VIAGENS DE "ÚLTIMA HORA" E AS MILHAS AÉREAS DO GOVERNO

A deputada Antônia Sales (PMDB) apresentou ontem na Assembléia Legislativa um projeto de lei destinando as milhagens das passagens aéreas compradas pelo Estado para viagens de secretários, governador e vice e outros que viajam a custas do dinheiro público, para a aquisição de passagens para os pacientes do TFD.

No papel a idéia até que é boa, mas na prática, o benefício que se obterá com a sua implementação é mínimo. Ocorre que das duas empresas que voam para o Acre, apenas a TAM tem programa de milhagem. Como o Governo tem por obrigação legal adquirir passagens utilizando o critério de menor preço, a possibilidade é de que na maioria das vezes se opte pela Gol (sem programa de milhagems). Não dá nem para justificar a compra na TAM usando, por exemplo, o argumento de horário mais adequado porque os vôos das duas companhias partem em horários ingratos.

Mesmo que se adquira passagem na TAM pelo menor preço oferecido no site da empresa, o usuário só terá direito a 20% das milhas recebidas quando se adquire, por exemplo, passagem em classe de preço com custo quase duas vezes superior. E isso quando a compra é feita com muita antecedência. Comprar em cima da hora significa pagar um preço salgado. Quem tira do próprio bolso não compra em cima da hora.

No caso das compras do governo, o mínimo que se espera são compras com antecedência e descontos bem maiores em função do grande volume de passagens adquiridas. É torcer para que os usuários das passagens adquirirdas com dinheiro público não usem o argumento de "viagem de última hora" para comprar passagens mais caras e ter direito a 100% das milhas.

Esta desculpa só vale para o Governador e mais um ou dois assessores diretos. Os demais nunca viajam de última hora.

Se a Deputada propôs o projeto porque sabe que "viagens de última hora" são coisas corriqueiras entre servidores do Governo, então a idéia dela tem que ser aplaudida.