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29 janeiro 2008

A IMPROBABILIDADE DE UM SURTO DE FEBRE AMARELA

Especialista da Fiocruz afirma que 'Não há qualquer sinal de urbanização da febre amarela ou de expansão da área de risco'.

Isis Breve, Agência Fiocruz de Notícias

O Ministério da Saúde ampliou a recomendação da vacinação contra febre amarela no país. Além de Goiás e Distrito Federal, estados onde os macacos morreram supostamente infectados pela doença, a Vigilância Sanitária solicitou também a vacinação de moradores e visitantes de todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste. Maranhão e Minas Gerais também entraram no roteiro, assim como o oeste de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Piauí, o sul da Bahia e Espírito Santo. Para falar sobre a febre amarela a Agência Fiocruz de Notícias (AFN) entrevistou o infectologista José Cerbino, especialista na área de vacinas do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), uma unidade da Fiocruz.

AFN: Desde 1942 não há caso de febre amarela urbana no Brasil. Agora a doença retorna ao cenário. Qual é o quadro da enfermidade no país?
Cerbino:
A febre amarela pode apresentar dois ciclos distintos. A chamada febre amarela urbana foi erradicada no Brasil na década de 40. E a febre amarela silvestre existe apenas em áreas florestais e de cerrado de alguns estados. Além dos locais de ocorrência da doença nas formas urbana e silvestre, há também uma diferença nos participantes de cada ciclo. A febre amarela urbana tem como hospedeiro o homem e o mosquito transmissor é o Aedes aegypti, porém não há casos da doença na forma urbana desde 1942. Já a febre amarela silvestre tem como principal hospedeiro os primatas não-humanos, como os macacos e os mosquitos transmissores pertencem ao gênero Haemagoggus e Sabethes. Nesse ciclo o homem é um hospedeiro acidental, sendo infectado quando entra nas regiões onde há transmissão. As medidas recomendadas em relação a febre amarela silvestre são a imunização das pessoas que poderão ser expostas ao vírus e o monitoramento de casos em primatas. Os estados onde o Ministério da Saúde recomenda a vacinação de moradores e visitantes foram identificados como regiões de risco da febre amarela silvestre. Ratifico que não há nenhum sinal de urbanização da doença ou de expansão da área de risco.

AFN: Quais as formas de transmissão da doença e os seus principais sintomas?
Cerbino:
A transmissão da doença se dá pela picada do mosquito infectado. Dentro de três a seis dias após a transmissão do vírus da febre amarela aparecem sintomas como febre, mialgias (dores musculares), cefaléias (dores de cabeça), náuseas e vômitos. A doença pode apresentar um caráter bifásico, no qual após uma suposta melhora dos sintomas os casos mais graves evoluem com sinais de insuficiência renal e hepática, como icterícia e manifestações hemorrágicas.

AFN: A vacina contra febre amarela é a maneira mais eficaz no combate à doença? Apenas moradores visitantes das regiões endêmicas da febre amarela devem tomar o imunizante? Que precauções a população deve tomar?
Cerbino:
A vacina é a forma mais eficaz de prevenir a doença e só é indicada para as pessoas residentes ou que vão viajar para as áreas de risco. A população deve lembrar que a vacina deve ser tomada dez dias antes da viagem, o que confere proteção contra a febre amarela por dez anos.

AFN: Que locais o viajante deve procurar caso for passar pelas regiões endêmicas? Existe esse tipo de assistência na Fiocruz?
Cerbino:
O viajante deve procurar os postos municipais de vacinação caso vá para alguma das áreas de risco. Na Fiocruz não há um serviço de vacinação de rotina. Contamos com um serviço de medicina de viagem onde é possível agendar uma consulta informando o destino da viagem e durante o atendimento são informados os riscos, de acordo com as regiões visitadas e eventuais problemas de saúde que o viajante tenha. Nesses casos aplicamos as vacinas recomendadas de acordo com os riscos identificados para cada rota de destino.