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10 setembro 2006

QUEIMADAS EM RONDÔNIA

ALÉM DA FUMAÇA, AS QUEIMADAS ESTÃO CAUSANDO DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO VIZINHO

NELSON TOWNES
Estadão do Norte

PORTO VELHO, ARIQUEMES e JI-PARANÁ - A fumaça das queimadas ainda encobre o céu em Porto Velho e outras cidades do Estado de Rondônia. Os rondonienses continuam em terceiro lugar no “ranking” dos maiores destruidores de florestas pelo fogo. A população está sendo diretamente prejudicada em regiões urbanas e rurais. A fumaça. aumenta o desconforto causado pela estiagem e a poeira do chamado verão amazônico.

Surgem mais casos de pessoas com problemas respiratórios especialmente nos populosos bairros de ruas de terra na periferia de Porto Velho. Aumenta a procura de atendimento médico e até de internação hospitalar para crianças e idosos. Algumas pessoas pensam que estão até com virose.

O excesso de fumaça que oculta o azul do céu, filtra a luz do sol forte e produz uma luminosidade intensa e antinatural. O efeito parece agravar o “stress” causado pelo calor, pelas alterações climáticas.

Embora faça sol, e o clima esteja seco, o excesso de fumaça torna o céu nublado, esbranquiçado ou acinzentado como em tempo de chuva. Queimadas de matas também ocorrem no Acre, mas, para os acreanos, a fumaça no céu é prenúncio de tragédia que precisa ser impedida. Eles não querem que ocorram em seu Estado os incêndios que devastam Rondônia e Mato Grosso. As autoridades do Acre montaram um esquema de alerta para combater qualquer foco de fogo.

O Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naurais Renováveis) enviou helicópteros para a Capital acreana, Rio Branco, para fazer fiscalização aérea, principalmente no Vale do Acre. Os aparelhos chegaram no final de agosto passado.São desconhecidas medidas similares para a proteção do meio ambiente em Rondônia. Aparentemente, aqui há mais propaganda oficial do que ação.Em Rondônia, a palavra deserto é a que melhor descreve o estado em que se encontram extensas áreas de terra adjacentes à rodovia BR 364, que atravessa o Estado, ligando-o ao Centro-Sul.

Não é preciso ir longe para ver o processo de desertificação. Ele já tem cerca de 200 quilômetros de extensão só no eixo da rodovia BR 364, entre Ariquemes e Ji-Paraná. A densa vegetação que cobria as margens da estrada desapareceu.

Uma espécie de neblina causada pelas queimadas cobre os cerrados e campos de capim seco em que a floresta se transforma. Essa neblina torna perigoso o tráfego nas empoeiradas estradas vicinais. Os motoristas são forçados a dirigir com farol alto ligado e em baixa velocidade.

A fumaça das queimadas também prejudica a visibilidade para a navegação aérea. Principalmente com aviões pequenos que utilizam campos de pouso na área rural.Uma recente queda de avião em Mato Grosso, em que morreram o piloto e um bebê, foi atribuída à baixa visibilidade causada pela fumaça das queimadas não apenas nos locais incendiados, mas em vastas regiões vizinhas.

Voando no céu encoberto como em tempo de chuva, o piloto baixou o avião para buscar uma referência geográfica no solo e quebrou uma asa ao bater numa árvore. Em largos trechos ao longo da BR 364, a devastação se perde no horizonte. As árvores altas que se avistavam das janelas dos ônibus na beira da estrada não existem mais. O processo de desertificação de Rondônia é flagrante em morros antes cobertos por densa vegetação e que agora surgem como dunas sem vida.Antigos viajantes levados a refazer hoje o mesmo percurso ao longo da rodovia simplesmente não reconhecem a paisagem. A densa floresta que margeava a BR 364 há menos de 20 anos desapareceu.

Os incendiários das florestas inventaram uma nova forma de enganar as autoridades e escapar de multas do Ibama: dizem que o fogo começou nas vizinhanças “e se alastrou por acaso”, “soprado pelo vento”, para suas terras.Um policial disse que proprietários rurais tocam fogo em vegetação rasteira de forma a que se alastre para trechos de mata densa em suas propriedades. Em seguida, os próprios incendiários procuram a Polícia para se queixar do fogo, alegando que se originou nas vizinhanças. Mas, nunca apontam os culpados, nunca dizem quem são os autores.

Nota do blog: A notícia acima foi publicada no dia 26 de setembro de 2005. Mas daria passar, sem ser notado pelos leitores, como uma notícia deste ano de 2006. Passado quase um ano de uma situação que o jornal descreve como caótica e desastrosa, nada foi feito. Neste ano de 2006 a coisa está ainda pior e foi noticiado que o aeroporto de Porto Velho fechou. Esperamos que as autoridades de lá não apenas estejam conscientes dos prejuízos causados pelas queimadas e fumaça. Esperamos que elas executem um plano de ação para combater efetivamente o problema. Pena que agora todo mundo está "mergulhado" nas campanhas políticas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Evandro, vc cita dados a respeito to processo de queimadas em Rondônia, mas não cita fontes, gostaria de estudar o caso de forma mais profunda, como o 3º lugar em queimadas e a área já devastada ao longo da BR364.
Agradecido
Dr. César Luiz S. Guimarães
cesarluiz66@uol.com.br

05/05/2007, 19:05  

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