A DITABRANDA
Felipe Mendonça
do blog Picaretas da Távola Redonda
Vejam bem: definitivamente, é tempo de rever conceitos. Acredito que tudo pode receber um determinado olhar a partir de onde e quem está olhando. O tempo é um grande amigo do distanciamento necessário para fazer diversas avaliações sobre episódios históricos e até mesmo pessoais. O calor do momento muitas vezes nos cega e compromete a avaliação no julgamento dos fatos. No entanto, a revisão histórica pode atirar para os dois lados: pro "bem" ou pro "mal".
Um exemplo detestável, ao meu ver, de revisionismo anacrônico está no Editoral da Folha de São Paulo do dia 17 de fevereiro último.
No texto "Limites a Chávez" a Folha, buscando desqualificar de todas as formas a vitória de Hugo Chávez na Venezuela no último referendo, apela ao chamar o período de Ditadura Militar no Brasil de "ditabranda". O trecho do texto é o seguinte:
"Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente."
Ai eu pergunto: num período onde houve um Golpe Militar que derrubou um governo eleito democraticamente, de cassações de representantes eleitos segundo as regras democráticas, fechamento do Congresso, suspensão dos direitos individuais, tortura e morte de centenas de opositores a opressão, exilio e outros desmandos, o que precisa mais pra que uma "ditabranda" configure-se como um ditadura?
E não termina aí... A partir de reações furiosas dos leitores do jornal, a Redação da Folha solta a seguinte justificativa:
Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.
Ou seja, a Folha em toda a sua politica editorial tucana-reaça, chama agora a Ditadura brasileira de Ditabranda e justifica sua posição, como se tivesse instituído um verdadeiro ditadômetro para medir os desmandos de um regime de exceção. Precisa matar quantos pra ser ditadura hein?
Com esse papelzinho revisionista barato, a FOLHA recebe o titulo de Picareta da Semana!
SENSACIONAL! Vai direto pro trono!
do blog Picaretas da Távola Redonda
Vejam bem: definitivamente, é tempo de rever conceitos. Acredito que tudo pode receber um determinado olhar a partir de onde e quem está olhando. O tempo é um grande amigo do distanciamento necessário para fazer diversas avaliações sobre episódios históricos e até mesmo pessoais. O calor do momento muitas vezes nos cega e compromete a avaliação no julgamento dos fatos. No entanto, a revisão histórica pode atirar para os dois lados: pro "bem" ou pro "mal".
Um exemplo detestável, ao meu ver, de revisionismo anacrônico está no Editoral da Folha de São Paulo do dia 17 de fevereiro último.
No texto "Limites a Chávez" a Folha, buscando desqualificar de todas as formas a vitória de Hugo Chávez na Venezuela no último referendo, apela ao chamar o período de Ditadura Militar no Brasil de "ditabranda". O trecho do texto é o seguinte:
"Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente."
Ai eu pergunto: num período onde houve um Golpe Militar que derrubou um governo eleito democraticamente, de cassações de representantes eleitos segundo as regras democráticas, fechamento do Congresso, suspensão dos direitos individuais, tortura e morte de centenas de opositores a opressão, exilio e outros desmandos, o que precisa mais pra que uma "ditabranda" configure-se como um ditadura?
E não termina aí... A partir de reações furiosas dos leitores do jornal, a Redação da Folha solta a seguinte justificativa:
Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.
Ou seja, a Folha em toda a sua politica editorial tucana-reaça, chama agora a Ditadura brasileira de Ditabranda e justifica sua posição, como se tivesse instituído um verdadeiro ditadômetro para medir os desmandos de um regime de exceção. Precisa matar quantos pra ser ditadura hein?
Com esse papelzinho revisionista barato, a FOLHA recebe o titulo de Picareta da Semana!
SENSACIONAL! Vai direto pro trono!
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