DOENÇAS NA VELHICE
Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro, 28/08/2007
Agência FAPESP – O processo de envelhecimento se reflete diretamente no sistema imunológico, diminuindo sua capacidade de resposta. Por conta disso, investigar os mecanismos responsáveis por essa resposta menos eficaz e a vulnerabilidade das pessoas mais velhas às doenças, como a gripe, é uma importante preocupação dos especialistas em saúde.
No caso da doença causada pelo vírus influenza, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a vacinação em indivíduos com idade acima de 65 anos. É nessa faixa etária que o risco de contrair a doença atinge o ápice.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Biomédico de Pesquisa em Envelhecimento, em Innsbruck, na Áustria, um outro vírus pode estar por trás dessa vulnerabilidade. Trata-se do CMV, ou citomegalovírus, fonte comum de infecções em humanos e que geralmente permanece latente no organismo.
“As pessoas mais jovens têm um número grande de novos linfócitos, os quais respondem imunologicamente a todos os antígenos, matando células infectadas. Durante a vida, são acumulados cada vez mais linfócitos específicos. Como muita gente tem o CMV no organismo, acaba acumulando células específicas para o vírus. O resultado são menos células livres para responder a outros antígenos”, explicou Angelika Schwaninger (foto acima), responsável pelo estudo no instituto austríaco que avaliou 48 homens e mulheres com idade acima de 65 anos.
“O que acontece é que essas pessoas têm menos linfócitos específicos para o vírus influenza, menos anticorpos contra esse agente”, disse à Agência Fapesp a pesquisadora que participou do 13º Congresso Internacional de Imunologia, realizado no Rio de Janeiro na semana passada.
Segundo Angelika, o motivo de os idosos serem mais vulneráveis à gripe pode estar relacionado à falta de produção de células novas, as quais reagem a qualquer antígeno. “O CMV suprime a resposta imunológica para outros antígenos em pessoas mais velhas. Como não se pode matar as células específicas a esse vírus, pois precisamos delas, uma vacinação seria ineficaz”, afirmou a pesquisadora.
Para a cientista, a melhor estratégia para quem tem mais de 65 anos continua sendo a vacinação contra a gripe. O estudo põe em evidência outras alternativas que explicam a maior potencialidade do vírus influenza em idosos, uma vez que, até agora, a fraca resposta imune era creditada à capacidade de mutação do vírus da gripe. “Sem dúvida, esse é um fator, mas temos que continuar estudando os outros mecanismos”, disse Angelika.
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