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03 julho 2008

AS "VÍTIMAS" DA PARIDADE NA ELEIÇÃO DA UFAC

Decisões que causaram estupefação, assombro e surpresas, e que custarão caro politicamente aos que as protagonizaram. Em política, um fio de navalha separa a coerência da incoerência, o oportunismo do pragmatismo. Dependendo do momento, se abster é o mesmo que abraçar publicamente o lado errado da causa em questão

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

- Vamos agora para a chamada nominal dos membros do Conselho Universitário para decidir a questão da paridade entre os votos dos professores, alunos e funcionários na eleição para Reitor. Ela vai ser feita pela ordem das assinaturas na lista de presença:

- Professor Carlitinho (ex-Reitor da UFAC). O senhor é a favor ou contra?
- Voto contra!

- Professor Gerson Albuquerque (militante estudantil histórico, da mesma 'safra' do Binho, Marcos Afonso, Carioca, Naluh). O senhor é a favor ou contra?
- Me abstenho!

- Professor Vicente Cerqueira (candidato a vice na chapa da professora Margarida). O senhor é a favor ou contra?
- Contra!


Resultado da votação: paridade 27, contra a paridade 22, abstenções 11. Com direito a palavra do Professor Vicente Cerqueira, depois que a votação foi encerrada, de que ele não era contra a paridade!?!?

Pois é. Estes foram apenas alguns dos votos que a Fátima Almeida, colega de trabalho no Parque Zoobotânico, conseguiu lembrar e que a deixaram literalmente de queixo caído.

As razões?

Faz tempo que a comunidade acadêmica, incluindo os docentes, se posiciona informalmente a favor da paridade. Antes, quando os professores representavam 70% dos votos, a eleição não era, de forma alguma democrática. E os reitores eleitos tinham que governar com um olhar firme nos docentes, que, decidiam a seu bel prazer a escolha do dirigente máximo da Universidade, como se apenas os professores fossem parte da comunidade.

Com a mudança na paridade de votos aprovada ontem, a coisa muda totalmente de figura. Estudantes e funcionários vão ter um peso decisivo nesta eleição. E os votos que descrevi acima foram decisivos para que a chapa liderada pela Professora Margarida tenha, provavelmente de forma involuntária, tomado de forma antecipada o lugar na fila para a balsa rumo a Manacapurú. Vão sofrer com o rio seco. Vai ser uma jornada penosa.

A professora Margarida tem apoio informal do grupo do professor Carlitinho, que, assim como o vice em sua chapa, Vicente Cerqueira, ficaram mal no 'filme' dos funcionários e alunos ao votar abertamente contra o voto paritário. Ao agir assim, deram munição de sobra para a chapa liderada pela professora Olinda, que já estava sendo apoiada abertamente pelos servidores.

O que dizer de tamanha 'pixotada'?

Pouca coisa. Política é uma coisa terrível. Emoção e desespero não combinam com ela. Já está provado faz tempo.

A última coisa que o professor Vicente deveria ter feito era votar contra a paridade. Mesmo indo contra a vontade das pessoas que apóiam a chapa da professora Margarida, ele deveria ter votado a favor. Os outros apoiadores de sua chapa com direito a voto no Conselho Universitário que votassem contra! Mas ele não podia ter feito o que fez. Por conveniência política e para ajudar o movimento que ele apóia nesta eleição, o professor Carlitinho também não deveria ter votado como votou.

Mas o mais ‘estupefante’, assombroso e surpreendente dos votos foi o do professor Gerson Albuquerque. Como explicar sua decisão de se abster de votar em favor da paridade? Uma coisa que ele vem brigando há tantos anos? Qual a justificativa?

Mesmo contra a sua própria vontade, ele deveria ter votado a favor. Pelo que ele representa para o movimento estudantil, para manter uma coerência histórica e, acima de tudo, mostrar que é um democrata que sempre vai apoiar causas claramente em favor da democracia, do equilíbrio de forças. A paridade é isso. O equilíbrio entre as partes do meio acadêmico. Porque ir contra?

Agora ele precisa se justificar publicamente para não cair em descrédito e não dar a entender aos seus admiradores que agiu por egoísmo e conveniência política. Como a maioria dos políticos costumam fazer. Eu sempre achei o Gerson politicamente bem distinto dos demais. Autêntico e determinado. Difícil de ser seduzido por qualquer proposta.

O Gerson deve saber disso, mas vale a pena repetir mais uma vez: infelizmente, figuras públicas cujo posicionamento político-ideológico é amplamente conhecido não podem ser egoístas e tomar decisões com amplo alcance popular sem ouvir suas bases e avaliar as conseqüências.

Vejam o que está acontecendo com o Senador Tião Viana neste episódio do fuso horário. Vejam o egoísmo que foi a ida da Naluh para o TCE. São lições fresquinhas.

Será que caiu por terra a reputação de mais um dos últimos baluartes da política e da ideologia da esquerda acreana?

Quem será o próximo?

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O voto proporcional não é democrático. Tampouco o é o voto paritário, onde um voto de professor continua valendo mais que um voto de funcionário ou aluno. Entretanto, o voto proporcional é definido em lei (9192/95 art. 16). Nesse sentido, o voto paritário é contra a lei. Diga-me: autonomia universitária funciona dentro da esfera da lei ou deve ser confundida com soberania universitária?

16/07/2008, 01:01  

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