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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

24 outubro 2006

NARCISO MENDES SE APOSENTA. ATÉ QUANDO?

Quem me substituirá?

Narciso Mendes (*)

A causa, por sua nobreza, convidava-me a continuar,mas, como tudo na vida tem seus limites, cheguei aos meus.

Como quem no cumprimento de uma missão, fiz, durante os últimos oito árduos anos, a mais severa e implacável oposição ao PT.

Não por acaso, pelo meu inflexível e duro comportamento, criei um monte de inimigos - no que entendia perfeitamente. O que não entendo é não ter tido o menor reconhecimento por parte daqueles que de fato foram os maiores beneficiários de minhas corajosas ações. Decepcionei-me ao descobrir que fui vítima da lei da cozinha, aquela que diz que o cozinheiro nunca é chamado para o banquete.

Fui recentemente candidato a deputado federal numa coligação que tinha quase uma centena de candidatos a deputado estadual. Só dois deles, o deputado reeleito Luiz Calixto e minha esposa Célia Mendes, cujo registro também se presta a agradecê-los, apoiaram-me gratuitamente. Todos os demais me cobravam alguma coi$a em troca do seu apoio. Por não atendê-los, quase todos acabaram caindo nas mãos daqueles que, dispostos a comprar um mandado de deputado federal, não tardaram em cooptá-los. Contados, medidos e pesados, os candidatos a deputado estadual da coligação “cidadã”, contribuíram decisivamente para o acachapante e vergonhoso desequilíbrio e derrota dessa própria legenda. Candidatos a deputado estadual do próprio PPS fizeram campanha aberta para Júnior Betão, Antônia Lúcia, Gladson Cameli e outros, sem que nenhuma providência tivesse sido tomada. Por diversas vezes chamei a atenção do próprio Márcio Bittar: cidadão - eleição se perde ou se ganha, é do jogo político-eleitoral, o que não se pode poder perder numa eleição é a vergonha. Não perdi a minha.

Jamais renunciaria minha missão em razão das sucessivas vitórias dos meus adversários. Pelo contrário, dava-me prazer. Após cada uma delas, ato contínuo, prosseguia na luta. Estive sempre preparado a enfrentá-los. Entendo a importância da oposição para um regime democrático. Entretanto, jamais me preparei, pela iniqüidade e covardia, que tornar-me-ia vítima da própria oposição a quem tanto havia me dedicado.

A quem passarei o bastão? Preciso entregá-lo urgentemente a quem de direito. Quem sabe assim, sem minha presença, as oposições acreanas se unam para cumprir o papel que lhe está reservado. Repito: estou fora. Menos pelo fortalecimento dos meus adversários e mais pela ingratidão dos meus farsantes aliados.

Aos maldosos que estão esboçando algumas especulações a meu respeito, respondo-os: não sou e nem virarei petista. Manter-me-ei coerente às minhas convicções políticas. Agora faz parte dessas convicções não querer conversar com os ingratos. Fujo deles. Tenho nojo deles.

As ruas de todas as cidades do Acre, em particular as ruas de Rio Branco, garantiam minha vitória. Via e sentia minha eleição quando nelas caminhava. As ruas não fingem e tampouco traem, diferentemente dos dissimulados: estes traem pelo simples prazer de trair e tramam pelo sórdido prazer de tramar. Se obtive os votos que precisava para me tornar representante do povo acreano na Câmara dos Deputados, a etapa mais difícil em uma disputa eleitoral, não consegui incutir na cabeça dos dirigentes da Frente da Cidadania que ao comandarem uma campanha ampla e francamente desorganizada, sem o mínimo de autoridade e disciplina, ao fim e ao cabo, todo e qualquer prejuízo seria imprevisível.

Recuso-me a participar de qualquer reunião onde os assuntos tratados digam respeito à formação da possível e necessária oposição que precisa ser estabelecida no Acre. Por favor, não me convidem a participar de nenhuma delas. Para isto, estarei permanentemente ocupado, lendo e aprendendo, até concluir o que deverei fazer para me livrar dos patifes.

Por essas e outras dou minha missão como encerrada. Minha cadeira está vazia e à espera de alguém que ouse ocupá-la. Um aviso aos interessados: seu ocupante precisa ter muita coragem.

(*) Narciso Mendes foi candidato a Deputado Federal nas eleições de 2006. Artigo originalmente publicado no jornal O Rio Branco, no dia 22/10/2006. Nunca tinha lido artigos de Narciso pois achava que ele escrevia tão ruim quanto falava na sua emissora de TV - a aparência não ajudava... Tenho que admitir: ele escreve bem, talvez seja o melhor entre todos o que militam no ORB.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Que decepção para aqueles que como eu adimiravam Narciso,como pode um homem mudar assim,não acredito em mais ninguem e digo maldito é o homem que confia nos homens!

20/08/2008, 19:30  

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