INTOLERÂNCIA NO ATENDIMENTO A IDOSOS EM UNIDADES DE SAÚDE
Antonio Carlos Quinto
Agência USP de Notícias
Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, que avaliou o atendimento a idosos em uma unidade pública de saúde de São Paulo, mostra como estas pessoas são as mais vulneráveis ao mau atendimento de parte dos servidores. “Os profissionais daquela unidade chegam a atuar de forma violenta, mesmo que involuntariamente. Não podemos generalizar e dizer que isso ocorre em todo o serviço público de saúde”, alerta a assistente social Marilia Viana Berzins. Em sua tese de doutorado Violência institucional contra a pessoa idosa: a contradição de quem cuida, a pesquisadora analisou a percepção de 16 profissionais de um serviço de emergência, entre atendentes, auxiliares de enfermagem, enfermeiros, capelão e assistentes sociais, à exceção dos médicos.
“Mesmo sabendo que algumas práticas no atendimento aos idosos beiram a violência, os profissionais envolvidos preferem culpar o colega ou até mesmo a instituição”, explica Marília. Segundo ela, o Ministério da Saúde identifica nove exemplos de situações em que há violência em relação ao idoso. “Os profissionais identificaram seis situações que prejudicam o atendimento ao idoso: a peregrinação, ou seja, a desinformação nos setores que leva o paciente a ir a vários lugares fora e dentro do próprio serviço; falta de escuta e tempo para o usuário; frieza, rispidez, falta de atendimento e negligência; maus tratos com usuários motivados por discriminação quando a questão é a idade; detrimento das necessidades e direitos do usuário; proibição ou obrigatoriedade de acompanhantes com horários rígidos e restritos.
Em relação ao último item identificado, Marilia ressalta que o acompanhamento do idoso em internações hospitalares é um direito, de acordo com o Estatuto do Idoso. "O fato de ser um direito não o torna obrigatório. Na unidade de saúde estudada os servidores tornavam o acompanhamento obrigatório, causando problemas às famílias do idoso”, revela.
Entender a velhice
A pesquisadora aponta que um dos principais problemas entre os funcionários é como eles enxergam a velhice. “Em geral vêem como uma coisa ruim, até mesmo como uma doença. Uma situação que não desejam a si próprios”, lamenta Marilia. Ela lembra que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2007, o Brasil possui 19 milhões de idosos. “Em 2030 as projeções indicam que poderemos ser 32 milhões de pessoas idosas”, cita a pesquisadora.
Entre as estratégias propostas no trabalho para melhorar essa situação, Marilia destaca uma melhor qualificação e capacitação dos funcionários que atuam no serviço público de saúde. Mas ela ressalta que o problema também está na gestão destes órgãos. “Profissionais e gestores têm de se conscientizar que velhice não significa doença e nem pobreza. O envelhecimento não é um problema social, como muitos consideram”, destaca. “É preciso discutir junto com todos os setores envolvidos o envelhecimento humano. As causas podem estar no próprio processo de trabalho. “É preciso reorganizá-lo, pois as formas de violência muitas vezes são sutis”, revela.
O cidadão, por sua vez, não reclama do mau atendimento, como salienta a pesquisadora. E isso não acontece apenas com os mais idosos, mas com a maioria das pessoas que dependem dos serviços. “Como pude verificar em outros estudos, eles não reclamam por medo de não serem atendidos.” O estudo de Marilia teve a orientação da professora Helena A. Wada Watanabe, do Departamento de Prática de Saúde Pública da FSP da USP.
Agência USP de Notícias
Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, que avaliou o atendimento a idosos em uma unidade pública de saúde de São Paulo, mostra como estas pessoas são as mais vulneráveis ao mau atendimento de parte dos servidores. “Os profissionais daquela unidade chegam a atuar de forma violenta, mesmo que involuntariamente. Não podemos generalizar e dizer que isso ocorre em todo o serviço público de saúde”, alerta a assistente social Marilia Viana Berzins. Em sua tese de doutorado Violência institucional contra a pessoa idosa: a contradição de quem cuida, a pesquisadora analisou a percepção de 16 profissionais de um serviço de emergência, entre atendentes, auxiliares de enfermagem, enfermeiros, capelão e assistentes sociais, à exceção dos médicos.
“Mesmo sabendo que algumas práticas no atendimento aos idosos beiram a violência, os profissionais envolvidos preferem culpar o colega ou até mesmo a instituição”, explica Marília. Segundo ela, o Ministério da Saúde identifica nove exemplos de situações em que há violência em relação ao idoso. “Os profissionais identificaram seis situações que prejudicam o atendimento ao idoso: a peregrinação, ou seja, a desinformação nos setores que leva o paciente a ir a vários lugares fora e dentro do próprio serviço; falta de escuta e tempo para o usuário; frieza, rispidez, falta de atendimento e negligência; maus tratos com usuários motivados por discriminação quando a questão é a idade; detrimento das necessidades e direitos do usuário; proibição ou obrigatoriedade de acompanhantes com horários rígidos e restritos.
Em relação ao último item identificado, Marilia ressalta que o acompanhamento do idoso em internações hospitalares é um direito, de acordo com o Estatuto do Idoso. "O fato de ser um direito não o torna obrigatório. Na unidade de saúde estudada os servidores tornavam o acompanhamento obrigatório, causando problemas às famílias do idoso”, revela.
Entender a velhice
A pesquisadora aponta que um dos principais problemas entre os funcionários é como eles enxergam a velhice. “Em geral vêem como uma coisa ruim, até mesmo como uma doença. Uma situação que não desejam a si próprios”, lamenta Marilia. Ela lembra que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2007, o Brasil possui 19 milhões de idosos. “Em 2030 as projeções indicam que poderemos ser 32 milhões de pessoas idosas”, cita a pesquisadora.
Entre as estratégias propostas no trabalho para melhorar essa situação, Marilia destaca uma melhor qualificação e capacitação dos funcionários que atuam no serviço público de saúde. Mas ela ressalta que o problema também está na gestão destes órgãos. “Profissionais e gestores têm de se conscientizar que velhice não significa doença e nem pobreza. O envelhecimento não é um problema social, como muitos consideram”, destaca. “É preciso discutir junto com todos os setores envolvidos o envelhecimento humano. As causas podem estar no próprio processo de trabalho. “É preciso reorganizá-lo, pois as formas de violência muitas vezes são sutis”, revela.
O cidadão, por sua vez, não reclama do mau atendimento, como salienta a pesquisadora. E isso não acontece apenas com os mais idosos, mas com a maioria das pessoas que dependem dos serviços. “Como pude verificar em outros estudos, eles não reclamam por medo de não serem atendidos.” O estudo de Marilia teve a orientação da professora Helena A. Wada Watanabe, do Departamento de Prática de Saúde Pública da FSP da USP.
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