ESCÂNDALO EXTRATIVISTA NO ACRE (2)
Derrocada do extrativismo tem facilitado o aliciamento de pessoas para o tráfico no alto juruá
Demorou mas finalmente aconteceu. Uma liderança comunitária do alto juruá, Orleir Fortunato, presidente eterno da Asareaj-Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto rio Juruá, foi flagrado com uma grande quantidade de drogas no aeroporto de Cruzeiro do Sul.
Orleir e a Asareaj, que atravessa já faz alguns anos uma grave crise financeira, foram por muito tempo colaboradores do projeto de Mauro Almeida (Unicamp) que resultou na publicação do livro "Enciclopédia da Floresta". Embora fosse uma liderança desacreditada, Orleir tem uma história de contribuição importante para a fundação e consolidação do movimento extrativista do juruá.
A impressão que se tem é que enquanto houve acesso fácil a recursos financeiros de projetos e linhas de crédito oficiais e de ONG nacionais e internacionais para o movimento, algumas pessoas conseguiram resistir à tentação de se aliar ao tráfico de drogas naquela região. Orleir é apenas um dos que foi pego.
Tráfico na região passa dentro do Parque da Serra do Divisor e da Reserva do Alto Juruá
Alguns anos atrás ouvimos relatos de moradores do Rio das Minas, que fica entre Porto Valter e Marechal Taumaturgo, sobre a passagem frequente de "mulas" brasileiras e peruanas com mochilas recheadas de drogas vindos do Peru. Segundo os moradores, essas pessoas trazem a droga do Peru e entregam a mesma a receptadores na margem do rio juruá. De lá barqueiros e outros traficantes se encarregam de fazer a droga chegar a Cruzeiro do Sul. O transporte a partir daquela cidade envolve outra logística.
Segundo os moradores do Rio das Minas, a droga é transporta impunemente por quase todos os rios da margem direita do Juruá que dão acesso ao território peruano (Rio das Minas, Ouro Preto, Natal, Juruá-Mirim, Moa). A maioria destes rios atravessa o Parque Nacional da Serra do Divisor e outras rotas de tráfico usam desvios que passam dentro da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Segundo estes moradores, as pessoas que transportam a droga apenas pedem dormida e evitam interagir com as famílias dos extrativistas. Segundo os depoimentos, eles não sabem o nome e lugar de onde vem e para onde vão os traficantes. Os extrativistas afirmam que isto é feito para garantir a segurança de suas famílias. Este "pacto de silêncio" tem garantido a existência destas rotas de tráfico há vários anos e evita represálias por parte dos traficantes.
No vale do Acre são os taxis, em Cruzeiro do Sul são os barcos
Em 2004, quando fizemos uma viagem em canoa entre Cruzeiro do Sul e Marechal Taumaturgo, contratamos, sem saber, um barqueiro no porto em Cruzeiro do Sul (existem dezenas deles oferecendo o serviço) que já havia sido preso por acusação de transporte de drogas. Fomos aconselhados a ter cuidado pois em uma viagem de volta é comum os barqueiros transportarem droga sem que os passageiros do barco saibam. Se for pego, todo mundo pode ter problemas. É mais ou menos como acontece quando se contrata um taxi para vir de Epitaciolândia para Rio Branco. Ninguem nunca sabe o que o taxista está trazendo.
Demorou mas finalmente aconteceu. Uma liderança comunitária do alto juruá, Orleir Fortunato, presidente eterno da Asareaj-Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto rio Juruá, foi flagrado com uma grande quantidade de drogas no aeroporto de Cruzeiro do Sul.
Orleir e a Asareaj, que atravessa já faz alguns anos uma grave crise financeira, foram por muito tempo colaboradores do projeto de Mauro Almeida (Unicamp) que resultou na publicação do livro "Enciclopédia da Floresta". Embora fosse uma liderança desacreditada, Orleir tem uma história de contribuição importante para a fundação e consolidação do movimento extrativista do juruá.
A impressão que se tem é que enquanto houve acesso fácil a recursos financeiros de projetos e linhas de crédito oficiais e de ONG nacionais e internacionais para o movimento, algumas pessoas conseguiram resistir à tentação de se aliar ao tráfico de drogas naquela região. Orleir é apenas um dos que foi pego.
Tráfico na região passa dentro do Parque da Serra do Divisor e da Reserva do Alto Juruá
Alguns anos atrás ouvimos relatos de moradores do Rio das Minas, que fica entre Porto Valter e Marechal Taumaturgo, sobre a passagem frequente de "mulas" brasileiras e peruanas com mochilas recheadas de drogas vindos do Peru. Segundo os moradores, essas pessoas trazem a droga do Peru e entregam a mesma a receptadores na margem do rio juruá. De lá barqueiros e outros traficantes se encarregam de fazer a droga chegar a Cruzeiro do Sul. O transporte a partir daquela cidade envolve outra logística.
Segundo os moradores do Rio das Minas, a droga é transporta impunemente por quase todos os rios da margem direita do Juruá que dão acesso ao território peruano (Rio das Minas, Ouro Preto, Natal, Juruá-Mirim, Moa). A maioria destes rios atravessa o Parque Nacional da Serra do Divisor e outras rotas de tráfico usam desvios que passam dentro da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Segundo estes moradores, as pessoas que transportam a droga apenas pedem dormida e evitam interagir com as famílias dos extrativistas. Segundo os depoimentos, eles não sabem o nome e lugar de onde vem e para onde vão os traficantes. Os extrativistas afirmam que isto é feito para garantir a segurança de suas famílias. Este "pacto de silêncio" tem garantido a existência destas rotas de tráfico há vários anos e evita represálias por parte dos traficantes.
No vale do Acre são os taxis, em Cruzeiro do Sul são os barcos
Em 2004, quando fizemos uma viagem em canoa entre Cruzeiro do Sul e Marechal Taumaturgo, contratamos, sem saber, um barqueiro no porto em Cruzeiro do Sul (existem dezenas deles oferecendo o serviço) que já havia sido preso por acusação de transporte de drogas. Fomos aconselhados a ter cuidado pois em uma viagem de volta é comum os barqueiros transportarem droga sem que os passageiros do barco saibam. Se for pego, todo mundo pode ter problemas. É mais ou menos como acontece quando se contrata um taxi para vir de Epitaciolândia para Rio Branco. Ninguem nunca sabe o que o taxista está trazendo.
2 Comments:
MEU AMIGO PERAI,ELE IA TRAFICAR PRA PAGAR AS CONTAS DESSA ASSOCIAÇAO?? VENHAMOS E CONVENHAMOS TRAFICANTE BOM É TRAFICANTE PRESO.
Se ia usar o dinheiro para pagar as contas da Associação eu não tenho provas nem estou sugerindo, mas que a tentação da tráfico naquela região é grande, isso é. Pessoas empobrecidas, que ficam meses sem ver a cor do dinheiro, que vivem do escambo de mercadorias ou vendem dias de trabalho para alimentar sua familia, terminam sendo presa fácil para os traficantes.
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