Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

20 setembro 2007

OS DESESPERADOS PELA MUDANÇA DO FUSO HORÁRIO DA REGIÃO NORTE

Ministério recua sobre fuso horário no Norte

Antônio Paulo, da equipe de A CRÍTICA


Foi aberto um canal de negociação entre o Ministério da Justiça e os empresários de radiodifusão da Região Norte e dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com relação à Portaria 1.220/2007 sobre a classificação indicativa e faixas horárias de exibição dos programas de televisão. O Departamento de Classificação do MJ acenou pela primeira vez com a possibilidade "remota" de revogar o parágrafo único do artigo 19 da portaria que exige a exibição de programas obedecendo aos horários estipulados, inclusive nos diferentes fusos horários vigentes no País.

Se os radiodifusores da Amazônia tiverem mesmo que seguir a norma, a partir de 9 de janeiro de 2008, toda a programação de TV veiculada na região, que chega a ter duas horas de diferença do horário oficial de Brasília, como no Sul do Amazonas e no Acre, terá que ser gravada.

Resistência

A revogação do dispositivo, no entanto, só acontecerá se as entidades e proprietários das emissoras de TV da Amazônia Legal e dos dois Estados do Centro-Oeste convencerem o Ministério da Justiça de que ela é inevitável. Na saída da reunião com presidentes de sindicatos e associações de radiodifusão, ocorrida ontem no MJ, o diretor do Departamento de Classificação, José Elias Romão, não deu mostras de que essa será a solução definitiva. Ele ainda acredita que a melhor saída é atender aos interesses das crianças e adolescentes para quem foi criada classificação indicativa.

A avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Radiodifusão do Estado do Amazonas (Sinderpam) e da Associação Amazonense de Rádio e Televisão (Amert), Rui Alencar, aponta uma saída negociada, mas reconhece que a questão é complexa e não pode ser resolvida com apenas uma reunião. "Abrimos um caminho; o ministério está tentando resolver o problema conosco, mas não se resolve em uma semana". Segundo o diretor da TV A Crítica, o argumento do Departamento de Classificação é que a Portaria 1.220/2007 foi criada depois de um estudo e debates prolongados, durante três anos, ouvindo as instituições de defesa à criança e ao adolescente. "Só lamento que nós, os atingidos, não fomos ouvidos nessa discussão", complementou.

Prejuízos

Para Rui Alencar, os prejuízos às empresas serão incalculáveis, caso a programação de TV tenha que ser gravada para veiculação no horário estipulado. Terá que ser montada toda uma infra-estrutura, quase uma emissora de televisão, somente para gravar os programas do começo ao fim. Refere-se às empresas de maior porte porque as pequenas, segundo ele, sem essa condição terão que fechar as portas. Cerca de 8 mil trabalhadores na região poderão ficar sem emprego. "É um retrocesso. Vamos passar uma programação com uma hora de atraso, enquanto o mundo inteiro está trabalhando all time. Somos brasileiros; temos o direito de saber como qualquer pessoa neste País da informação, da notícia na hora que ela acontece em tempo real. É uma discriminação", protestou.

Crédito da imagem: Roque de Sá/Agência Tempo