Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

30 agosto 2009

GORDURA SUBCUTÂNEA

Gordura subcutânea da barriga não faz mal à saúde

Por Beatriz Flausino - beatriz.flausino@usp.br
Agência USP de Notícias

A gordura subcutânea da barriga, que fica logo abaixo da pele, não faz mal à saúde. Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) aponta que essa gordura não tem efeito sobre o metabolismo de mulheres que passaram por cirurgia plástica na barriga (dermolipectomia abdominal). As participantes do estudo foram mulheres obesas que passaram por cirurgia de redução do estômago (bariátrica).

“Pesquisas anteriores mostraram que a dermolipectomia abdominal causa uma melhora no metabolismo [conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior do corpo], outros que há uma piora. Concluí que não há alteração no metabolismo dessas pacientes”, explica a médica Vyvianne Azoubel Roizenblat, responsável pela tese de doutorado Efeito da dermolipectomia na sensibilidade à insulina em mulheres obesas, em fase de estabilidade de peso, após cirurgia bariátrica.

Ela também escalerece que “a gordura visceral [que fica nas camadas profundas do abdome, em volta dos órgãos] tem conhecidos efeitos negativos para a saúde, como predisposição a desenvolver doenças cardiovasculares, mas a gordura subcutânea ainda tem um papel controverso nos estudos”.

Cirurgia plástica

Logo depois de uma cirurgia de redução do estômago, por causa da grande perda de peso, muitas mulheres ficam com uma sobra de pele na barriga. Muitas delas optam por uma cirurgia plástica para remover esse excesso. Vyvianne mediu a sensibilidade à insulina nessas mulheres antes e depois da cirurgia plástica abdominal. A insulina é o hormônio responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue), pois promove o ingresso de glicose nas células. Ela também é essencial no consumo de carboidratos, na síntese de proteínas e no armazenamento de lipídios (gorduras).

O exame utilizado na pesquisa, chamado clamp euglicemico hiperinsulinemico, consiste em medir a absorção de glicose das mulheres e é considerado o metodo “padrão-ouro” para avaliar a sensibilidade à insulina. A médica explica: “se ela [a paciente] capta mais glicose durante o exame isso é bom, isso indica que ela tem menos chances de desenvolver diabetes no futuro; já se ela capta pouca glicose, significa que ela é menos sensível, ou seja, mais resistente à insulina, e que pode vir a desenvolver diabetes no futuro.”

Entre as participantes do estudo, houve diferenças nos resultados de acordo com a idade. As mais jovens (até 36,6 anos) tiveram uma melhora na sensibilidade à insulina depois da plástica. As mais velhas (acima de 36,6 anos) tiveram uma piora. Segundo Vyvianne, algumas explicações para isso são que as mulheres mais velhas têm menos massa magra. Assim, captam menos glicose e, além disso, estão mais próximas da menopausa e por isso produzem menos estrógeno, hormônio sexual feminino que tem um papel protetor na resistência à insulina.

Gordura subcutânea

Apesar de a gordura acumulada na barriga pelas mulheres que fazem cirurgia de redução do estômago não ter influência no metabolismo ela tem outras consequências.

Além de apresentar um mau efeito estético, essa gordura pode acarretar doenças de pele, como micoses, e, em alguns casos atrapalha a visualização da genitália. “Essa cirurgia tem muita procura pelas mulheres que fazem cirurgia bariátrica e aumenta a qualidade de vida e a saúde dessas mulheres. Não posso afirmar que há uma melhora no metabolismo, mas posso dizer que não fará mal a elas”, explica Vyvianne.