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02 setembro 2009

A HORA DO REFERENDO SOBRE O FUSO HORÁRIO...NO PARÁ

"Na época da ...mudança, poucas pessoas no oeste do Pará reagiram, por indiferença ou por não se darem conta dos efeitos danosos à população...Agora, um ano depois do fato consumado, quando os efeitos mais negativos se tornam evidentes, como nas crianças e adolescentes que freqüentam escolas, quando Igrejas sentem dificuldade de atender a seus congregados que tinham um horário anterior adequado para celebrações e sofreram com a mudança..."

por Edilberto Sena (*)
Blog do Jeso

Edilberto Sena“Todas as coisas são…mistério, mistério…” diz uma cantiga. Mistério é a vida, o frio, o calor; mistério é o ser humano e o amor. O ser humano e o amor são tão misteriosos mesmo. Observe isto: há um ano, os políticos lá em Brasília cometeram mais uma arbitrariedade política com efeitos sociais sobre os povos da Amazônia, inclusive Santarém. Sem consultar a gente daqui, decidiram mudar o horário do Norte, igualando ao horário da capital federal.

Na época da violência da mudança, poucas pessoas no oeste do Pará reagiram, por indiferença ou por não se darem conta dos efeitos danosos à população. Interessante que Manaus ficou de fora da mudança. Dizia um político amazonense que o povo de lá tinha quem defendesse suas cultura, já no Pará o povo estaria sem políticos comprometidos com suas causas.

O horário do Sol, como era normal na região, foi deixado de lado. Todos do oeste do Pará tiveram que se adequar à imposição dos grandes de Brasília. Agora, um ano depois do fato consumado, quando os efeitos mais negativos se tornam evidentes, como nas crianças e adolescentes que freqüentam escolas, quando Igrejas sentem dificuldade de atender a seus congregados que tinham um horário anterior adequado para celebrações e sofreram com a mudança, o presidente da Câmara de vereadores tomou iniciativa de buscar uma solução. Convocou vários representantes da sociedade para discutir e encontrar uma estratégia para uma mudança de horário.

O bom senso e o auto respeito começaram a funcionar. Compareceram representantes dos meios de comunicação social, diretores de escolas, representantes de empresários e comerciantes, um padre e um pastor protestante. O debate foi rico, cheio de pontos de vistas até divergentes. Duas propostas tomaram caminho: uma de toda a sociedade se adequar ao novo horário, que já funciona há um ano, afinal, diziam uns, as coisas já estão funcionado há um ano.

A outra proposta era de se lutar com firmeza para se respeitar o antigo horário, que nos levava a viver normalmente.

Como não houve consenso entre os participantes foi levantada a proposta de se fazer um referendo popular para consulta dos e das eleitoras da região. Aceita a proposta, o presidente da Câmara se comprometeu em produzir o material gráfico para a consulta popular e todos os participantes se comprometeram em promover nas igrejas, escolas, emissoras e sindicatos, a chamada para assinatura da consulta.

Duas questões serão o ponto da votação: 1ª) você é a favor que o horário de nossa região seja o original com uma hora diferente de Belém? Sim x Não; 2ª) você é a favor que toda a população da região se conforme com o atual horário decidido pelo Congresso Nacional – Sim x Não.

Embora os políticos não tenham feito a consulta, a população mostrará sua dignidade manifestando sua vontade e, então, a Câmara de Vereadores encaminhará o resultado com solicitação que os políticos escutem a voz do povo e a respeitem. Quando a democracia representativa não funciona a pressão direta deve ser respeitada.

O que não é mais possível se ficar indiferente quando está em jogo a vida e a cultura do povo. Sabe-se que também, ainda que tardiamente, o Acre e do Mato Grosso do Sul estão reagindo contra a imposição dos políticos e querem a volta do horário original. Se a pressão for grande e unida, não há haverá força contra ela.

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* É padre diocesano. Diretor da Rádio Rural AM de Santarém, escreve regularmente neste blog.

NOTA DO BLOG: Os paraenses, mais que os acreanos, foram vítimas dos políticos nessa questão da mudança do fuso horário. Ainda bem que acordaram para o problema que a mudança representa. Agora a luta pelo referendo se dá em duas frentes amazônicas: no oeste e no leste. Prá frente Flaviano Melo, não dê o braço a torcer nesta questão do referendo!