OS DESESPERADOS PELA MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO DA REGIÃO NORTE
Foi aberto um canal de negociação entre o Ministério da Justiça e os empresários de radiodifusão da Região Norte e dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com relação à Portaria 1.220/2007 sobre a classificação indicativa e faixas horárias de exibição dos programas de televisão. O Departamento de Classificação do MJ acenou pela primeira vez com a possibilidade "remota" de revogar o parágrafo único do artigo 19 da portaria que exige a exibição de programas obedecendo aos horários estipulados, inclusive nos diferentes fusos horários vigentes no País.
Se os radiodifusores da Amazônia tiverem mesmo que seguir a norma, a partir de 9 de janeiro de 2008, toda a programação de TV veiculada na região, que chega a ter duas horas de diferença do horário oficial de Brasília, como no Sul do Amazonas e no Acre, terá que ser gravada.
Resistência
A revogação do dispositivo, no entanto, só acontecerá se as entidades e proprietários das emissoras de TV da Amazônia Legal e dos dois Estados do Centro-Oeste convencerem o Ministério da Justiça de que ela é inevitável. Na saída da reunião com presidentes de sindicatos e associações de radiodifusão, ocorrida ontem no MJ, o diretor do Departamento de Classificação, José Elias Romão, não deu mostras de que essa será a solução definitiva. Ele ainda acredita que a melhor saída é atender aos interesses das crianças e adolescentes para quem foi criada classificação indicativa.
A avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Radiodifusão do Estado do Amazonas (Sinderpam) e da Associação Amazonense de Rádio e Televisão (Amert), Rui Alencar, aponta uma saída negociada, mas reconhece que a questão é complexa e não pode ser resolvida com apenas uma reunião. "Abrimos um caminho; o ministério está tentando resolver o problema conosco, mas não se resolve em uma semana". Segundo o diretor da TV A Crítica, o argumento do Departamento de Classificação é que a Portaria 1.220/2007 foi criada depois de um estudo e debates prolongados, durante três anos, ouvindo as instituições de defesa à criança e ao adolescente. "Só lamento que nós, os atingidos, não fomos ouvidos nessa discussão", complementou.
Prejuízos
Para Rui Alencar, os prejuízos às empresas serão incalculáveis, caso a programação de TV tenha que ser gravada para veiculação no horário estipulado. Terá que ser montada toda uma infra-estrutura, quase uma emissora de televisão, somente para gravar os programas do começo ao fim. Refere-se às empresas de maior porte porque as pequenas, segundo ele, sem essa condição terão que fechar as portas. Cerca de 8 mil trabalhadores na região poderão ficar sem emprego. "É um retrocesso. Vamos passar uma programação com uma hora de atraso, enquanto o mundo inteiro está trabalhando all time. Somos brasileiros; temos o direito de saber como qualquer pessoa neste País da informação, da notícia na hora que ela acontece em tempo real. É uma discriminação", protestou.
Crédito da imagem: Roque de Sá/Agência Tempo
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