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04 março 2010

ACRE: A OPOSIÇÃO QUE O COMUNISTA PEDIU A DEUS

"Não sei se foi reza das boas ou merecimento por obras na terra, o fato é que o deputado Edvaldo Magalhães foi atendido pelos céus. A oposição caminha para lhe dar de mão beijada um mandato de oito anos no Senado Federal, aquele lugarzinho em Brasilia que segundo o senador potiguar Agenor Maria “é melhor do que o céu, porque nem é preciso morrer para estar nele”

Valterlúcio Bessa*

Sou do tempo em que comunista tinha que ser ateu. Afinal, como escreveu Marx em 1844, “a religião é o ópio do povo”, e os comunas tinham que estar bem sóbrios para realizar a luta do proletariado. Quem queria ficar chapado recorria ao cigarrinho do demônio. Mas, como “todo cambia”, comunista hoje em dia pode ser o que quiser. Latifundiário, operário, servidor público, empresário, construtor... por que não religioso? No Acre, então, pode ser até pastor protestante.

Não sei se foi reza das boas ou merecimento por obras na terra, o fato é que o deputado Edvaldo Magalhães foi atendido pelos céus. A oposição caminha para lhe dar de mão beijada um mandato de oito anos no Senado Federal, aquele lugarzinho em Brasilia que segundo o senador potiguar Agenor Maria “é melhor do que o céu, porque nem é preciso morrer para estar nele”.

Desde que a Marina decidiu tomar outro rumo e não se candidatar à reeleição, a sua vaga ficou por assim dizer, ao alcance de todos, já que a outra tem dono – Jorge Viana. Na oposição, Fernando Lage, Sérgio Barros, Petecão, Geraldinho Mesquita, João Correia e Marcio Bittar de um modo ou de outro se posicionaram em relação à disputa desta vaga. Na situação, Edvaldo Magalhães tomou a dianteira, Fernando Melo foi enquadrado e saiu da raia. Resultado: A FPA que tem o governo do estado, a prefeitura da capital e uma hegemonia de 12 anos na política acreana tem apenas dois candidatos para duas vagas. A oposição, que perde uma atrás da outra, tem seis candidatos para uma vaga. Genial, não?

Nem que fosse dado à FPA equacionar as variáveis na oposição, o resultado seria tão favorável a si mesma quanto este montado por seus adversários.

Por que isso acontece? A tentação é recorrer a Freud mesmo. Mas, não sendo psicanalista, diria que em barco sem capitão todo marinheiro quer pegar no timão. Em viagem sem rumo, sem carta e sem comandante, como é previsível, o barco naufraga levando todos ao fundo. É do mar.

* Engenheiro Agrônomo e Mestre em Economia Rural, Ex-Secretário de Finanças da Prefeitura Municipal de Rio Branco