A IIRSA RENASCE COM O NOME COSIPLAN
Carlos Tautz*
Blog do Noblat
Em finais de 2011, a União das Nações Sulamericanas (UNASUL) criou o Conselho de Infra-estrutura e Planejamento (Cosiplan) para implementar o seu Programa de Ação Estratégica e construir 31 projetos de infra-estrutura na região até 2022 ao custo de US$ 16 bilhões.
Agora sob a coordenação do Brasil, a Cosiplan reedita a falecida Inciativa de Integração da Infra-estrutura Física Sulamericana (IIRSA), lançada pelo Brasil no ano 2000 e colocada sob coordenação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para disfarçar o evidente desejo brasileiro de ser hegemônico economicamente na América do Sul. E, também, para dar suporte à famigerada Alca, a área de comércio livre que os EUA queriam implantar nas Américas.
A Alca morreu, mas a IIRSA ressuscitou legitimada por uma entidade, a Unasul, que se diz autônoma dos EUA, e ancorada na vontade brasileira se tornar as corporações brasileiras hegemônicas. Tudo com dinheiro público canalizado pelo BNDES, uma vez que o BID não conseguiu tocar aqueles projetos de infra-estrutura de transporte e energia.
O objetivo era, e continua sendo, criar corredores de exportação para os setores de commodities, ampliar a base de exploração de recursos naturais, de mercados de bens e serviços, e harmonizar as normas legais que orientam o comércio sulamericano. Ou seja, para manter exatamente aquele padrão de acumulação concentrador que sempre vigeu na América do Sul.
O plano prioriza quatro projetos de transporte, enquanto coloca em curso as usinas hidrelétricas a serem construídas na selva peruana, fruto do acordo energético assinado em junho de 2010 entre os ex-presidentes Alan Garcia (do Peru) e Lula (Brasil), e a rodovia ligando San Ignacio de Moxos (no departamento de Beni) e Villa Tunari (em Cochabamba), cortando a reserva indígena de Tipnis, na Bolívia.
Nos projetos do Cosiplan, confirma-se a centralidade do BNDES (e por extensão, do Brasil), cuja carteira para a região soma US$ 14 bilhões. Em que pese a retórica de cooperação e integração energética e produtiva, os financiamentos do BNDES priorizam a expansão da economia brasileira, para ampliar as exportações de commodities e a internacionalização de empresas brasileiras do setor, ao passo que os financiamentos do banco aos governos se faz sob a condição de que sejam contratados bens e serviços de empresas brasileiras. As quatro maiores empreiteiras brasileiras (Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Queiroz Galvão) ficam com 80% dos financiamentos do BNDES no exterior.
O Brasil vai assim reproduzindo nos países vizinhos um imperialismo que sofreu dos EUA e da Europa por séculos, mas sempre mascarando suas intenções em retóricas positivas de integração. A prática, entretanto, mostra que os desejos do maior país da região são bem distintos.
Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e Controle Cidadão de Governos e Empresas - www.maisdemocracia.org.br
Blog do Noblat
Em finais de 2011, a União das Nações Sulamericanas (UNASUL) criou o Conselho de Infra-estrutura e Planejamento (Cosiplan) para implementar o seu Programa de Ação Estratégica e construir 31 projetos de infra-estrutura na região até 2022 ao custo de US$ 16 bilhões.
Agora sob a coordenação do Brasil, a Cosiplan reedita a falecida Inciativa de Integração da Infra-estrutura Física Sulamericana (IIRSA), lançada pelo Brasil no ano 2000 e colocada sob coordenação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para disfarçar o evidente desejo brasileiro de ser hegemônico economicamente na América do Sul. E, também, para dar suporte à famigerada Alca, a área de comércio livre que os EUA queriam implantar nas Américas.
A Alca morreu, mas a IIRSA ressuscitou legitimada por uma entidade, a Unasul, que se diz autônoma dos EUA, e ancorada na vontade brasileira se tornar as corporações brasileiras hegemônicas. Tudo com dinheiro público canalizado pelo BNDES, uma vez que o BID não conseguiu tocar aqueles projetos de infra-estrutura de transporte e energia.
O objetivo era, e continua sendo, criar corredores de exportação para os setores de commodities, ampliar a base de exploração de recursos naturais, de mercados de bens e serviços, e harmonizar as normas legais que orientam o comércio sulamericano. Ou seja, para manter exatamente aquele padrão de acumulação concentrador que sempre vigeu na América do Sul.
O plano prioriza quatro projetos de transporte, enquanto coloca em curso as usinas hidrelétricas a serem construídas na selva peruana, fruto do acordo energético assinado em junho de 2010 entre os ex-presidentes Alan Garcia (do Peru) e Lula (Brasil), e a rodovia ligando San Ignacio de Moxos (no departamento de Beni) e Villa Tunari (em Cochabamba), cortando a reserva indígena de Tipnis, na Bolívia.
Nos projetos do Cosiplan, confirma-se a centralidade do BNDES (e por extensão, do Brasil), cuja carteira para a região soma US$ 14 bilhões. Em que pese a retórica de cooperação e integração energética e produtiva, os financiamentos do BNDES priorizam a expansão da economia brasileira, para ampliar as exportações de commodities e a internacionalização de empresas brasileiras do setor, ao passo que os financiamentos do banco aos governos se faz sob a condição de que sejam contratados bens e serviços de empresas brasileiras. As quatro maiores empreiteiras brasileiras (Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Queiroz Galvão) ficam com 80% dos financiamentos do BNDES no exterior.
O Brasil vai assim reproduzindo nos países vizinhos um imperialismo que sofreu dos EUA e da Europa por séculos, mas sempre mascarando suas intenções em retóricas positivas de integração. A prática, entretanto, mostra que os desejos do maior país da região são bem distintos.
Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e Controle Cidadão de Governos e Empresas - www.maisdemocracia.org.br
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