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27 outubro 2007

DOENÇAS DE PELE NO BRASIL

Censo inédito analisa as doenças de pele mais comuns no Brasil

O Censo de Doenças de Pele no Brasil, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), analisou os dados de cerca de 55 mil pacientes para apontar as doenças mais prevalentes da especialidade - como acne, micoses superficiais, transtornos da pigmentação, manchas pré-cancerígenas e dermatites de contato - a partir de atendimentos em hospitais públicos e privados. O estudo, inédito no país, contou com a consultoria do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás e da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz.

“A acne é a doença de pele que mais leva pacientes aos consultórios dermatológicos”, afirmou a pesquisadora da Ensp Mônica Campos, durante sessão científica promovida pela Escola em que os resultados do censo foram debatidos. “A SBD percebeu uma lacuna no perfil de atendimento ambulatorial. Temos pouca informação nessa área e esse foi o ponto de partida para a realização da pesquisa”.

De acordo com Mônica, é muito importante estabelecer a freqüência das doenças de pele nos atendimentos ambulatoriais realizados por médicos dermatologistas. “Era preciso descrever o cenário da doença e o perfil do atendimento baseado nos atendimentos das unidades de saúde públicas e privadas. É necessário que as sociedades médicas aportem informações que mostrem quais são as doenças que devem ter prioridade no planejamento de políticas de saúde, distribuição de medicamentos e campanhas de prevenção”, disse.

Segundo Mônica, durante a pesquisa foi criada e testada uma lista de categorias de diagnósticos de sintomas que levariam à identificação dos carcinomas, que são os cânceres de pele. No estudo foram utilizados dados do serviços público e privado de saúde, nas capitais e em cidades com serviços credenciados pela SBD. “Ao todo, foram envolvidos 916 médicos de 61 serviços de atendimento. Quanto aos pacientes, 27,8% fizeram consultas no setor público e 72,2% no privado”. Na pesquisa foram vistos paciente de 1 a 98 anos, mas a idade média prevalente nos atendimento foi de 37 anos.

Os dados consolidados por Mônica apresentaram os seguintes números: entre homens e mulheres a maior procura foi percebida entre os meninos na faixa etária de até 15 anos. Em grande parte, a causa da consulta foi a acne. Ela também representa 84,5% das consultas privadas. As mulheres de 30 a 49 anos foram as que mais procuraram o dermatologista em 2006. Outro fator detectado na pesquisa foi que 78% do total de pacientes objervados eram brancos. Os negros representaram apenas 6,6% das pesquisas. Em relação às doenças, das 25 mais prevalentes a acne alcançou o primeiro lugar com 14% das consultas seguida por micoses superficiais com 8,7% e transtornos de pigmentação com 8,4%. As estrias, cicatrizes e fibroses cutâneas representaram apenas 1% da pesquisa.

“Na análise regional detectamos que a Região Norte foi a que menos apresentou doenças dermatológicas, apenas 2,5% do total, contra 66,5% no Sudeste. Entre faixas etárias, a doença que mais afetou os pacientes até 39 anos foi a acne. A partir dessa idade, a doença de maior prevalência é a ceratose actínica, que são manchas pré-cancerígenas causadas pela exposição ao sol. O carcinoma espinocelular é um tumor maligno da pele que não aparecia entre as 25 causas mais freqüentes nas consultas e passou a ocupar o 23º lugar na faixa entre 40 e 64 anos. Além disso, ela sobe vertiginosamente no ranking entre os pacientes com mais de 65 anos, ocupando o 6º lugar. “Isso mostra que as pessoas não se previnem pois, essas são doenças que aparecem com muito mais freqüência na idade avançada porque elas tem ligação direta com a quantidade de exposição ao sol".

A pesquisadora ressaltou o grande aumento da hanseníase nos atendimentos, principalmente em hospitais públicos. “Na população de brancos, a hanseníase não aparece entre as 25 doenças mais freqüentes. Já na população parda e negra aparece em 10º lugar. Na avaliação entre unidades públicas e privadas aparece apenas em hospitais públicos, em 6º lugar".

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
Ilustração: Ministério da Saúde do Brasil