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28 agosto 2009

QUEIMANDO A FLORESTA EM NOME DA CIÊNCIA

IPAM põe fogo em floresta no final de agosto

Oswaldo de Carvalho Junior, do IPAM

Fogo é um importante agente de transformação da paisagem da Amazônia. Anualmente fogos rasteiros de baixa intensidade queimam milhares de quilômetros quadrados de floresta desta região. Para estudar os efeitos desse fogo nessas florestas, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e The Woods Hole Research Center (WHRC) vão queimar 50 hectares (ha) de floresta em uma área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica no final do mês de agosto. Este é o maior experimento com fogo experimental em áreas tropicais do mundo e acontecerá em uma Fazenda do grupo Maggi, no município de Querência, Mato Grosso.

A pesquisa foi iniciada em 2004, com o objetivo de identificar e quantificar variáveis que controlam o comportamento do fogo em florestas de transição da Amazônia. Além disso, o experimento tem como objetivo identificar qual a intensidade e a frequência de incêndios que poderiam causar a transformação das florestas da Amazônia em florestas secundárias empobrecidas, de maneira permanente.

O experimento está sendo conduzido em uma área de 150 ha, divididas em três parcelas onde 50 ha não sofrem queimadas – área controle -, 50 ha são queimadas anualmente e outros 50 ha são queimados a cada três anos. Nessas parcelas, são coletados diversos tipos de informações como: espécies de árvores, seu tamanho e abundância, estrutura da floresta (abertura de copa), número de plântulas, medidas do material combustível no chão (galhos e folhas) e também alguns grupos de animais.

Após o fogo, todas essas informações são coletadas novamente de forma a avaliar como este ambiente está reagindo ao fator de degradação. A temperatura e a umidade locais também são monitoradas antes e depois do fogo, para detectar mudanças no microclima da floresta, e a umidade de solo é medida para verificar como essas mudanças estão afetando a disponibilidade de água no solo.

Para realizar o experimento, várias medidas de segurança são tomadas, tanto para garantir a segurança dos pesquisadores e suas equipes como para que o fogo não escape para áreas adjacentes ao experimento.

Os resultados atuais mostram que as florestas de transição são extremamente vulneráveis a incêndios recorrentes. A mortalidade de árvores e cipós aumentou 80% e 120%, respectivamente, em relação ao controle. Além disso, os incêndios florestais acarretaram uma diminuição na quantidade de espécies de 50% em relação a florestas não afetadas pelo fogo. Mais ainda, essas áreas tornam-se mais suscetíveis à invasão de gramíneas não nativas, dificultando a regeneração natural da vegetação.

Saiba mais: Experimento Savanização