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04 maio 2006

BANANA: AMEAÇADA EM SEU CENTRO DE ORÍGEM NA ÍNDIA

Mais de 3.300 anos depois que Alexandre "O Grande" comeu banana na Índia, gostou da fruta e a introduziu para o "mundo civilizado" da época, a FAO (Organização das Nações Unidas que trabalha com alimentos) alerta o mundo sobre o cada vez menor número de bananas selvagens em seus habitats naturais, e a consequente perda de recursos genéticos, que de outra forma são extremamente importantes para o combate de pragas e doenças que frequentemente atacam a cultura.

A FAO alerta para a necessidade de exploração sistemática das bananas selvagens nas florestas remanescentes da Índia e de outras áreas do sudeste asiático para catalogar as espécies sobrevivientes, assim como a implementação de esforços para diminuir os impactos da perda dos habitats naturais e na realização de pesquisas para incrementar o uso de bananas selvagens nos programas de melhoramento da fruta.

A Índia é o maior produtor mundial de bananas, com 16,8 milhões de toneladas, ou pouco mais de 20% da produção mundial de 72,6 milhões de toneladas. A banana é a quarta commodity mais importante do comércio mundial - sob o ponto de vista de valor econômico - logo depois do arroz, trigo e milho.

Entretanto, a exploração excessiva e perda de áreas florestais (extração seletiva de madeira, queima e derrubada) e a urbanização estão causando uma rápida perda de espécies selvagens de bananas que existiam na Índia há milhares de anos. Entre estas, estão as ancestrais da variedade "cavendish", a variedade comercial de banana que hoje é responsável por virtualmente todo o comércio mundial da fruta.

"O subcontinente indiano contribui de forma significativa para a base genética global das bananas", afirma o representante da FAO, NeBambi Lutaladio. “Entretanto, em razão da destruição dos ecossistemas, é provável que muitos genes extretamente importantes talvez já tenham sido perdidos. Isto pode causar graves problemas porque a banana, especialmente as variedades comerciais, altamente sucetíveis a doenças, possuem um acervo genético muito limitado e geralmente são altamente sucetíveis a doenaças e pragas”.

Nos anos 50 a variedade comercial de banana mais cultivada na época ("Gros Michel"), foi destruída pelo doença conhecida como "Mal do Panamá". A variedade "Cavendish", que era resistente à doença, foi então introduzida. Mas NeBambi Lutaladio lembra que já naquela épóca, pequenos agricultores em todo o mundo cultivavam uma grande variedade de bananas que não eram ameaçadas por doenças que atualmente ameaçam aquelas cultivadas em grande escala comercial.

Foi Alexandre "O Grande", que comeu babana durante sua invasão da Índia em 327A.C., o grande responsável pela disseminação da fruta por todo o mundo. Da Índia a fruta foi levada para o oriente médio, onde passou a ser conhecida pelo nome de "banana". De lá mercadores árabes a levaram para a África, de onde os portugueses a levaram para o caribe e a américa latina.

As espécies de bananas selvagens perdidas na índia incluem a variedade que conferiu a resistência genética ao fungo mortal causador da "sigatoka negra", doença que devastou as plantações da fruta na região amazônica e no resto das Américas. Somente um clone desta variedade selvagem, cujo nome científico é Musa Acuminata spp Burmannicoides, existe no Jardim Botânico de Calcutá.

Nota do blog: a tal banana da EMBRAPA (bonita por fora, grande, mas sem sabor), que hoje é vendida no mercado de Rio Branco, nada mais é que uma variedade comercial desenvolvida a partir da Musa Acuminata spp Burmannicoides. Os consumidores daqui sabem que as variedades mais saborosas da banana "maçã", "baé" e outras frequentemente vendidas no mercado local quinze anos atrás, não existem mais. Sem saber, ao comer a banana da EMBRAPA, estes consumidores estão validando a necessidade de conservação de recursos genéticos de espécies nativas. Marketeiros com tendências ecológicas, ai está a oportunidade de fazer a sua parte para conservar nossas florestas.

Fonte: Scoop Independent News, 04.05.2006

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Excelente este artigo!
Parabéns!
Marcelo Vianna

10/09/2006, 07:49  

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