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30 julho 2009

TEORIA DA EVOLUÇÃO NÃO FOI EXCLUSIVIDADE DE DARWIN

Um nome fundamental - Autoria da teoria da evolução deve ser dividida entre Charles Darwin e Alfred Wallace, lembra artigo

Cleber M. Polegatto, Eurípedes G. Silveira-Jr. e Pamela de Souza Joaquim
Centro Universitário Claretiano (Batatais, São Paulo)/Ciência Hoje Online

Alfred Wallace é o nome de um naturalista ainda pouco conhecido, ao menos no Brasil, mesmo entre pesquisadores e estudantes de biologia. Muitos cientistas, em todas as áreas, são praticamente desconhecidos porque seu lugar na história foi ocupado por outros que, pela real importância de seu papel na ciência ou por diversos outros motivos, ganharam fama e garantiram o título de ‘gênio’. Estes têm lugar de destaque na história da ciência e em nossa memória.

É o caso, por exemplo, do autor da primeira classificação racional de animais e plantas, o sueco Carl von Linné (1707-1778), mais conhecido como Carl Lineu; do alemão Albert Einstein (1879-1955), cujas teorias lançaram as bases da física moderna; do inglês Charles Darwin (1809-1882), criador da teoria da evolução dos seres vivos, e de mais alguns.

Esses cientistas, no entanto, não desenvolveram suas ideias isoladamente. Outros pensadores, antes deles ou na mesma época, deram contribuições valiosas para suas realizações ou já trabalhavam com as mesmas teorias. É curioso que, nos meios acadêmicos e na educação pré-universitária, muitos desses outros cientistas, embora fundamentais para a formulação das teorias a que estão vinculados, tenham seus nomes e suas obras ou descobertas ignoradas.

Quem foi Wallace e qual sua importância na profunda modificação causada pela teoria da evolução no curso da ciência e da educação?

Nascido em 1823, o britânico Alfred Russel Wallace pode ser visto como um homem à sombra de Darwin, seu conterrâneo bem mais famoso. Vale observar que Darwin e Wallace lançaram praticamente ao mesmo tempo as bases da teoria da evolução, que explica a origem e a diferenciação de todos os seres vivos.

Embora tenha passado por grandes revisões, a teoria é amplamente aceita no meio científico, mas sua aceitação depende de uma visão de mundo racional e científica, que não permite abordagens pessoais ou místicas.

Wallace na Amazônia

Em 1848, junto com o entomologista Henry W. Bates (1825-1892), Wallace partiu da Inglaterra em uma viagem ao Brasil, para coletar insetos e outros animais, estudar a rica fauna tropical e buscar explicações para a evolução dos organismos e sua imensa diversidade. O próprio Darwin já estivera no Brasil, em 1832, passando 18 dias na Bahia e três meses na então província do Rio de Janeiro.

Os outros dois naturalistas, porém, estiveram na Amazônia, onde conheceram uma realidade biológica bastante diferente da que viam na Europa. Bates ficou na Amazônia por 11 anos, e textos escritos por ele sobre os insetos amazônicos, em particular as borboletas, deixam claro o seu espanto com a biodiversidade brasileira.

Wallace voltou à Inglaterra em 1852, bem antes de Bates, mas no período em que esteve na Amazônia estudou animais e plantas. Na volta para a Inglaterra, em 1852, perdeu a coleção que fez no Brasil e parte de suas anotações no incêndio e naufrágio do navio em que viajava. Mesmo assim, publicou vários artigos e dois livros sobre suas experiências na floresta tropical.