AUMENTO DO NÍVEL DO MAR COLOCA MEIO BILHÃO DE PESSOAS EM RISCO
Brasil está
entre os países com maior número de pessoas em situação de risco
Tim Grandia,
Climate Central
Se
prosseguirmos com os atuais níveis de emissão de carbono na atmosfera, teremos
um aquecimento médio global de 4 ° C que tem potencial para elevar o nível do
mar o suficiente para submergir terras que atualmente são o lar de 470 a 760
milhões de pessoas. Essas são as conclusões de um relatório e mapas interativos
publicados hoje pela Climate Central, o qual também aponta que a tendência de
ascensão não poderá ser interrompida e se desdobrará ao longo dos séculos.
O relatório
da organização de pesquisa mostra ainda que cortes agressivos nas emissões de
carbono, resultando em 2 ° C de aquecimento, poderiam reduzir o número de
pessoas atingidas para 130 milhões. A divulgação desse estudo coincide com o
encontro de ministros de mais de 80 países em Paris para encontrar mais pontos
em comum antes das negociações climáticas globais que ocorrerão em dezembro.
O relatório
da Climate Central tem por base um documento focado nos EUA que foi publicado
no mês passado Proceedings of the National Academy of Sciences of the U.S.A, de
autoria dos cientistas da Climate Central Benjamin Strauss e Scott Kulp, e
Anders Levermann do Potsdam Institute for Climate Impact Research. Para avaliar
as implicações para todas as nações e cidades costeiras, a nova pesquisa
utiliza relações entre o aquecimento causado pelas emissões de carbono, o nível
de elevação no mar que essas emissões causam no longo prazo, e dados globais da
população.
O relatório
aponta que a China é a nação em maior risco, com 145 milhões de pessoas vivendo
em áreas ameaçadas pela elevação dos mares se os níveis de emissões não forem
reduzidos. Esse é também o país que tem mais a ganhar com a limitação do
aquecimento global a 2° C, o que limitaria o número de pessoas afetadas a 64
milhões. Há outras 12 nações que têm, cada uma, mais de 10 milhões de pessoas
vivendo em áreas de risco. Esse ranking
é liderado por Índia, Bangladesh, Vietnã e Indonésia. Alcançar a meta de 2 ° C reduziria a
exposição de mais de 10 milhões em cada um destes países, além de beneficiar a
maioria dos outros países desse grupo de
alto risco, o qual inclui Japão, EUA, Filipinas, Egito e Brasil.
O Brasil tem
16 milhões de habitantes em áreas ameaçadas pela elevação do nível do mar
causada pelo aquecimento global de 4 ° C.
Se conseguirmos reduzir essa média para 2 ° C, o número de pessoas
ameaçadas cai para 9 milhões.
O aumento do
nível do mar que causará tais ameaças irá provavelmente e desdobrar ao longo de
centenas de anos, mas as emissões de carbono responsáveis por isso são as que
acontecerem neste século – e que podem levar a um caminho ou outro.
"Os
riscos globais das mudanças climáticas são claros quando falamos do aumento do
nível do mar", disse Strauss, PhD, vice-presidente de Impactos Climáticos
no Climate Central e principal autor do relatório. "O resultado das
negociações climáticas em Paris pode nos levar à perda de inúmeras grandes
cidades e monumentos costeiros em todo o mundo, à migração sem fim e à
desestabilização, ou pode nos direcionar para uma maior preservação de nossa
herança global e para um futuro mais estável ".
Levermann,
co-presidente de Research Domain Sustainable Solutions do Instituto Potsdam
Institute for Climate Impact Research da Alemanha, acrescentou, "Não há
porque temer a elevação do nível dos oceanos porque ela é lenta, mas é algo com
o qual temos que nos preocupar porque ela leva à ocupação da terra pelo mar,
incluindo as cidades nas quais estamos construindo nossa futura herança."
Megacidades
globais com as 10 maiores populações em risco incluem Xangai, Hong Kong,
Calcutá, Mumbai, Daca, Jacarta e Hanoi. O Rio de Janeiro tem 2,4 milhões em
áreas de risco (0,24 por cento da população da grande área urbana) em um
cenário de aquecimento global de 4 ° C, número que cai para 1,3 milhão no caso
de 2 ° C de aquecimento. Projeções
medianas da elevação do nível do mar desencadeadas pelo aquecimento global são
9,3 metros para 4 ° C e 4,9 metros para 2 ° C.
Em conjunto
com o relatório, a Climate Central criou um mapa global interativo e
incorporável chamado Escolhas Climáticas, ou Climate Choices
(choices.climatecentral.org).
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