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23 março 2009

ÁGUA: CLASSIFICAÇÃO TEM QUE SER REGIONALIZADA

Pesquisadores do Inpa vão propor aos órgãos ambientais uma classificação específica para a água da bacia amazônica, que respeite as características regionais. Classificação atual é baseada em rios do Sul e Sudeste

Elaíze Farias
Da equipe de A CRÍTICA

[Hillândia Brandão da Cunha alerta que modelos de classificação existentes são baseados nos rios do Sul e do Sudeste]

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) vão propor aos órgãos ambientais um tipo de classificação específico para a água da bacia amazônica e que respeite as características regionais.

Segundo a chefe do Departamento de Clima e Recursos Hídricos do Inpa, Hillândia Brandão da Cunha, os modelos formulados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) são baseados em características dos rios do Sul e do Sudeste e não poderiam ser aplicados para a região amazônica.

Um exemplo da discrepância refere-se ao cálculo do PH (acidez natural) da água. Enquanto pela resolução do Conama um PH natural varia entre 6 e 7, o PH das águas da bacia do rio Negro são em média 3,5 e 5. Um modelo mal aplicado poderia provocar distorções, como é o caso do Igarapé do 40. Segundo Hillândia, o 40 tem o nível de PH 6. Pelo parâmetro do Conama poderia ser considerado limpo, mas ela salienta que o igarapé está poluído e degradado.

“A resolução do Conama foge das nossas características. Um PH ideal de 6 a 9 poderia ser classificado de água classe 1, de recreação ou para consumo. Mas sabemos que nossos igarapés estão totalmente modificados, degradados. Por isso a gente propõe um novo tipo de classificação”, disse.

A proposta ainda está em fase inicial e deve ser apresentada a órgãos ambientais do governo do Estado e do Governo Federal.

Segundo Hillândia, também pode ser transformado em legislação ambiental no âmbito municipal e estadual. Ela lembra que a Lei 712 de 2001, que disciplina a política estadual do Estado do Amazonas ainda não foi implementada por falta de estudo e um dos motivos é a ausência de um modelo de classificação da água da região.

A idéia dos pesquisadores do Inpa é estudar “sítios amostrais” de 15 rios da bacia amazônica no Estado do Amazonas e Pará, entre eles o Solimões, Javari, Içá, Jutaí, Juruá, Japurá, Solimões, Purus e Uatumã. Entre os objetivos do projeto estão avaliar as características físicas, químicas e biológicas de diferentes tipos de rios, elaborar um banco de dados hidroquímicos dos rios da bacia amazônica, estabelecer limites de variação para os parâmetros avaliados e comparar padrões.

Foto: Juca Queiroz/A Crítica