VOCÊ AINDA CONFIA NO IBOPE?
Evandro Ferreira/Blog Ambiente Acreano
Com informações do site G1/Globo
[Corrigida e ampliada as 08:27h]
No mês passado a cidade de Rio Branco viveu uma intensa disputa política e jurídica envolvendo a proibição da divulgação de uma pesquisa do IBOPE sobre a preferência dos eleitores da capital na corrida pela prefeitura da cidade.
O candidato da oposição, e franco favorito para vencer o pleito, Tião Bocalom (PSDB), alegou que o IBOPE havia utilizado um formulário de pesquisa que favoreceu a declaração, por parte dos entrevistados, de intenção de voto no candidato situacionista, Marcus Alexandre, do PT, que governa o estado e a cidade de Rio Branco.
Isso aconteceu, segundo Bocalom, porque além das perguntas relativas à eleição, o formulário do IBOPE incluiu questões relativas ao nome, endereço e empregadores dos entrevistados. Como no Acre a maior parte das pessoas atua no setor público, muitas com contrato de trabalho temporário no governo estadual e na prefeitura da capital, os entrevistados nessa condição, temendo possível represália caso os dados da pesquisa cheguem às mãos dos atuais administradores do estado e da cidade, terminaram por declarar intenção de voto no candidato governista.
Apesar da querela jurídica que retardou a divulgação da pesquisa, o resultado da mesma foi surpreendente pelo fato de Marcus Alexandre, o candidato apoiado pela atual administração municipal e pelo governo do estado, ter aparecido como o líder nas intenções de votos.
O histórico do IBOPE no Acre não é dos melhores quando o assunto é indicar corretamente - dentro da margem de erro - a votação recebida pelos candidatos majoritários oposicionistas que concorrem com candidatos do grupo político liderado pelo Partido dos Trabalhadores. Em 2010, uma pesquisa do IBOPE divulgada na véspera do primeiro turno da eleição para o governo do estado indicava que Tião Bocalom iria alcançar apenas 39% dos votos, considerando uma margem de erro de ± 3%. A apuração dos votos pelo Tribunal Regional Eleitoral, entretanto, mostrou que Bocalom teve 49,18% dos sufrágios. Um erro de mais de 10%! Mais um pouco e Bocalom teria ganho a eleição no primeiro turno.
Por esta razão, partidários da oposição acreana ficam irados e desdenham do instituto de pesquisa, alegando que o mesmo manipula de forma descarada os resultados das mesmas para favorecer os candidatos situacionistas. Provas concretas ainda não foram apresentadas para justificar a tal manipulação. Pelo menos no caso do Acre.
Mas um fato envolvendo o IBOPE na cidade de João Pessoa, Paraíba, serviu para alimentar ainda mais a fogueira daqueles que desconfiam de possíveis manipulações por parte do referido instituto. Na terça-feira (04/08), a justiça eleitoral paraibana suspendeu a realização de uma pesquisa do IBOPE para determinar a intenção de votos para prefeito em João Pessoa porque um dos formulários usados na pesquisa omitia o nome de uma das candidatas concorrentes.
O pesquisador do IBOPE, Ricardo Miranda, detido enquanto realizava a pesquisa, trazia consigo uma cédula do questionário em que não constava o nome de Estelizabel Bezerra, candidata pelo PSB (veja imagem acima). O coordenador jurídico da campanha da candidata prejudicada, Marcelo Weick, explicou que decidiu acionar a Justiça depois que um dos entrevistados, Joel Cavalcanti, informou à assessoria jurídica da candidata que recebeu o pesquisador em sua casa e percebeu a falta do nome de Estelizabel Bezerra.
Depois que o assunto se tornou público na imprensa local, e antes da justiça eleitoral paraibana se pronunciar, o IBOPE emitiu nota tentando minimizar a 'falha'. Ele reconheceu que o nome de Estela Bezerra estava mesmo ausente da cédula de pesquisa, mas que continuaria a realizar o trabalho, pois o problema não causaria (sic) qualquer interferência nos resultados da pesquisa.
Após a justiça eleitoral se pronunciar em favor da suspensão da pesquisa, o IBOPE emitiu outra nota afirmando que havia decidido cancelar a pesquisa. Na nota ele reafirma que a pesquisa iniciada ‘não apresentava qualquer irregularidade’ e que a falha na impressão da cédula sem o nome da candidata do PSB não iria trazer qualquer impacto sobre o resultado da pesquisa. A nota se encerra com a afirmação de que “o IBOPE, comprometido com a lisura de suas pesquisas e com sua credibilidade, decidiu interromper e cancelar a pesquisa que estava sendo conduzida neste momento. Oportunamente será agendada uma nova rodada de pesquisa eleitoral neste município."
O que dizer de tudo isso? E se não tivesse havido a denúncia?
Ser eleitor não é fácil. Afora a dificuldade de escolher um, entre centenas de candidatos que tudo prometem para se eleger, o eleitor tem que ser bastante criterioso para não se deixar influenciar com os resultados de pesquisas divulgadas em profusão durante o período eleitoral. Existem pesquisas eleitorais e ‘pesquisas eleitorais’. Não é fácil diferenciá-las, pois as diferenças são muitas vezes detalhes sutis, quase imperceptíveis.
Por isso, com tudo que tenho lido e observado, estou me convencendo de uma coisa: “quem quiser que acredite e se iluda com as pesquisas eleitorais realizadas pelo IBOPE no Acre”.
Com informações do site G1/Globo
[Corrigida e ampliada as 08:27h]
No mês passado a cidade de Rio Branco viveu uma intensa disputa política e jurídica envolvendo a proibição da divulgação de uma pesquisa do IBOPE sobre a preferência dos eleitores da capital na corrida pela prefeitura da cidade.
O candidato da oposição, e franco favorito para vencer o pleito, Tião Bocalom (PSDB), alegou que o IBOPE havia utilizado um formulário de pesquisa que favoreceu a declaração, por parte dos entrevistados, de intenção de voto no candidato situacionista, Marcus Alexandre, do PT, que governa o estado e a cidade de Rio Branco.
Isso aconteceu, segundo Bocalom, porque além das perguntas relativas à eleição, o formulário do IBOPE incluiu questões relativas ao nome, endereço e empregadores dos entrevistados. Como no Acre a maior parte das pessoas atua no setor público, muitas com contrato de trabalho temporário no governo estadual e na prefeitura da capital, os entrevistados nessa condição, temendo possível represália caso os dados da pesquisa cheguem às mãos dos atuais administradores do estado e da cidade, terminaram por declarar intenção de voto no candidato governista.
Apesar da querela jurídica que retardou a divulgação da pesquisa, o resultado da mesma foi surpreendente pelo fato de Marcus Alexandre, o candidato apoiado pela atual administração municipal e pelo governo do estado, ter aparecido como o líder nas intenções de votos.
O histórico do IBOPE no Acre não é dos melhores quando o assunto é indicar corretamente - dentro da margem de erro - a votação recebida pelos candidatos majoritários oposicionistas que concorrem com candidatos do grupo político liderado pelo Partido dos Trabalhadores. Em 2010, uma pesquisa do IBOPE divulgada na véspera do primeiro turno da eleição para o governo do estado indicava que Tião Bocalom iria alcançar apenas 39% dos votos, considerando uma margem de erro de ± 3%. A apuração dos votos pelo Tribunal Regional Eleitoral, entretanto, mostrou que Bocalom teve 49,18% dos sufrágios. Um erro de mais de 10%! Mais um pouco e Bocalom teria ganho a eleição no primeiro turno.
Por esta razão, partidários da oposição acreana ficam irados e desdenham do instituto de pesquisa, alegando que o mesmo manipula de forma descarada os resultados das mesmas para favorecer os candidatos situacionistas. Provas concretas ainda não foram apresentadas para justificar a tal manipulação. Pelo menos no caso do Acre.
Mas um fato envolvendo o IBOPE na cidade de João Pessoa, Paraíba, serviu para alimentar ainda mais a fogueira daqueles que desconfiam de possíveis manipulações por parte do referido instituto. Na terça-feira (04/08), a justiça eleitoral paraibana suspendeu a realização de uma pesquisa do IBOPE para determinar a intenção de votos para prefeito em João Pessoa porque um dos formulários usados na pesquisa omitia o nome de uma das candidatas concorrentes.
O pesquisador do IBOPE, Ricardo Miranda, detido enquanto realizava a pesquisa, trazia consigo uma cédula do questionário em que não constava o nome de Estelizabel Bezerra, candidata pelo PSB (veja imagem acima). O coordenador jurídico da campanha da candidata prejudicada, Marcelo Weick, explicou que decidiu acionar a Justiça depois que um dos entrevistados, Joel Cavalcanti, informou à assessoria jurídica da candidata que recebeu o pesquisador em sua casa e percebeu a falta do nome de Estelizabel Bezerra.
Depois que o assunto se tornou público na imprensa local, e antes da justiça eleitoral paraibana se pronunciar, o IBOPE emitiu nota tentando minimizar a 'falha'. Ele reconheceu que o nome de Estela Bezerra estava mesmo ausente da cédula de pesquisa, mas que continuaria a realizar o trabalho, pois o problema não causaria (sic) qualquer interferência nos resultados da pesquisa.
Após a justiça eleitoral se pronunciar em favor da suspensão da pesquisa, o IBOPE emitiu outra nota afirmando que havia decidido cancelar a pesquisa. Na nota ele reafirma que a pesquisa iniciada ‘não apresentava qualquer irregularidade’ e que a falha na impressão da cédula sem o nome da candidata do PSB não iria trazer qualquer impacto sobre o resultado da pesquisa. A nota se encerra com a afirmação de que “o IBOPE, comprometido com a lisura de suas pesquisas e com sua credibilidade, decidiu interromper e cancelar a pesquisa que estava sendo conduzida neste momento. Oportunamente será agendada uma nova rodada de pesquisa eleitoral neste município."
O que dizer de tudo isso? E se não tivesse havido a denúncia?
Ser eleitor não é fácil. Afora a dificuldade de escolher um, entre centenas de candidatos que tudo prometem para se eleger, o eleitor tem que ser bastante criterioso para não se deixar influenciar com os resultados de pesquisas divulgadas em profusão durante o período eleitoral. Existem pesquisas eleitorais e ‘pesquisas eleitorais’. Não é fácil diferenciá-las, pois as diferenças são muitas vezes detalhes sutis, quase imperceptíveis.
Por isso, com tudo que tenho lido e observado, estou me convencendo de uma coisa: “quem quiser que acredite e se iluda com as pesquisas eleitorais realizadas pelo IBOPE no Acre”.
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