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01 outubro 2005

TREM DO FOGO: MAIOR DO QUE PENSEI!

Reproduzo abaixo nota do diário virtual Notícias da Hora do dia 30/9 no qual o deputado Moisés Diniz (PC do B) deixa claro que no dia 11/10 a Assembléia vai discutir as compensações financeiras para aqueles atingidos pelo desastre causado pela seca e fogo no interior do Estado.

Em post anterior (Quem vai pagar a conta das queimadas?), já havia reiterado que isto, cedo ou tarde, ia ser abraçado pela classe política. Eu havia chamado esse movimento de "trem do fogo", denominação que logo foi mudada para "trenzinho do fogo" por Altino Machado. Talvez Altino tenha suas razões para diminuir a importância do "meu" trem.

Agora, lendo a proposta do deputado Diniz, vejo que eu fui modesto e Altino modestíssimo pois a melhor denominação é "trenzão do fogo" (...para manter a concordância com outro tema tão em voga - o mensalão).

Chamo de "trenzão" porque o Deputado propõe algo grandioso, que vai além do Acre e engloba todo o "Arco do Fogo" (Acre, Rondônia, Mato Grosso e Pará). As razões para essa "expansão" são meramente políticas já que sozinhos os políticos do Acre não têm peso para forçar o Governo Federal, Bancos e Congresso Nacional a aprovar tal plano. Incluindo os colegas do "Arco do Fogo" fica mais fácil. É claro que o Lula não vai ter moral pra dizer não. Tem também o fato de que 2006 é ano de eleições - todo mundo vai ficar feliz com um trem desses, mesmo a oposição local.


Lendo a nota da imprensa vejo que o Deputado se equivoca ao afirmar que "não fomos nós que tocamos fogo na floresta". É claro que alguem tocou fogo deputado! Alguem iniciou o desastre pois o fogo não surgiu do nada.

Outro "quase equívoco" do deputado é sua afirmação que "a estiagem nos pegou de surpresa". Desde meados de maio a luz amarela estava ligada no meio acadêmico pois o sinal de seca severa foi dado no período chuvoso anterior. Faltou a ligação pesquisa-sociedade.

O Dr. Foster Brown (UFAC/PZ-SETEN) dispõe de dados que mostram tendência de mais seca para os próximos anos. Portanto, se o deputado pensa que emergência por um ano vai resolver, é bom ele convocar os pesquisadores para ajudar a refazer o cálculo.

Já deu para notar que eu sou contra esse "Trenzão do Fogo" não é mesmo? E sou! Da forma como está sendo "construído", o trem vai deixar embarcar todo mundo e vai virar trem da alegria. Será que não daria para identificar os responsáveis pelo fogo e excluí-los dos benefícios planejados? Só devem ser beneficiados aqueles que realmente foram as vítimas comprovadas do desastre. Mesmo assim provando de forma categórica.

Apesar de minha insistência, sei que tudo vai ser como eles querem. Isso me revolta pois tenho certeza que ninguem vai ser punido - vão ser é beneficiados. Digo isso por que no Brasil é sempre assim. Senão vejamos o que tem acontecido:

- O governo decretou: "Quem for pego queimando vai preso" certo? Alguem foi preso? Quantos "barões" foram presos por queimarem centenas de hectares de pasto? Nenhum. Até agora só os pequenos agricultores (Notícias da Hora, 30/9). A exceção é o Vice-Prefeito de Xapuri, que, além de incendiário, é um troféu político. Nesta lógica, os pequenos agricultores nunca verão a cor da "compensação". Só os "espertos", os articulados, documentados e representados por advogados.

Enquanto isso, nós, que sofremos com a fumaça que cobriu a nossa cidade, fechou aeroportos e superlotou hospitais, vamos pagar um alto preço já que a "ajuda" vai significar um desfalque no orçamento do Estado e Município. Menos serviços públicos para a gente.

Não resisto e tenho que encerrar pedindo para o deputado "abrir o olho":

- Benefício a quem foi vítima de incêndio "acidental" é uma faca de dois gumes. Vai resolver situações desesperadoras, mas, ao mesmo tempo, pode fomentar a "indústria do fogo" no ano eleitoral de 2006.

O deputado deve saber o que está fazendo pois ano eleitoral no Acre "é fogo"!

LEIAM ABAIXO OS POSTS RELACIONADOS AO TREM DO FOGO:
- Domingo Acre exportou fumaça para a Bolívia
- O fogo, prejuízos e os espertos
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Notícias da Hora
Acre pode ser reconhecido como zona flagelada pelo fogo, receber incentivos fiscais e atenção especial do Governo Federal

Publicado em Set 30, 2005

O deputado Moisés Diniz (PC do B) está propondo que o governo federal decrete uma zona especial provisória no chamado arco do fogo na Amazônia. O decreto teria vigência de um ano e incluiria redução de impostos, perdão de parte das dívidas dos produtores nos bancos, redução de juros e aumento dos repasses constitucionais. O objetivo da zona especial provisória seria o de restabelecer a produtividade das áreas atingidas e minimizar os impactos da estiagem.

“Não fomos nós que tocamos fogo na floresta. A estiagem nos pegou de surpresa. Até o país mais rico do mundo não foi capaz de reagir a um fenômeno brusco da natureza. Queremos uma compensação”, reagiu.