PALMEIRA TUCUMÃ
Biometric parameters of bunches, fruits and seeds of the tucumã palm (Astrocaryum aculeatum G. Meyer) in Acre, Brazil
NASCIMENTO, Janice, F.; FERREIRA, Evandro José L.; REGIANI, Anelise Maria. Universidade Federal do Acre (UFAC), janicenascimento@gmail.com**
RESUMO: Foram avaliados os aspectos biométricos dos cachos, frutos e sementes da palmeira Tucumã presentes em pastagens na Região Leste do Estado do Acre. Por apresentar elevado teor de óleo na polpa e no endosperma, a espécie tem potencial para a produção de biodiesel. Na caracterização dos cachos foram observadas médias de peso de 15,23 kg, diâmetro de 40,0 cm, comprimento de 123,0 cm e 239 frutos por cacho. Os frutos apresentaram médias de peso de 58,01 g, comprimento de 52,70 mm e diâmetro de 46,21 mm. A polpa representa 27,8% do peso do fruto, a casca 19,22%, a semente úmida 51,14%, a semente seca 39,69% e o endosperma seco 17,11%. As maiores correlações aconteceram entre o tamanho e peso da semente, endosperma e endocarpo.
PALAVRAS-CHAVE: Astrocaryum aculeatum G. Meyer, biometria, biodiesel.
Abstract: In this study we examined biometric parameters of bunches, fruits and seeds of the tucumã palm (Astrocaryum aculeatum G. Meyer) present in pastures of Eastern Acre State, Brazil. This species displays potential for the production of biodiesel due to high oil content in its pulp and endosperm. In the characterization of fruits bunches, we observed a mean mass of 15.23 kg, mean diameter of 40.0 cm, mean length of 123.0 cm, and on average 239 fruits per bunch. Fruits displayed a mean mass of 58.01 g and mean length and diameter of 52.70 mm and 46.21 mm, respectively. Fruit pulp, peel, wet seed, dry seed and dry endosperm represented 27.8%, 19.22%, 51.14%, 39.69% and 17.11% of the total fruit mass, respectively. Statistical analyses of fruit and seed variables indicated strongest correlations between seed size and the mass of the seed, endosperm and endocarp.
KEYWORDS: Astrocaryum aculeatum G. Meyer, biometrics, biodiesel.
INTRODUÇÃO
O tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Meyer) é uma espécie da família Arecaceae, com estipe espinhoso, solitário e ereto. Apresenta frutos globosos de coloração amarelo-laranjado ou laranja-esverdeado quando maduros. A polpa é amarelada e bastante oleosa. É uma palmeira amplamente distribuída na Vezezuela, Trinidad, Guianas, Bolívia e na Amazônia Brasileira. No Brasil pode ser encontrado nos estados do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Acre (LORENZI et al. 2004).
Ela ocorre em florestas primárias e secundárias, com maior freqüência em floresta secundária (capoeira) e pastagens cultivadas (LORENZI et al. 2004). Na Região Amazônica é uma espécie amplamente utilizada pela população local, desde as folhas que apresentam fibras de alta resistência até os frutos, que são ricos em vitamina A, ácidos graxos saturados e lipídios (VILLACHICA et al. 1996 apud OLIVEIRA 2003).
O objetivo desde trabalho caracterizar biometricamente os cachos, os frutos e as sementes da palmeira tucumã já que este apresenta grande potencial para a produção do Biodiesel (PANTOJA et al. 2006), um combustível obtido de óleo vegetal, em virtude do alto conteúdo de óleo encontrado na polpa e no endosperma. As análises estatísticas dos dados obtidos na caracterização podem auxiliar na coleta de cachos com maior potencial de produção de óleo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletados 3 cachos de tucumã (A. aculeatum), oriundos de indivíduos distintos, ao longo da rodovia BR-317 entre os municípios de Capixaba e Xapuri - Acre. A escolha das palmeiras foi feita de forma aleatória em indivíduos adultos que se encontravam crescendo espontaneamente em área de pastagem. As análises foram realizadas no Laboratório de Sementes Florestais do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (PZ/UFAC) em Rio Branco - AC.
Cada cacho foi pesado e medido (comprimento e diâmetro) com o auxilio de balança comum e trena, e em seguida, retirados todos os frutos para contagem total. Destes, foram selecionados ao acaso 100 unidades de cada cacho, totalizando 300 frutos para caracterização individual. Após a contagem e seleção dos frutos, pesou-se e mediu as raques de cada cacho.
A análise individual dos frutos incluiu as seguintes variáveis: peso, comprimento e diâmetro do fruto inteiro, peso da casca e da polpa, espessura da polpa, diâmetro da semente, peso da semente úmida e seca, peso do endocarpo seco e da amêndoa seca.
Para a secagem, os frutos foram colocados na estufa à 80ºC por 48 horas. Na determinação do peso foi utilizada uma balança de precisão de 0,01g e para as medidas de comprimento e diâmetro, em milímetros, um paquímetro. Os frutos foram despolpados manualmente com o auxilio de uma faca.
Para o estudo das correlações foi utilizado o programa Excel 2003.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da caracterização morfométrica dos cachos da palmeira Tucumã são apresentados na tabela I. Houve variação principalmente no peso do cacho e no número de frutos total (coeficientes de variação de 36% e 34%, respectivamente). A maioria das variáveis do cacho apresenta correlação alta, linear e positiva entre si (Tab. II).
Os resultados da caracterização morfométrica dos frutos e das sementes da palmeira Tucumã são apresentados na tabela III. Os pesos da polpa e do endocarpo secos foram as variáveis que apresentaram maior coeficiente de variação, 32% e 20%, respectivamente. A polpa representa 27,8% do peso do fruto, a casca 19,22%, a semente úmida 51,14%, a semente seca 39,69% e o endosperma seco 17,11%.
Nem todas as variáveis dos frutos e sementes apresentaram correlação alta, linear e positiva entre si. Os valores mais significantes estão entre o tamanho e peso da semente, endosperma e endocarpo, como observado na tabela IV.
Os resultados obtidos neste estudo demonstram que o Tucumã apresenta grande potencial para extração de óleo para a síntese de biodiesel, pois segundo PANTOJA et al. (2006) a maior concentração de óleo do fruto está no endosperma. Esta parte do fruto apresentou maiores índices de correlação com cinco das 11 variáveis, que incluem diâmetro do fruto, diâmetro da semente, peso da semente úmida, peso da semente seca e peso do endocarpo seco.
Na prática, uma rápida avaliação de frutos e sementes colhidos no chão da floresta poderão ser indicadores de cachos maiores e mais pesados, garantido, desta forma, maior quantidade de óleo vegetal.
Agradecimentos: Aos colegas do Laboratório de Sementes Florestais e do Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC e do Núcleo Acre do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA. Ao CNPq pela bolsa oferecida.
Referências Bibliográficas
LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de.; COSTA, J. T. de M.; CERQUEIRA, L. S. C. de.; FERREIRA, E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2004. 432p.
OLIVEIRA, M.S.P.; COUTURIER, G.; BESERRA, P. Biologia da polinização da palmeira tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.) em Belém, Pará, Brasil. Acta Botanica Brasílica, São Paulo, v.17, n.3, jul./set. 2003.
PANTOJA, N.V.; REGIANI, A.M.; FERREIRA, E.J.L.; NASCIMENTO, J.F. Estudo da Viabilidade do Uso dos Frutos da Palmeira Tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Meyer) para a Extração de Óleo e Síntese de Biodiesel. In: 57º Congresso Nacional de Botânica, 2006, Gramado-RS. Anais do 57º Congresso Nacional de Botânica, 2006.
*Artigo originalmente publicado na Revista Brasileira de Agroecologia Vol. 2 No.2: 1314-1318 (Outubro de 2007)
** Sobre os autores:
NASCIMENTO, Janice, F., Graduanda do curso de Engenharia Florestal da UFAC;
FERREIRA, Evandro José L., Pesquisador do INPA-AC e Curador do Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC;
REGIANI, Anelise Maria, Professora do Departamento de Ciências da Natureza d Universidade Federal do Acre (UFAC).
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