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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

29 setembro 2006

O ÚLTIMO ESFORÇO

Flávio Aguiar - Carta Maior

SÃO PAULO - Boletim meteorológico de hoje: mídia conservadora continua a martelar imagens e afirmações constrangedoras para petistas. Conteúdo do dossiê Vedoin/Serra/Barjas permanecerá em banho-maria. Tenta-se criar um clima de constrangimento ao Presidente, calcando a possibilidade de erros que venham a favorecer adversários. A questão principal, portanto, é menos o debate em si e mais a manipulação que se fará dele.

Diante dos resultados das últimas pesquisas (Datafolha, Ibope, CNT/Sensus) as partes envolvidas preparam-se para o último esforço.
A direita, seja a coligação PSDB/PFL, seja a de seus arautos na mídia, prepara-se para agir onde se sente mais à vontade: na imprensa. As ações continuadas são:

1) Martelar sem tréguas imagens, afirmações, que comprometam o PT com o caso do dossiê

2) Manter em banho Maria a questão do conteúdo do dossiê;

3) Criar continuadas suspeitas sobre a lisura da ação da PF e focar as iniciativas de procuradores e do Ministério Público que ajudem a criar um clima de prévia condenação dos petistas, como o enigmático pedido de prisão preventiva dos membros da Operação Tabajara por parte do procurador Mário Lúcio Avelar, que primeiro pediu a prisão, depois negou que tivesse pedido, para afinal reconhecer que pediu;

4) Criar ao longo do dia de hoje a expectativa não só em torno do debate da Globo hoje à noite, mas sobretudo já apresentá-lo como o ponto de virada, a partir do qual a eleição pode tornar rumo diferente do que o mais provável: a reeleição de Lula, graças às acusações que terá de enfrentar ou aos (esperadíssimos pela direita) atos falhos que possa cometer.

Olho vivo, portanto. Essa pré-disposição de tucano-pefelistas-jornalismo conservador mostra que o verdadeiro foco do debate de hoje deve ficar também para amanhã: se trata tanto de saber como será o debate como que uso a frente conservadora fará dele na mídia. Vai se reeditar a vergonhosa manipulação de 1989? Vai se fazer chegar ao Presidente, diretamente, seja pela ação de Geraldo Alckmin, seja pela de Heloísa Helena, seja pela de Cristóvam Buarque, ou pela dos três em jogral, o clima de macartismo que reinou no último ano e meio na imprensa brasileira e no show televisivo das CPIs.

Estas são as armas e as disposições da direita em seu último esforço para levar a eleição para o segundo turno. E as esquerdas? Tudo vai depender, também, do comportamento da militância, cujo ânimo a campanha barulhenta da direita tenta abatumar. O fosso que separa o primeiro do segundo turno, de acordo com as pesquisas, oscila em torno de um número entre quatro e dez milhões de votos. Explico: se Alckmin conseguir tirar quatro milhões de votos de Lula e transferi-los para si, o que é difícil, mas não impossível, ainda com mais uma manipulação das imagens do debate, o segundo turno fica certo. Se Alckmin ou os outros candidatos atraírem para si 80% dos votos brancos, nulos e dos indecisos, a eleição também irá para o segundo turno, ainda mais se houver uma grande abstenção de eleitores de Lula, que é a principal esperança da direita.

Portanto o convencimento a comparecer às urnas, por parte da militância e dos eleitores de Lula, é também um fator decisivo na eleição.