REMÉDIO AJUDA A PARAR DE FUMAR E BEBER AO MESMO TEMPO
Por Nilbberth Silva - nilbberth.silva@usp.br
Agência USP de Noticias
Alcoolistas que fumam têm mais dificuldade para parar de beber. Pensando nesse grupo, pesquisadores da USP estudaram o topiramato, droga usada para tratar enxaqueca e epilepsia, e verificaram que ele ajuda alcoolistas a fumar e beber menos — mesmo que não desejem interromper o fumo durante o tratamento contra álcool.
“Muitos dos dependentes não querem parar as duas drogas ao mesmo tempo”, diz o psiquiatra Danilo Baltieri, responsável pela pesquisa. “Muitos aumentam o consumo de cigarro como forma de lidar com a abstinência de álcool, uma droga que consideram mais grave. É muito difícil parar as duas ao mesmo tempo”.
Baltieri comparou 155 homens alcoólatras, entre eles, 103 fumantes. Os dois grupos receberam ajuda para parar de beber e foram divididos em três subgrupos. Alguns receberam topiramato, outros uma droga chamada naltrexona e outros, placebo — uma pílula igual às outras, mas feita com amido, sem nenhum princípio ativo.
Menos cigarros
Os homens que tomaram topiramato passaram a consumir 40% menos cigarros, em média. Já os que tomaram naltrexona e a pílula de amido reduziram em 10% o número de cigarros. Todos os grupos fumaram menos mesmo sem nenhuma orientação sobre como parar de fumar, porque, com o tratamento, beberam menos.
Depois, os pesquisadores compararam os resultados do tratamento entre fumantes e não fumantes. Os fumantes bebiam mais e tinham um risco 65% maior de recaída. O resultado confirma pesquisas anteriores. O consumo de álcool estimula o tabagismo e vice-versa.
“O álcool e a nicotina atuam juntos”, diz Baltieri. “O álcool é geralmente inibidor e a nicotina excitatória”. No entanto, a redução de cigarros no grupo que ingeriu topiramato foi significante, e não simplesmente relacionada com a diminuição do consumo de bebida.
O topiramato é uma medicação que controla a impulsividade e a ansiedade. Ele age no cérebro, bloqueando a ação de uma substância chamada glutamato, relacionada com os sintomas de abstinência do álcool. Assim, ela também controla a vontade de voltar a beber e fumar.
“Devido a isso, é tentador teorizar que o topiramato tenha efeitos anti-fumo entre alcoolistas fumantes ajude a reduzir o consumo de cigarros entre alcoolistas”, dizem os autores em seu estudo. Segundo Baltieri, os pesquisadores ainda precisam de mais certeza sobre os efeitos anti-fumo do topiramato.
Tratamento
Já se sabia que o topiramato pode ajudar a tratar o tabagismo e o alcoolismo, mas o estudo de Baltieri é o terceiro no mundo a verificar que a medicação pode ajudar nas duas dependências ao mesmo tempo. Não há um procedimento padrão para combater os dois vícios simultaneamente. “A possibilidade de que um tratamento farmacológico possa ser desenhado para tratar ambas as condições abre novos horizontes para pacientes e médicos”, afirma o especialista.
Quem precisa parar com as duas drogas deve procurar um psiquiatra especializado em dependência química para decidir com ele a melhor forma de tratamento. Para algumas pessoas, o topiramato possui alguns efeitos colaterais — por isso não é seguro consumi-lo sem receita médica.
O artigo Effects of Topiramate or Naltrexone on Tobacco Use Among Male Alcohol-Dependent foi publicado na edição de novembro da revista Drug and Alcohol Dependence.
Agência USP de Noticias
Alcoolistas que fumam têm mais dificuldade para parar de beber. Pensando nesse grupo, pesquisadores da USP estudaram o topiramato, droga usada para tratar enxaqueca e epilepsia, e verificaram que ele ajuda alcoolistas a fumar e beber menos — mesmo que não desejem interromper o fumo durante o tratamento contra álcool.
“Muitos dos dependentes não querem parar as duas drogas ao mesmo tempo”, diz o psiquiatra Danilo Baltieri, responsável pela pesquisa. “Muitos aumentam o consumo de cigarro como forma de lidar com a abstinência de álcool, uma droga que consideram mais grave. É muito difícil parar as duas ao mesmo tempo”.
Baltieri comparou 155 homens alcoólatras, entre eles, 103 fumantes. Os dois grupos receberam ajuda para parar de beber e foram divididos em três subgrupos. Alguns receberam topiramato, outros uma droga chamada naltrexona e outros, placebo — uma pílula igual às outras, mas feita com amido, sem nenhum princípio ativo.
Menos cigarros
Os homens que tomaram topiramato passaram a consumir 40% menos cigarros, em média. Já os que tomaram naltrexona e a pílula de amido reduziram em 10% o número de cigarros. Todos os grupos fumaram menos mesmo sem nenhuma orientação sobre como parar de fumar, porque, com o tratamento, beberam menos.
Depois, os pesquisadores compararam os resultados do tratamento entre fumantes e não fumantes. Os fumantes bebiam mais e tinham um risco 65% maior de recaída. O resultado confirma pesquisas anteriores. O consumo de álcool estimula o tabagismo e vice-versa.
“O álcool e a nicotina atuam juntos”, diz Baltieri. “O álcool é geralmente inibidor e a nicotina excitatória”. No entanto, a redução de cigarros no grupo que ingeriu topiramato foi significante, e não simplesmente relacionada com a diminuição do consumo de bebida.
O topiramato é uma medicação que controla a impulsividade e a ansiedade. Ele age no cérebro, bloqueando a ação de uma substância chamada glutamato, relacionada com os sintomas de abstinência do álcool. Assim, ela também controla a vontade de voltar a beber e fumar.
“Devido a isso, é tentador teorizar que o topiramato tenha efeitos anti-fumo entre alcoolistas fumantes ajude a reduzir o consumo de cigarros entre alcoolistas”, dizem os autores em seu estudo. Segundo Baltieri, os pesquisadores ainda precisam de mais certeza sobre os efeitos anti-fumo do topiramato.
Tratamento
Já se sabia que o topiramato pode ajudar a tratar o tabagismo e o alcoolismo, mas o estudo de Baltieri é o terceiro no mundo a verificar que a medicação pode ajudar nas duas dependências ao mesmo tempo. Não há um procedimento padrão para combater os dois vícios simultaneamente. “A possibilidade de que um tratamento farmacológico possa ser desenhado para tratar ambas as condições abre novos horizontes para pacientes e médicos”, afirma o especialista.
Quem precisa parar com as duas drogas deve procurar um psiquiatra especializado em dependência química para decidir com ele a melhor forma de tratamento. Para algumas pessoas, o topiramato possui alguns efeitos colaterais — por isso não é seguro consumi-lo sem receita médica.
O artigo Effects of Topiramate or Naltrexone on Tobacco Use Among Male Alcohol-Dependent foi publicado na edição de novembro da revista Drug and Alcohol Dependence.
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