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25 setembro 2008

ESPORTE: PRATICAR OU ASSISTIR MELHORA FUNÇÕES CEREBRAIS

Estudo mostra que praticar um esporte – ou mesmo assisti-lo – ajuda a melhorar as funções cerebrais relacionadas à linguagem, fazendo com que áreas normalmente utilizadas para agir se envolvam com o entendimento

Esporte cerebral

Agência FAPESP – Praticar esportes – ou simplesmente assisti-los – pode ajudar a melhorar as funções cerebrais relacionadas à linguagem, de acordo com um novo estudo realizado na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

A pesquisa foi realizada com jogadores e torcedores de hóquei, além de pessoas que nunca assistiram ou jogaram uma partida do esporte. Os resultados serão publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

O estudo mostra que a região do cérebro normalmente associada ao planejamento e ao controle de ações é ativada quando jogadores e torcedores ouvem uma conversa sobre o esporte. O impulso ajuda atletas e torcedores a compreender informações sobre seu esporte, mesmo que no momento da conversa a pessoa não tenha intenção de se exercitar.

De acordo com os autores, o cérebro pode ser mais flexível durante a idade adulta do que se estimava. “Atividades não-relacionadas à linguagem, como praticar ou assistir esportes, têm efeito positivo sobre a capacidade de entendimento da linguagem sobre o esporte, precisamente porque as áreas cerebrais normalmente utilizadas para agir passam a ficar altamente envolvidas com o entendimento da linguagem”, disse Sian Beilock, autora principal do artigo e professora de psicologia da Universidade de Chicago.

“A experiência de jogar e assistir esportes tem efeitos duradouros sobre o entendimento da linguagem, ao modificar as redes neurais que apóiam a compreensão, incorporando áreas ativas em habilidades ligadas à performance esportiva”, disse ela.

A pesquisa poderá ter maiores implicações para o aprendizado, segundo os autores. “Ela destaca que a dedicação a uma modalidade ativa redes cerebrais que não são normalmente associadas à linguagem e isso melhora o entendimento da linguagem relacionada àquela atividade”, disse Sian.

Doze jogadores profissionais e universitários de hóquei, oito torcedores e nove indivíduos que nunca haviam visto um jogo participaram do estudo. Os pesquisadores pediram que eles ouvissem expressões relacionadas a jogos de hóquei, como chutar, fazer defesas e “estar ligado no jogo”. Os voluntários também ouviram expressões sobre atividades cotidianas, como “tocar campainhas” e “varrer o chão”.

Enquanto os indivíduos ouviam as expressões, seus cérebros foram monitorados por ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês), que permite inferir quais áreas do cérebro ficaram mais ativas durante a manifestação da linguagem.

Depois de ouvir as expressões no aparelho de fMRI, os voluntários passaram por uma bateria de testes para avaliar sua compreensão sobre aquela linguagem. Embora a maioria dos voluntários tenha compreendido a linguagem sobre atividades cotidianas, os jogadores e torcedores de hóquei tiveram um entendimento substancialmente melhor das expressões relacionadas ao esporte.

O imageamento cerebral revelou que quando os jogadores e torcedores ouviram a linguagem sobre o hóquei, eles mostraram atividade nas regiões cerebrais normalmente utilizadas para planejar e selecionar ações físicas bem assimiladas. A atividade aumentada em áreas motoras do cérebro ajudou os jogadores e torcedores a compreender melhor a linguagem ligada à modalidade esportiva.

O artigo Sports experience changes the neural processing of action language, de Sian Beilock e outros, pode ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.