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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

15 novembro 2010

NOVOS RUMOS PARA A CULTURA ACREANA

UM PITACO SEM SER CHAMADA

Fátima Almeida*

As eleições já passaram e agora vem o Natal e o Ano Novo. Brasileiro é assim, acreano é assim. De minha parte, aguardo as nomeações para saber o que vai mudar no time dos titulares do governo do Acre. A parte a qual sou mais chegada, no coração, é a cultura. Estou otimista depois de algo que um passarinho me contou sobre uma movimentação nos bastidores para que Francis Mary Alves de Lima assuma a presidência da Fundação Elias Mansur.

Acredito que o próprio Elias Mansour, que já está do outro lado, ficará satisfeito porque nós costumávamos ir tomar cafezinho no final da tarde com ele, em seu gabinete, onde tínhamos entrada mais do que franca sem o menor protocolo. E quando não tínhamos o que fazer, após o tradicional encontro na praça.

Além do mais, a Francis Mary é uma das dirigentes do PT que não subiu no salto, como se diz, não mudou o modo de tratar as pessoas, sem contar que é competente e que o Procon do Acre, o qual ela dirige, é um lugar onde somos tratados com amabilidade, eficiência e rapidez. Ela permanece em contato com as comunidades, trabalhando com afinco para estender o exercício da cidadania ao maior número de pessoas.

De mais a mais, a trajetória dela no meio artístico-cultural, é do conhecimento de todos, desde meados dos anos 70, como poeta, co-autora de peças teatrais, atriz e jornalista, sempre em defesa do meio ambiente, dos direitos imemoriais dos povos indígenas, da liberdade de pensamento e expressão. É do meio, conhece a todos e apresenta uma longa jornada.

Nada tenho contra o atual presidente, com quem nunca pude sequer conversar. Nas raras vezes em que tentei isso fui tratada de forma seca, curta e grossa, pela pessoa que ocupa o cargo de chefe de gabinete.

A primeira vez, quando estava tentando publicar o livro do Joseh Alexandre, do PT, da CUT, assassinado brutalmente, cujos poemas vieram às minhas mãos e cujo trabalho de organização da obra para publicação me consumiu as horas vagas por um par de meses. A segunda vez, quando, em cadeira de rodas, devido a uma fratura na perna, precisava saber das condições de acesso ao Teatro Plácido porque queria participar da audiência sobre a nova função do Casarão, em reforma, e queria, que petulância, um carro com motorista que me levasse e trouxesse para casa. A mesma, curta e seca, me mandou ligar para outro setor que por sua vez, não sabia nada a respeito. Bom, fiquei em casa olhando para o tempo, sem incomodar as pessoas mais próximas que estavam ocupadas.

Mesmo assim nunca deixei de colaborar com a Fundação Elas Mansour na qualidade de parecerista de patrimônio histórico, sempre que me convidaram. Nunca procurei privilégios, mas tenho várias pastas com recortes de jornais que atestam a minha participação do meio artístico de Rio Branco e que não é de se desprezar. Acredito que eu mereceria, por parte daquela senhora, chefe de gabinete, um mínimo de atenção.

Não tenho, em absoluto, a menor intenção de atuar na área de forma institucionalizada, nem mesmo de modo informal, mas gostaria de ser tratada com mais respeito à minha história de vida, porque queiram ou não, eu sou uma referência no meio cultural acreano e, por isso, fico contente com a possibilidade de que o novo gestor ou a gestora seja alguém com o perfil de Francis Mary. Ela é tranqüila, consciente, comprometida, com trânsito em todas as gerações, com boa memória e, sobretudo, uma boa amiga de todos nós, dos avessos e dos direitos. Ademais, é uma boa acreana, honesta, com horizonte bem aberto.

*Fátima Almeida é historiadora

Artigo originalmente publicado no Blog do Altino Machado