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17 outubro 2011

ACRE: O FUTEBOL DOS 'SEM NOÇÃO'

"O envolvimento desastroso do Rio Branco Futebol Clube em fatos extra-campo relacionados ao campeonato nacional da série C reforça a impressão de que no campo futebolístico tudo é possível no Acre".

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Todo mundo sabe que ao recorrer à justiça comum para garantir a continuidade de sua participação na série C do campeonato brasileiro de futebol, o Rio Branco Futebol Clube vai colher como resultado uma pena drástica por parte da CBF: exclusão por dois anos de todas as competições organizadas pela entidade.

O envolvimento desastroso do clube acreano em fatos extra-campo relacionados ao campeonato nacional desse ano reforça a impressão de que no Acre pode acontecer de tudo quando o assunto envolve futebol.

Primeiro uma promotora de justiça terminou por chamar para si os holofotes da imprensa ao apoiar a interdição do estádio Arena da Floresta, que foi considerado uma praça esportiva sem as mínimas condições de receber espetáculos futebolísticos.

Os maiores prejudicados foram os torcedores acreanos e o Rio Branco Futebol Clube. Quanto à promotora, o assunto rendeu. Ela até foi destaque no jornal Folha de S. Paulo. E aproveitou a rara e talvez única oportunidade que terá na vida de aparecer em um diário de circulação nacional para deixar claro que está no Acre apenas por questões profissionais.


Zelosa com o estádio Arena da Floresta, a referida promotora deveria ter visitado, antes de ter apoiado a interdição da praça esportiva acreana, os chiqueiros travestidos de arenas de futebol espalhados pelo Brasil. Apenas para citar alguns: os estádios do Payssandu, do América de Natal, do Águia de Marabá e do Luverdense-MT. Nenhum deles chega 'aos pés' da Arena da Floresta acreana quando se avaliam os quesitos relativos à segurança, conforto e qualidade das instalações para torcedores e atletas.

No lugar de se esforçar para interditar o estádio Arena da Floresta, a promotora deveria agir para impedir que o estádio da Federação Acreana de Futebol, localizado na estrada da floresta, venha a ser usado em competições oficiais.

Onde já se viu erguer uma praça esportiva para mais de 5 mil espectadores sem disponibilizar espaço para estacionamento?

Por acaso os torcedores vão estacionar seus veículos e motos ao longo da estrada que passa em frente ao estádio correndo o risco de acidentes?

E o que dizer do nome do estádio: Florestão "Antonio Aquino Lopes", que vem a ser o nome do presidente da entidade e que recebeu a homenagem em vida?

De concreto sabemos que o Florestão nunca vai ser usado em competições da CBF e, portanto, dificilmente será alvo de curiosidade da imprensa nacional.

Depois desse episódio intragável precipitado pela iniciativa da promotora de justiça, temos a atuação errática e literalmente 'sem noção' dos dirigentes do clube acreano.

Dizemos isso porque o Rio Branco Futebol Clube tem participado regularmente das competições organizadas pela CBF e sua diretoria sabe muito bem das regras que regem essas competições. Mesmo assim, nesse ano de 2011 ela tem insistido em recorrer à justiça comum para resolver questões puramente esportivas. Diante disso, que outra impressão que não a de que "eles não tem noção do que estão fazendo" a diretoria passa para torcedores e simpatizantes do clube?


O mais revoltante é que quando o clube for excluído das competições da CBF, fato que se consumará nas próximas duas semanas, a diretoria responsável pela lambança vai se limitar a dizer que “lamenta a decisão da CBF”, “que a CBF está equivocada”, “que a punição foi muito extrema”, enfim, vão colocar a culpa nos outros e afirmar que eles (os diretores do clube) fizeram o que foi possível para garantir a participação do Rio Branco na competição. Vai ser um acinte à nossa inteligência.

É uma pena que torcedores e simpatizantes do clube não possam tomar iniciativas que resultem em algum tipo de punição para esses dirigentes, que com certeza deverão renunciar aos seus mandatos assim que o clube for relegado aos dois anos de ostracismo. Isso vai acontecer porque, como diz o povão, “qual é a graça” de dirigir um clube que não vai poder participar de campeonatos importantes?"

Revoltante não é mesmo! Mas isso tudo é coisa bem brasileira. Afinal, aqui se cometem os maiores absurdos e ninguém é punido. E o futebol não poderia ser um exceção à regra.