Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

01 julho 2008

PROFECIA

Políticos que patrocinaram a mudança são pressionados a alterar o horário de início das aulas no Acre

Mudança do fuso horário no Acre causa problemas de rendimento escolar para os alunos do período da manhã. População também tem se mostrado insatisfeita pois a economia de energia que a mudança traria não se concretizou


Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Em razão das dezenas de reclamações de professores e de pais de alunos que observaram uma queda no rendimento escolar dos estudantes do período matutino da rede estadual e municipal de ensino após a entrada em vigor do novo fuso horário, os políticos que patrocinaram a mudança do fuso horário do Acre estão sendo pressionados a fazer gestões junto à Secretária de Educação do Estado e de várias prefeituras do interior para que elas alterem o do horário do início das aulas do período matutino nas escolas do Acre.

As discussões estão sendo realizadas de forma discreta e não são publicadas na imprensa local para evitar que o público perceba que a mudança do fuso horário acreano tem sido um fracasso. Segundo fontes que acompanham as negociações, existem propostas para que as aulas da manhã se iniciem às 7:30 ou 8:00 da manhã.

Em abril passado, logo após a aprovação da mudança do fuso horário, o site do Observatório do Direito à Comunicação já havia publicado uma reportagem indicando que, na opinião de geógrafos e médicos especialistas em saúde pública, as populações das áreas afetadas pela mudança sofreriam "impactos no metabolismo, em especial as crianças, com possíveis resultados negativos, como a perda de rendimento nas atividades escolares". A razão argumentada pelos especialistas era de que uma parcela substancial destas comunidades iria ter suas primeiras atividades do dia ainda no escuro, causando alterações biológicas que provocam diferentes transtornos de saúde, incluindo, por exemplo, aumento no consumo de medicamentos estimulantes e relaxantes.

Outra reclamação vinda rede escolar que tem se avolumado, mas ainda não foi externada, diz respeito ao incômodo que alunos e professores do período da tarde estão sentindo com o excesso de calor que predomina durante todo o turno. Com a mudança do fuso, o período das aulas passou a ser entre 12 e 16 horas se for considerado o antigo fuso horário, expondo alunos e professores ao período mais quente da tarde. No Acre e na Amazônia de uma maneira geral, as maiores temperaturas e sensação de calor durante o dia são registradas por volta das 14 horas. Com isso, o calor atinge o ápice exatamente na metade do período escolar vespertino.

O senador Tião Viana (PT-AC), autor do projeto de mudança, afirmou na época da aprovação da mudança que haveria “uma melhor adaptação da ordem temporal interna da população, favorecendo o ciclo laboral e propiciando mais conforto às pessoas”.

Economia de energia não se confirmou

Outra reclamação crescente da população diz respeito à promessa dos patrocinadores da mudança do fuso horário do Acre de que ela traria uma grande economia de energia. Na época, o Deputado Diniz (PC do B-AC) havia afirmado textualmente que "economizaremos uma hora de energia, tendo em vista que vamos esticar o dia em mais uma hora, ampliando a tarde e puxando o dia para dentro da madrugada de sol". Argumento similar havia sido externado pelo Senador Tião Viana, que afirmou textualmente que a mudança acarretaria "economia de energia no sistema isolado do Acre, diminuindo despesas com a Conta de Consumo de Combustíveis, financiada por todos os consumidores do país".

Entretanto, confirmando a sugestão de especialistas no assunto, a economia para a maioria dos consumidores tem sido insignificante. Este alerta foi feito ainda em abril pelo Professor de Física da Universidade Federal do Acre (UFAC) Francisco Eulálio Alves dos Santos, conhecido como professor Magnésio, que afirmou que a economia de energia não deveria ser incluída como um dos argumentos da mudança. Ele afirmou ainda que não seria possível calcular o percentual de economia.

Na mesma época, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) informou que a economia por causa da mudança de fuso horário seria “residual” e o presidente da Companhia de Eletricidade do Acre-Eletroacre, Celso Mateus, havia informado que a empresa ainda não tinha avaliação do impacto da mudança na energia do estado.

Quando consultada por um repórter da Agência Brasil em abril passado, a assessoria do senador Tião Viana (PT-AC) informou que não possuía dados concretos sobre o impacto da mudança no consumo de energia da região afetada pela mudança. No projeto, o Senador afirmava que a que a alteração iria acarretar economia de energia no sistema isolado dos estados no Norte, diminuindo as despesas com a CCC.

Por ocasião da aprovação do projeto de mudança do fuso horário acreano, a falta de dados concretos para justificar a mesma e a aparente submissão de políticos do Acre aos interesses das empresas de comunicação foi objeto de críticas de jornalistas independentes e blogs especializados do Acre.

Na época, o Deputado Moisés Diniz havia afirmado que "as opiniões de alguns articulistas do sul/sudeste sobre o assunto não passam de preconceito contra os políticos do norte. Cheira a desinformação, má vontade e vilania jornalística".

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Hoje, 01.07.2008, ao acordar às 5:40 horas do novo horário levantei-me por conta dos meus compromissos, fui à cozinha e minha mulher já estava no batente. Sentia-me extremamente cansado, parecia não ter dormido. Perguntei para minha mulher: "Onde estará o senador Tião Viana nesta hora?" Minha mulher sorriu e falou: "dormindo, é claro!" Sempre votei nos candidatos da frente popular, mas desta vez sinto muito, o Angelin ainda terá meu voto, mas com a mais absoluto certeza, o senador Tião Viana não terá meu voto nunca mais, pois traiu o povo acreano.

01/07/2008, 14:05  

Postar um comentário

<< Home