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07 janeiro 2009

ONDE FOI PARAR A INDEPENDÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO ACREANO?

Ao ser obrigado a dar posse ao suplente do suplente, poder legislativo do Acre foi humilhado e aceitou com placidez a ingerência do poder judiciário nos seus affairs

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreno

A Mesa Diretora da Assembléia de São Paulo negou posse a um suplente que mudou de partido - um infiél (veja nota abaixo). Ao fazer isso, o legislativo paulista deu um show de competência pois se antecipou a uma decisão judicial que, de uma forma ou outra, consagraria seu ato. Mostrou que seus dirigentes não perdem tempo ou ficam aguardando que a justiça diga quem deve tomar posse. O legislativo paulistano mostrou iniciativa e independência.

Bem diferente do Acre, onde a Assembléia deu posse a um suplente do suplente que não tem legitimidade para assumir o cargo pois antes dele existe um outro que teve mais votos e que foi escolhido pelo voto popular e não pela decisão pessoal, temporária, individual e interpretativa de um desembargador. Uma decisão que todos sabem vai ser cassada no STF ou TSE.

Do episódio ficou a seguinte impressão: a Assembléia acreana esperou até o último minuto que a justiça decidisse quem deveria ser empossado. E ficou no ar a seguinte pergunta:

- Onde está a independência do legislativo acreano?

O legislativo local sequer se antecipou à decisão judicial, expressando publicamente que considerava errada a posse do suplente do suplente. Preferiu calar e ir para a imprensa se 'lamuriar' apenas após a consumação do absurdo, argumentando que fez o que fez porque foi obrigado por decisão judicial.

Optou pela saída mais fácil e evitou a defesa da autonomia e independência do poder legislativo de decidir assuntos que dizem respeito a ele. Deveria ter se espelhado em decisões de legislativos de outros Estado, que não permitiram casos similares ao ocorrido no Acre.

Se o legislativo local era realmente contra a posse do suplente do suplente, deveria pelo menos usar a opinião pública para pressionar o judiciário a transferir para o próprio legislativo ou a justiça eleitoral, a decisão do caso. Com isso o desfecho seria, com quase toda a certeza, outro.

Deveria ter feito como seus pares paulistanos e solicitado um parecer da assessoria jurídica da casa para mostrar à sociedade que a justiça local estaria cometendo erro se desse ganho de causa ao suplente do suplente. Que o TSE e o STF nunca ratificaram a manutenção no cargo de um suplente de suplente.

- Qual o problema de fazer e dar publicidade a isso antes da decisão solitária do desembargador que decidiu o caso?

Este caso do suplente do suplente que terminou abocanhando um cargo de deputado no Acre mostrou o quanto é frágil o legislativo acreano na atual legislatura. O lado bom do caso é que o episódio irá servir como exemplo para os futuros dirigentes daquela casa legislativa.

Seguramente eles não permitirão tamanha ingerência e muito menos a humilhação de ter que dar posse a pessoas que não deveriam. No futuro, antes de aceitar tal humilhação, eles pensarão na independência dos poderes. E lembrarão que, em contexto similar, nunca o legislativo local impôs ou impediu a posse de membros do poder judiciário no Acre.

Crédito da imagem: Assembleia Legislativa do Acre

2 Comments:

Blogger . said...

Ainda bem que a palavra final é sempre do Judiciario, imagine se fosse do Legislativo que é sempre subserviente ao executivo, seja aqui, Amazonas ou governo Federal

07/01/2009, 11:01  
Anonymous Anônimo said...

Na verdade nunca houve indpendencia na Assembleia Legislativa do Acre. Ela sempre foi subserviente aos interesses politicos do governo do estado. CPI´s são abafadas e investigações é motivo de piada, para estes deputados que so sabem dize sim senhor para o governo.

07/01/2009, 14:16  

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