CAJUÍ (ANACARDIUM GIGANTEUM)
Você teria coragem de matar um?
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
As fotos que apresento aqui são a minha homenagem a essa velha companheira de passagem.
Foram mais ou menos 28 anos - mais da metade de minha vida - passando ao lado dela, no meu caminho para o Parque Zoobotânico da UFAC.
Ela germinou e cresceu de forma discreta na margem da estrada Dias Martins, exatamente atrás da casa do falecido Carlos Airton, sobrinho do ex-governador Romildo Magalhães.
Quem primeiro alertou sobre a presença nobre dessa árvore no local foi o ex-Diretor do INPA, Dr. Wawick Kerr, no iníco dos anos 80.
Ele ficou tão empolgado com a descoberta que fez questão de levar pessoalmente o então Reitor da UFAC para ver a planta e alertá-lo do inusitado que foi, para ele, encontrar em uma área urbana da Amazônia, uma espécie nativa da floresta.
E tudo mudou para sempre em menos de 5 minutos.
Esse foi o tempo necessário para a destruição irremediável de um pé de cajuí (Anacardium giganteum), uma árvore nativa da Amazônia, parente do cajueiro cultivado (Anacardium occidentale).
Uma história de mais de 50 anos testemunhando gente que ia e vinha, sol, poeira, lama. Até tentativa de assassinato e suicídio ele testemunhou silenciosamente.
Mas toda essa trajetória veio abaixo em meros 5 minutos.
No começo de janeiro desse ano um ser humano, desses que não tem a menor idéia por que e para que vive, cometeu uma barbaridade. Descritível - pelas fotos -, mas indesculpável pelo resultado de sua ação.
Não satisfeito de apenas ter que podar os galhos mais altos da árvore que estavam tocando a rede elétrica - a árvore estava lá antes da instalação da rede elétrica, diga-se de passagem -, o 'corajoso' usou uma motosserra para derrubá-la de uma vez por todas e resolver, também de uma vez por todas, um problema para ele e para a empresa que trabalha: evitar podas recorrentes.
- Agora quero ver eu ter que voltar aqui para te podar novamente, ele deve ter pensado ao ver a indefesa planta espalhada pelo chão.
Nem o fato do cajuí estar em plena floração e com frutos novos - o que agrava o ato - demoveu o autor da barbárie de cometer seu ato ensandecido [As fotos de frutos e flores que ilustram este post foram feitas de ramos colhidos da planta destruída].
Muito menos o alerta que nosso colega, João Bosco, do INPA-ACRE, tinha feito pela manhã para ele não destruir a planta. Até então, apenas os galhos haviam sido podados. O tronco ainda estava de pé e iria rebrotar com toda certeza. De nada adiantou. A tarde o 'serviço' foi terminado.
Sem querer ser racista - no tocante às árvores -, mas mais a frente, uns 200 metros, o responsável pela destruição do cajuí poupou uma mangueira e vários pés de sabiá, uma planta usada como cerca viva e que se regenera que nem erva daninha.
Não nos conformamos. Fizemos denúncia junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e deu resultado.
A empresa responsável pelo crime ambiental foi multada e fui convidado pelo secretário, Arthur Leite, a prestar mais esclarecimentos.
Mais feliz fiquei ao constatar que nossa imprensa valoriza denúncias desse tipo.
A TV Acre (Globo, canal 4) fez uma matéria sobre o assunto. E recebemos muitos feedbacks de telespectadores indignados.
Alguém ai conheçe outro pé de cajuí cultivado na área urbana de Rio Branco?
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
As fotos que apresento aqui são a minha homenagem a essa velha companheira de passagem.
Foram mais ou menos 28 anos - mais da metade de minha vida - passando ao lado dela, no meu caminho para o Parque Zoobotânico da UFAC.
Ela germinou e cresceu de forma discreta na margem da estrada Dias Martins, exatamente atrás da casa do falecido Carlos Airton, sobrinho do ex-governador Romildo Magalhães.
Quem primeiro alertou sobre a presença nobre dessa árvore no local foi o ex-Diretor do INPA, Dr. Wawick Kerr, no iníco dos anos 80.
Ele ficou tão empolgado com a descoberta que fez questão de levar pessoalmente o então Reitor da UFAC para ver a planta e alertá-lo do inusitado que foi, para ele, encontrar em uma área urbana da Amazônia, uma espécie nativa da floresta.
E tudo mudou para sempre em menos de 5 minutos.
Esse foi o tempo necessário para a destruição irremediável de um pé de cajuí (Anacardium giganteum), uma árvore nativa da Amazônia, parente do cajueiro cultivado (Anacardium occidentale).
Uma história de mais de 50 anos testemunhando gente que ia e vinha, sol, poeira, lama. Até tentativa de assassinato e suicídio ele testemunhou silenciosamente.
Mas toda essa trajetória veio abaixo em meros 5 minutos.
No começo de janeiro desse ano um ser humano, desses que não tem a menor idéia por que e para que vive, cometeu uma barbaridade. Descritível - pelas fotos -, mas indesculpável pelo resultado de sua ação.
Não satisfeito de apenas ter que podar os galhos mais altos da árvore que estavam tocando a rede elétrica - a árvore estava lá antes da instalação da rede elétrica, diga-se de passagem -, o 'corajoso' usou uma motosserra para derrubá-la de uma vez por todas e resolver, também de uma vez por todas, um problema para ele e para a empresa que trabalha: evitar podas recorrentes.
- Agora quero ver eu ter que voltar aqui para te podar novamente, ele deve ter pensado ao ver a indefesa planta espalhada pelo chão.
Nem o fato do cajuí estar em plena floração e com frutos novos - o que agrava o ato - demoveu o autor da barbárie de cometer seu ato ensandecido [As fotos de frutos e flores que ilustram este post foram feitas de ramos colhidos da planta destruída].
Muito menos o alerta que nosso colega, João Bosco, do INPA-ACRE, tinha feito pela manhã para ele não destruir a planta. Até então, apenas os galhos haviam sido podados. O tronco ainda estava de pé e iria rebrotar com toda certeza. De nada adiantou. A tarde o 'serviço' foi terminado.
Sem querer ser racista - no tocante às árvores -, mas mais a frente, uns 200 metros, o responsável pela destruição do cajuí poupou uma mangueira e vários pés de sabiá, uma planta usada como cerca viva e que se regenera que nem erva daninha.
Não nos conformamos. Fizemos denúncia junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e deu resultado.
A empresa responsável pelo crime ambiental foi multada e fui convidado pelo secretário, Arthur Leite, a prestar mais esclarecimentos.
Mais feliz fiquei ao constatar que nossa imprensa valoriza denúncias desse tipo.
A TV Acre (Globo, canal 4) fez uma matéria sobre o assunto. E recebemos muitos feedbacks de telespectadores indignados.
Alguém ai conheçe outro pé de cajuí cultivado na área urbana de Rio Branco?
3 Comments:
Olá meu nome e Paulo, sou acâdemico de biologia, em Boa Vista/RR estive lendo a história contada pelo Ph.D Evandro Ferreira sinceramente esse CARA que cortou o Anacardium Giganteum deve ser um tremendo louco, e foi pouco a enpresa ter pago apenas uma simples multa , deveria ser extinta do planeta terra. Abraços ao Senhor Evandro Ferreira.
Caro Evandro, é lastimável o corte dessa árvore... Eu, particularmente já tomei muito suco desses cajus, "delicioso", parabéns por esse artigo, na verdade uma denúncia. Nem precisa ser doutor para entender que dependemos das plantas para viver. Sou pedagogo e tenho como hobby plantar, cultivar e enxertar. Tenho, inclusive, um novo enxerto entre cajuí (cavalo) e caju anão precoce (cavaleiro). Sou acriano. Abraços!
Caro Evandro, é lastimável o corte dessa árvore... Eu, particularmente já tomei muito suco desses cajus, "delicioso", parabéns por esse artigo, na verdade uma denúncia. Nem precisa ser doutor para entender que dependemos das plantas para viver. Sou pedagogo e tenho como hobby plantar, cultivar e enxertar. Tenho, inclusive, um novo enxerto entre cajuí (cavalo) e caju anão precoce (cavaleiro). Sou acriano. Abraços!(Prof. Diniz)
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