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24 março 2009

O ESCANDALOSO PREÇO DO CIMENTO NO ACRE

"Ele lembra que no início do segundo semestre do ano passado o preço do cimento chegou a R$ 25 nas lojas e, a R$ 20 na fábrica, tirando o sono dos empreiteiros. Hoje, o valor baixou e está em torno de R$ 15 na fábrica e R$ 20 nas lojas. O cimento é um grande indicador da construção civil. Com preços baixos as pessoas aproveitam para reformar ou construir, ao mesmo tempo em que fomenta a compra de outros materiais".

Luiz Carlos Richter Fernandes, Ppresidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Mato Grosso (Sinduscon/MT), em entrevista ao Diário de Cuiabá, Edição nº 12372 de 22/03/2009.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Enquanto isso em Rio Branco...nossa capital, o preço da saca custa no mínimo R$ 31!

Isso significa que entre a fábrica de cimento mais próxima, localizada em Nobres, cercanias de Cuiabá, e nossa cidade, o preço dobra, duplica, aumenta 100%, ou qualquer outro adjetivo do gênero.

E qual a justificativa para isso? É apenas o frete? Duvido muito.

Vamos fazer uma conta 'por cima' para mostrar o absurdo.

Uma carreta com 40 toneladas transporta 800 sacas de cimento. Se ele for comprado na porta da fábrica, custa, segundo o empresário cuiabano R$ 15. Portanto, sem imposto, a carreta carregada custará R$ 12 mil. Se o ICMS sobre o cimento for o mais alto, por volta de 25% (não tenho certeza), deve-se acrescentar mais R$ 3 mil à carga, fazendo um total, antes da inclusão do frete e do lucro do revendedor no Acre, de R$ R$ 15 mil.

Considerando que o menor preço da saca em Rio Branco é R$ 31, a vista, em dinheiro (porque se for no cartão de débito ou parcelado, passa para R$ 36!), o valor final da venda da carreta em Rio Branco chega a R$ 24,8 mil. Ou seja, 'sobra' R$ 9,8 mil para o empresário pagar o frete e incluir o seu lucro. Dá cerca de R$ 12 por saca.

Ontem fui comprar o 'pó precioso' na loja que vende cimento mais barato em nossa cidade, que fica na Vila Ivonete, e questionei a razão do cimento não ter caído de preço no Acre, já que baixou em Cuiabá, conforme lí na matéria do Diário de Cuiabá. Sabem o que o vendedor disse? Que o 'problema' é que quando o caminhão chega no posto da Tucandeira, o ICMS 'cai em cima do preço', fazendo ele aumentar (?!?!)'. Todo mundo sabe que se o imposto não fosse cobrado na divisa do Acre, o preço seria o mesmo e o 'extra' iria para o bolso dos empresários.

Não adiantou barganhar, chorar. O menor preço para as 40 sacas que eu precisava era R$ 31,50, se eu falasse com o gerente e ele concordasse. Para obter desconto, é uma questão de simpatia e amizade. E se você vai comprar 5-10 sacas, esqueça o desconto.

Cimento e combustível no Acre são produtos que enriqueceram muitas pessoas, com ou sem sonegação de impostos. E faz tempo que isso acontece e nenhum governante ataca o problema para acabar com essa pouca vergonha.

Binho, reduz o ICMS do cimento! Faz alguma coisa para aumentar a concorrência no ramo da comercialização de cimento no Acre!

Que tal permitir que particulares, donos ou não de caminhões, possam ir a Porto Velho trazer cimento barato para vender no mercado local?

Você pode até cobrar imposto dessas pessoas lá na Tucandeira, mas vai ver que o preço de venda vai ser menor ou igual ao cobrado pelos 'barões do cimento' locais. Mais oferta significa mais concorrência e menor preço. Mais venda significa também mais imposto arrecadado. O cofre do governo só tem a ganhar! Mais empregos serão gerados. Todo mundo ganha!

E a tal integração com o Peru, onde sobra cimento. Porque não incentivar a importação do nosso vizinho?

Veja que no Acre nem loja de fábrica vende cimento barato. Os preços são cartelizados, igualados - com diferenças de centavos. Então a solução é concorrência.