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19 maio 2010

ERRADICAÇÃO DA TUBERCULOSE CADA VEZ MAIS DISTANTE

Artigo na The Lancet destaca que se ritmo atual de queda nos casos de tuberculose no mundo se mantiver, o objetivo da ONU de eliminar a doença até 2050 não será alcançado

Erradicação em risco

Agência FAPESP – No período entre 1995 e 2008, 36 milhões de pessoas foram curadas da tuberculose, com cerca de 6 milhões de vidas salvas. Mas o cenário da doença no mundo ainda está longe do desejável, uma vez que ela ainda provoca em torno de 1,8 milhão de mortes por ano.

O impacto é maior nos países mais pobres, nos quais a tuberculose é uma das principais causas de óbito entre a população economicamente produtiva, destaca artigo publicado na The Lancet, o primeiro de uma série de oito sobre a doença a ser publicada pela revista médica.

Assinado por Mario Raviglione, do Departamento Stop TB da Organização das Nações Unidas (ONU), e colegas, o texto aponta que em 2008 o mundo ainda tinha cerca de 11 milhões de casos ativos de tuberculose, dos quais 95% se encontavam em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos.

Os pesquisadores descrevem o impacto mundial provocado pela doença e o que pode ser feito para que ela seja erradicada até 2050, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela ONU. O objetivo de acabar com o crescimento da doença e reverter sua incidência foi atingido em 2004, mas, segundo os autores do artigo, ainda há muito a ser feito nas próximas décadas.

De acordo com Raviglione e colegas, os medicamentos disponíveis atualmente são capazes de curar a maior parte dos casos de tuberculose e tal intervenção é altamente eficaz com relação ao custo envolvido, levando a ganhos econômicos de até dez vezes o despendido no tratamento.

Os pesquisadores destacam que a rápida padronização no diagnóstico e no tratamento da tuberculose, conforme recomendada pela Organização Mundial de Saúde, teve um efeito altamente positivo no combate à doença.

Mas o declínio atual da incidência é de menos de 1% ao ano e, caso seja mantido, segundo os autores do artigo, a meta de diminuir pela metade, até 2015, as taxas de prevalência e morte verificadas em 1990 será atingida em algumas regiões, mas não em todas.

Para Raviglione e colegas, a conclusão é que atingir a erradicação da tuberculose em 2050 não será possível com as abordagens e tecnologias disponíveis atualmente para o combate da doença.

Segundo eles, as taxas de diagnóstico da tuberculose precisam ser melhoradas substancialmente, com os casos sendo identificados muito antes do que ocorre atualmente. Outra medida sugerida é o aumento da sinergia do tratamento da tuberculose com o de outras doenças, como a Aids.

A coinfecção de HIV e tuberculose é um grande problema, especialmente na África, mas dos cerca de 1,4 milhão de pessoas que os cientistas estimam ser portadores dos dois, apenas 357 mil (menos de 25%) foram identificados em 2008.

A presença do HIV aumenta o risco de contrair tuberculose em mais de 20 vezes. Desnutrição, fumo, diabetes e abuso de álcool podem (cada um dos fatores) aumentar o risco em três vezes.

Vinte e dois países, entre os quais Brasil, China, Índia e África do Sul, respondem por 80% dos casos de tuberculose no mundo.

“Acelerar o declínio atual rumo à erradicação da tuberculose exigirá ações vigorosas em quatro áreas principais: melhoria contínua do diagnóstico inicial e do tratamento apropriado em conformidade com a Estratégia Stop TB; desenvolvimento e fortalecimento de políticas arrojadas nos sistemas de saúde; estabelecimento de ligações com as agendas de desenvolvimento dos países; e promoção e intensificação da pesquisa”, destacaram os autores.

O artigo Tuberculosis control and elimination 2010–50: cure, care, and social development (DOI:10.1016/S0140-6736(10)60483-7), de Mario Raviglione e outros, pode ser lido por assinantes da The Lancet em www.thelancet.com.

Mais informações sobre tuberculose: www.stoptb.org.

(Foto: Stop TB)