MICROFILÁRIA DESCONHECIDA ENCONTRADA NO ACRE
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Pesquisadores do Laboratório de Simulídeos do Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), do Hospital Universitário de Brasília e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, encontraram uma forma atípica de microfilária em amostras de sangue de habitantes de Porto Acre, Município localizado a cerca de 50 km da cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre.
O estudo também encontrou infecção por microfilárias em habitantes de regiões adjacentes do Amazonas, ao longo dos rios Antimary, Acre e Purus.
A versão online do artigo foi publicada pela revista Parasitology Research no dia 9 de setembro e indica que até agora o Estado do Acre apresenta as mais baixas taxas de infecções, considerando os resultados obtidos no levantamento realizado na sede do projeto de manejo florestal da Funtac, na Floresta Estadual Antimary (0 infectados/67 pessoas amostradas), e em Porto Acre (3,8% de infecção, 5 infectados/129 amostrados). Entretanto, a prevalência da infecção aumenta de forma dramática na região adjacente no Estado do Amazonas, onde as taxas de infecção foram de 10% na comunidade Andaraí (ao longo do rio Antimary), 21% na Vila Antimary (rio Acre) e 85,7% na Vila Kamikuã (ao longo do rio Purus).
A filária desconhecida encontrada na divisa do Acre com o Amazonas possui características de Mansonella ozzardi e Onchocerca volvulus. Onchocerca volvulus é o verme causador da oncocercose, uma doença parasitária crônica transmitida por várias espécies do gênero Simulium (borrachudos) e piums. Em sua forma mais grave, esta diença pode causar cegueira.
Estima-se que na África existam 270 mil pessoas com cegueira irreversível e 500 mil com graves perdas de visão causadas pela oncocercose. Diversas áreas agrícolas foram abandonadas em regiões ribeirinhas de países sub-saarianos, onde a doença forma área endêmica, devido ao temor da população. A concentração em áreas próximas a rios, que são o habitat preferencial dos vetores da doença, rendeu à oncocercose o nome popular de cegueira dos rios.
Segundo uma das autoras do trabalho, Marilza Herzog, "a cegueira não é comum no Brasil porque aqui a carga parasitária dos pacientes é muito mais baixa do que entre os pacientes africanos", sendo o sintoma mais comum a coceira.
No Brasil a doença é endêmica na área dos índios Yanomamis que habitam os Estados de Roraima e Amazonas. Casos recentes detectados no Centro-Oeste do país são explicados como resultantes da migração de garimpeiros que adquiriram a doença em território Yanomami durante invasões ilegais daquela área indígena. Isso aconteceu porque lá existem mosquitos do gênero dos simulídeos, capazes de transmitir a oncocercose. Recentemente, 12 pessoas estavam infectadas por O. volvulus no centro-oeste brasileiro.
Clique aqui para ler a íntegra do artigo "An atypical microfilaria in blood samples from inhabitants of Brazilian Amazon" no Blog Biodiversidade Acreana (em inglês).
(Ilustração: Fiocruz)
Blog Ambiente Acreano
Pesquisadores do Laboratório de Simulídeos do Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), do Hospital Universitário de Brasília e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, encontraram uma forma atípica de microfilária em amostras de sangue de habitantes de Porto Acre, Município localizado a cerca de 50 km da cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre.
O estudo também encontrou infecção por microfilárias em habitantes de regiões adjacentes do Amazonas, ao longo dos rios Antimary, Acre e Purus.
A versão online do artigo foi publicada pela revista Parasitology Research no dia 9 de setembro e indica que até agora o Estado do Acre apresenta as mais baixas taxas de infecções, considerando os resultados obtidos no levantamento realizado na sede do projeto de manejo florestal da Funtac, na Floresta Estadual Antimary (0 infectados/67 pessoas amostradas), e em Porto Acre (3,8% de infecção, 5 infectados/129 amostrados). Entretanto, a prevalência da infecção aumenta de forma dramática na região adjacente no Estado do Amazonas, onde as taxas de infecção foram de 10% na comunidade Andaraí (ao longo do rio Antimary), 21% na Vila Antimary (rio Acre) e 85,7% na Vila Kamikuã (ao longo do rio Purus).
A filária desconhecida encontrada na divisa do Acre com o Amazonas possui características de Mansonella ozzardi e Onchocerca volvulus. Onchocerca volvulus é o verme causador da oncocercose, uma doença parasitária crônica transmitida por várias espécies do gênero Simulium (borrachudos) e piums. Em sua forma mais grave, esta diença pode causar cegueira.
Estima-se que na África existam 270 mil pessoas com cegueira irreversível e 500 mil com graves perdas de visão causadas pela oncocercose. Diversas áreas agrícolas foram abandonadas em regiões ribeirinhas de países sub-saarianos, onde a doença forma área endêmica, devido ao temor da população. A concentração em áreas próximas a rios, que são o habitat preferencial dos vetores da doença, rendeu à oncocercose o nome popular de cegueira dos rios.
Segundo uma das autoras do trabalho, Marilza Herzog, "a cegueira não é comum no Brasil porque aqui a carga parasitária dos pacientes é muito mais baixa do que entre os pacientes africanos", sendo o sintoma mais comum a coceira.
No Brasil a doença é endêmica na área dos índios Yanomamis que habitam os Estados de Roraima e Amazonas. Casos recentes detectados no Centro-Oeste do país são explicados como resultantes da migração de garimpeiros que adquiriram a doença em território Yanomami durante invasões ilegais daquela área indígena. Isso aconteceu porque lá existem mosquitos do gênero dos simulídeos, capazes de transmitir a oncocercose. Recentemente, 12 pessoas estavam infectadas por O. volvulus no centro-oeste brasileiro.
Clique aqui para ler a íntegra do artigo "An atypical microfilaria in blood samples from inhabitants of Brazilian Amazon" no Blog Biodiversidade Acreana (em inglês).
(Ilustração: Fiocruz)
4 Comments:
Olá Evandro...
Sou a autora do trabalho que você cita no BLOG "An atypical microfilaria...". Primeiro, gostaria de agradecer a atenção dispensada ao nosso trabalho. Em segundo lugar, só gostaria de retificar que a microfilária encontrada só foi detectada entre habitantes de Vila Antimary, no Rio Acre. Entre os ribeirinhos do Rio Antimary, não encontramos infecções por filárias (até agora). Apenas para retificar ok?
Um grande abraço,
Yara Adami
Prezada Yara,
Obrigado pela informação. Farei a correção. Mas esse achado é, na minha opinião, mas grave pois o rio Acre é muito mais habitado e movimentado que o rio Antimary.
Se voce puder, me envia copia digital do artigo completo pois só tive acesso ao abstract.
Evandro
Olá, Evandro
Passei a minha infância morando em Rondônia. Quando fiz 18 anos voltei para Campinas/SP.
O texto que descreve sobre a nova descoberta é alarmante, já que nesta região a população ribeirinha sofre com a Malária, Febre amarela e outras doenças vinculadas à água. E agora esse parasita, que para complicar, pode causar cegueira.
Estamos às vias de encontrar uma vacina para combater a Malária... E nem deu tempo de comemorar, já temos que nos preocupar com outras doenças.
É desanimador!!!
Parabéns pelo Blog.
Abraços,
Nice.
Bom dia Evandro...
Só para fazer mais uma retificação, sobre os comentários da ATEFAR, nem a nova microfilária e nem a M. ozzardi tem qualquer implicação com cegueira ok? Apenas a O. volvulus (que não ocorre nessa região e sim no extremo norte - na área Yanomami) pode causar cegueira. De fato, os casos de cegueira por essa filária não são comun no Brasil, apenas na África. Aqui, o mais frequente entre os índios é a ceratite punctata. Alguns autores já atribuíram à M. ozzardi a etiologia de lesões oculares, mas até agora, nenhum trabalho foi realmente conclusivo em relação a isso.
Só para tranquilizar.
Um abraço,
Yara Adami
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