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04 julho 2008

O "RE$GATE" DE INGRID BETANCOURT

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

A notícia rodou o mundo e ocupou as manchetes dos principais meios de comunicação:

- Ingrid Betancourt, outros reféns estrangeiros e alguns policiais colombianos foram libertados por tropas colombianas em uma operação de resgate espetacular!

Sob o ponto de vista militar, o mais espetacular da operação que resultou na liberação dos prisioneiros das FARCs foi o fato de que não se disparou um único tiro! Talvez seja um fato inédito.

Segundo o relato da prisioneira mais famosa do mundo, durante a operação militar todos os libertados e o líder local da FARC responsável pelos prisioneiros foram embarcados em um helicóptero sem que ninguém soubesse que tudo era uma encenação. Só depois que o helicóptero se afastou do local é que os militares que comadaram a operação deram voz de prisão ao guerrilheiro e informaram aos reféns que eles estavam livres.

Se fosse verdade, essa terá sido a mais impressionante operação de resgate militar de toda a história. O resgate dos prisioneiros israelenses em Entebe, a libertação de Benito Mussolini por um comando das SS alemãs na segunda guerra mundial, a tomada do forte Eben Emael na Bélgica, e muitos outros, serão fichinha perto do que fizeram os colombianos.

Quem leu, ouviu ou viu a notícia nos diversos meios de imprensa do Brasil e do mundo sem duvidar de nada ficou com a nítida impressão de que da noite para o dia o exército colombiano se transformou em tropa de elite! Não é bem assim. Todos sabem que se os militares colombianos fossem tão eficientes como querem parecer agora, as FARCs já teriam sido derrotadas.

Agora a verdade sobre o suposto resgate começa a aparecer. Tudo não passou de uma troca. Não de reféns civis ou militares por guerrilheiros presos, mas de reféns por dólares. Alguns milhões deles. Segundo os comentários que começam a pipocar na net, o preço da libertação de Betancourt foi de aproximadamente U$ 20 milhões.

Vejam como a web é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo. Enquanto ela democratizou e massificou o acesso à informação, ela também tem contribuido para desinformar os leitores pois a grande maioria dos sites não analisa as notícias com a profundidade que elas merecem. Elas são apresentadas de tal forma que não dão a oportunidade para os leitores duvidarem ou questionarem os fatos.

Antigamente se dizia que as notícias tinham que ser assim, curtas e pouco ilustradas, por questão de espaço, custo e tempo nos jornais, revistas e telejornais tradicionais. Mas isso deveria ser diferente na web, onde espaço e tempo não são fatores limitantes.

Alguns vícios da imprensa convencional parecem que conseguiram ser transplantados para a nova mídia digital. Azar dos leitores.