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15 fevereiro 2006

ENCHENTE NO ACRE!









Fotos "Notícias da Hora"

A NATUREZA É INCONTROLÁVEL, MAS O DRAMA HUMANO NÃO!

Claro, o lado humano conta, e muito, pois é triste uma família inteira ficar desabrigada, ter que ir para os abrigos, locais onde se perde um pouco ou todo o orgulho e a intimidade familiar.

Mas embora as enchentes no Acre sejam previsíveis para os meses de fevereiro e março, vale refletir sobre as mesmas.

1. Todos sabem que o rio Acre está muito "machucado", ou seja assoreado, as matas ciliares destruídas e por isso o seu leito deve estar, a cada ano, "subindo".

2. A continuar esta tendência, e se não for tomada uma medida definitiva para "expulsar efetivamente" as pessoas que anualmente são retiradas de áreas de risco (e teimam em retornar ao mesmo lugar logo que o rio baixa), no futuro vai ser preciso apenas um "sereno" para termos "alagações".

3. Isso mesmo, "alagações" entre aspas porque quem mora em Rio Branco sabe que alagações de verdade são aquelas em que o rio transborda e atinge a rua Dr. Pereira Passos, o terminal do antigo Aeroporto no bairro Ginásio Coberto, o bairro da Base.









4. Fora disso, a alagação ocorre anualmente para centenas de pessoas que ocupam áreas reconhecidamente de risco - seja ou não ano de alagação: partes dos bairros Cidade Nova, Taquari, 6 de Agosto, etc. Todo mundo na cidade sabe onde elas estão localizadas...a gente sabe de "có e salteado" onde vai "alagar" se o rio subir um pouquinho...

5. O irônico é que anualmente os governos federal, estadual e municipal doam dezenas de casas e lotes para estes "desabrigados" saírem desta situação humilhante. No próximo ano estão todos lá novamente, e dizendo:

- Voltei porque o lote que me deram é muito longe!

6. Virou uma indústria, a indústria da alagação. O pessoal deve ter aprendido com a "indústria da invasão dos lotes urbanos"...li na imprensa que os "desabrigados" deste ano estão sugerindo ao governo do Estado doar as casas do Parque Residencial Sabiá, um conjunto novinho em folha localizado no Bairro Placas.

7. Já imaginou se os governantes cairem nessa conversa? Vai triplicar o número de desabrigados da noite para o dia e a oferta de casas à venda no referido conjunto habitacional daqui a 2-3 meses vai ser intensa...ou você acha que estas pessoas vão querer trocar o endereço das áreas alagáveis no centro por um bairro lá onde o vento faz a curva? Ainda mais que existe a possibilidade de passar a casinha novinha em folha para frente...sair com troco no bolso!

8. E quem banca anualmente todas as despesas com a mobilização da Defesa Civil, Bombeiros, montagem de abrigos temporários...os desavisados dizem: "O governo!"...mas esqueçem de pensar que quem banca o governo somos todos nós. Assim, todos os anos estamos gastando dinheiro a toa investindo para remediar uma situação irremediável se medidas efetivas não forem tomadas.

9. Aliás, os governantes, que estão conscientes disso, devem sentir dor no peito quando têm que tirar do orçamento dinheiro para atender essas "emergências". Digo isso porque eles sabem que mais a frente vai faltar para comprar remédios para os postos de saúde, consertar buracos nas ruas e estradas, instalar redes de água e esgoto...

Mas no fim, nem reflexão, nem a racionalidade humana conta quando votos valem mais que tudo.

Em uma das fotos acima dá para ver claramente uma rua asfaltada em um desses lugares de risco. É isso: não tem água nem esgoto, mas tem rua asfaltada para ser destruída pela "alagação" anual. Faz sentido pois assim, jogando dinheiro fora asfaltando estas ruas os administradores públicos mostram para os "eleitores" que eles estão "trabalhando" e pedindo:

- Votem em mim na próxima eleição!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

É de registar essa da "indústria da alagação". Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

15/02/2006, 16:29  

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