OBSESSÃO DA HORA
A questão do fuso horário e as erráticas atitudes da Frente Popular em relação à mesma desnudaram para o povo uma Frente Popular que as vitórias recorrentes ocultavam. O preço político vai ser alto. Esperem e verão.
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
O jornal A Tribuna informa que divulgará em breve pesquisa sobre a opinião da população a respeito da iniciativa do senador Anibal Diniz (PT-AC) de apresentar proposta de plebiscito sobre o fuso horário do Acre. Segundo o jornal, a pesquisa mostrará que mais de 60% dos entrevistados ‘quer que seja mantido o horário atual e que não seja implantado o resultado do plebiscito’.
Leitores atentos observarão a coincidência do timing entre a divulgação da pesquisa e a proposição do plebiscito pelo senador acreano. Entretanto, o que os editores do jornal e o senador acreano esqueceram, ou estão fazendo de conta que não estão vendo, é que muitos eleitores e observadores de longa data do cenário político acreano sabem que a tal pesquisa foi feita sob encomenda, com perguntas elaboradas de tal forma que os resultados que ‘eles’ esperam serão obtidos. Tem que ser assim, pois a razão de pesquisas desse tipo é encher os olhos, corações e mentes dos que a encomendam.
Foi assim na eleição de 2010 quando diários e sites locais francamente favoráveis aos candidatos da Frente Popular, divulgaram, na véspera do pleito, uma ‘pesquisa interna’ colocando Edvaldo Magalhães à frente de Sérgio Petecão na disputa pela segunda vaga para o Senado. O resultado da tentativa de marmelada foi que o TRE-AC aplicou multa de R$ 50 mil em cada um dos veículos de comunicação envolvidos.
Parece que a lição não foi aprendida e a prática de realizar ‘pesquisas de opinião’ com perguntas do tipo pegadinha, tendenciosas e outras do tipo, continua firmemente arraigada em parte da imprensa local, que, coincidentemente, depende, para sua sobrevivência, das verbas estatais. Uma prática que, infelizmente, conta com o aval de importantes dirigentes da Frente Popular que parecem não se esforçar em aprender lições da virtual derrota de 2010.
Quem tem acompanhado a política no Acre nestes últimos 2-3 anos ficou com a nítida impressão de que, de uma hora para a outra, a Frente Popular perdeu o apelo popular porque parece que o povo passou a não ter importância para alguns de seus dirigentes. Quem milita, militou, nutria ou ainda nutre alguma simpatia por ações e iniciativas desse grupo político que fez um excelente trabalho à frente da administração do Estado nestes últimos 12 anos seguramente fica apreensivo, angustiado e muitas vezes revoltado com essa atitude.
Mas onde tudo começou a dar errado? Onde está a gênese dos problemas que levaram a Frente Popular para o corner do ringue?
De minha parte, acredito firmemente que a gênese dos problemas reside na alteração autoritária do fuso horário acreano. Todo mundo – na Frente Popular – sabia que a mudança feita por decreto era um erro muito grave, pois excluía de forma explícita e sem pudor aqueles que a alçaram ao poder, o povo. Mesmo assim pouquíssimas vozes no seio da Frente Popular se levantaram contra o erro capital. Hoje está claro que a aparente unanimidade política da Frente em favor da mudança autoritária do fuso se impôs por questões de sobrevivência política e financeira visto que a realização do referendo em 2010 coincidiu com eleições gerais. E nessa situação, quem tem a chave do cofre que irriga financeiramente as campanhas impõe sua vontade sem a necessidade de abrir a boca ou bajular para conseguir apoios para a maioria de suas pretensões.
A derrota no referendo sobre o fuso horário em 2010 desnorteou a cúpula dirigente da Frente Popular. No lugar de mostrar humildade e tomar atitudes que indicassem claramente que a vontade da população seria respeitada, prevaleceu um rancor que levou alguns de seus expoentes a trabalhar pela postergação e negação da implementação do resultado do pleito. Com isso eles apenas prolongaram a exposição, sangria melhor dizendo, que a derrota causou ao movimento.
E os prejuízos eleitorais foram significativos, pois abriram perspectivas para a oposição que de outra forma não existiam. Se não vejamos. Jorge Viana fez um excelente trabalho à frente do governo acreano. Binho Marques, pela sua discrição natural, não foi um astro, mas deixou um legado de obras e ações que não o desmerecem. Angelim cumpriu uma excelente administração em seu primeiro período à frente da prefeitura de Rio Branco. E seu segundo período, embora menos intenso, não foi ruim. E mesmo assim, a derrota do candidato da Frente Popular nas eleições para a prefeitura de Rio Branco é quase certa. Quais as razões? Muitos dizem que o povo cansou da Frente Popular. Isso não existe.
A questão do fuso horário e as erráticas atitudes da Frente Popular em relação à mesma é que desnudaram para o povo uma Frente Popular que as vitórias recorrentes ocultavam. Autoritarismo, arrogância, desprezo pela vontade popular, inconformismo com a derrota, desejo de atingir políticos da oposição que se aproveitaram da questão. Todas essas fragilidades afloraram e a oposição soube capitalizar eleitoralmente.
Politicamente isso não é condenável, não é errado. Condenável politicamente é persistir em uma atitude francamente desafiadora do senso comum, da vontade popular já expressada nas urnas. E isso o senador Anibal Diniz (PT-AC) e parte da imprensa local insistem em fazer. O preço político a ser pago vai ser alto. Esperem e verão.
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
O jornal A Tribuna informa que divulgará em breve pesquisa sobre a opinião da população a respeito da iniciativa do senador Anibal Diniz (PT-AC) de apresentar proposta de plebiscito sobre o fuso horário do Acre. Segundo o jornal, a pesquisa mostrará que mais de 60% dos entrevistados ‘quer que seja mantido o horário atual e que não seja implantado o resultado do plebiscito’.
Leitores atentos observarão a coincidência do timing entre a divulgação da pesquisa e a proposição do plebiscito pelo senador acreano. Entretanto, o que os editores do jornal e o senador acreano esqueceram, ou estão fazendo de conta que não estão vendo, é que muitos eleitores e observadores de longa data do cenário político acreano sabem que a tal pesquisa foi feita sob encomenda, com perguntas elaboradas de tal forma que os resultados que ‘eles’ esperam serão obtidos. Tem que ser assim, pois a razão de pesquisas desse tipo é encher os olhos, corações e mentes dos que a encomendam.
Foi assim na eleição de 2010 quando diários e sites locais francamente favoráveis aos candidatos da Frente Popular, divulgaram, na véspera do pleito, uma ‘pesquisa interna’ colocando Edvaldo Magalhães à frente de Sérgio Petecão na disputa pela segunda vaga para o Senado. O resultado da tentativa de marmelada foi que o TRE-AC aplicou multa de R$ 50 mil em cada um dos veículos de comunicação envolvidos.
Parece que a lição não foi aprendida e a prática de realizar ‘pesquisas de opinião’ com perguntas do tipo pegadinha, tendenciosas e outras do tipo, continua firmemente arraigada em parte da imprensa local, que, coincidentemente, depende, para sua sobrevivência, das verbas estatais. Uma prática que, infelizmente, conta com o aval de importantes dirigentes da Frente Popular que parecem não se esforçar em aprender lições da virtual derrota de 2010.
Quem tem acompanhado a política no Acre nestes últimos 2-3 anos ficou com a nítida impressão de que, de uma hora para a outra, a Frente Popular perdeu o apelo popular porque parece que o povo passou a não ter importância para alguns de seus dirigentes. Quem milita, militou, nutria ou ainda nutre alguma simpatia por ações e iniciativas desse grupo político que fez um excelente trabalho à frente da administração do Estado nestes últimos 12 anos seguramente fica apreensivo, angustiado e muitas vezes revoltado com essa atitude.
Mas onde tudo começou a dar errado? Onde está a gênese dos problemas que levaram a Frente Popular para o corner do ringue?
De minha parte, acredito firmemente que a gênese dos problemas reside na alteração autoritária do fuso horário acreano. Todo mundo – na Frente Popular – sabia que a mudança feita por decreto era um erro muito grave, pois excluía de forma explícita e sem pudor aqueles que a alçaram ao poder, o povo. Mesmo assim pouquíssimas vozes no seio da Frente Popular se levantaram contra o erro capital. Hoje está claro que a aparente unanimidade política da Frente em favor da mudança autoritária do fuso se impôs por questões de sobrevivência política e financeira visto que a realização do referendo em 2010 coincidiu com eleições gerais. E nessa situação, quem tem a chave do cofre que irriga financeiramente as campanhas impõe sua vontade sem a necessidade de abrir a boca ou bajular para conseguir apoios para a maioria de suas pretensões.
A derrota no referendo sobre o fuso horário em 2010 desnorteou a cúpula dirigente da Frente Popular. No lugar de mostrar humildade e tomar atitudes que indicassem claramente que a vontade da população seria respeitada, prevaleceu um rancor que levou alguns de seus expoentes a trabalhar pela postergação e negação da implementação do resultado do pleito. Com isso eles apenas prolongaram a exposição, sangria melhor dizendo, que a derrota causou ao movimento.
E os prejuízos eleitorais foram significativos, pois abriram perspectivas para a oposição que de outra forma não existiam. Se não vejamos. Jorge Viana fez um excelente trabalho à frente do governo acreano. Binho Marques, pela sua discrição natural, não foi um astro, mas deixou um legado de obras e ações que não o desmerecem. Angelim cumpriu uma excelente administração em seu primeiro período à frente da prefeitura de Rio Branco. E seu segundo período, embora menos intenso, não foi ruim. E mesmo assim, a derrota do candidato da Frente Popular nas eleições para a prefeitura de Rio Branco é quase certa. Quais as razões? Muitos dizem que o povo cansou da Frente Popular. Isso não existe.
A questão do fuso horário e as erráticas atitudes da Frente Popular em relação à mesma é que desnudaram para o povo uma Frente Popular que as vitórias recorrentes ocultavam. Autoritarismo, arrogância, desprezo pela vontade popular, inconformismo com a derrota, desejo de atingir políticos da oposição que se aproveitaram da questão. Todas essas fragilidades afloraram e a oposição soube capitalizar eleitoralmente.
Politicamente isso não é condenável, não é errado. Condenável politicamente é persistir em uma atitude francamente desafiadora do senso comum, da vontade popular já expressada nas urnas. E isso o senador Anibal Diniz (PT-AC) e parte da imprensa local insistem em fazer. O preço político a ser pago vai ser alto. Esperem e verão.
2 Comments:
a frente popular precisa perder a arrogancia, e buscar a humildade que a conduziu ao poder,o povo é conformista mas agua mole em pedra dura, tanto bate ate que fura.
Concordo com suas palavras. Ignorar a vontade popular em troca de favores políticos e financeiros parece está virando um hábito no Brasil, não apenas no Acre. E um bom exemplo disso é a discussão sobre o "Novo Código Florestal". Eu, por exemplo, apoiei a Frente Popular desde a primeira vez que votei. Hoje, as coisas mudaram de figura. A Oposição já percebeu isso e certamente aproveitará a oportunidade. Ou a Frente reaprende a ser Popular ou terão de habituar-se a ser completamente ignorados pela população.
Postar um comentário
<< Home