formas de vida indefesa das florestas e das águas?
Dentre os animais nós somos os únicos capazes de envenenar a própria água que bebemos, de matar um ser vivo sem ter a necessidade de comê-lo para saciar a fome, de escravizar o semelhante, de torturá-lo. Contraditoriamente, somos os únicos que têm alma e, se não bastasse, somos os únicos seres vivos que riem.
A verdade é que toda a nossa ferocidade ancestral e os nossos instintos mais primitivos foram organizados em leis, em códigos canônicos e em sociais convenções. O presídio de hoje é a árvore oposta que abrigava a família de símios que queria roubar os meus frutos. A civilização é uma pele humana que cobre a nossa animalidade ancestral.
Talvez, por isso, não consigamos olhar com fraternidade para as formas de vida que não riem, não torturam, não matam a si mesmas, não rezam, não escravizam. Felizmente, nossos somos a única espécie que perdoa.
Por isso a nossa aposta na espécie humana, na sua capacidade de transformar lixo em arte, de recuperar os rios, de reciclar sua urina, de fazer de um grito uma música, de transformar o desejo mais simples em utopia e de, finalmente, perceber a dimensão da dor nas formas de vida que não fazem parte da civilização.
Somente uma nova ordem humana e ecológica e uma nova filosofia de produção e de consumo serão capazes de deter a barbárie da civilização. Que os antigos espíritos dos animais da terra e das águas nos orientem no rumo ontológico de nossas origens e de nossas utopias coletivas, embebidas no orvalho amazônico da fraternidade e na cura das enfermidades da alma humana, reconstruindo o pacto sócio-ecológico entre o homem e a floresta.
* Moisés Diniz é escritor e Deputado Estadual pelo PC do B (Acre)
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